Cada cor, um título

Proposta da última intervenção artística realizada no muro da Biblioteca Municipal é que cada faixa colorida vire um livro personalizado

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A mais recente intevenção da confraria levou cor para o muro da Biblioteca MunicipalA mais recente intevenção da confraria levou cor para o muro da Biblioteca Municipal
A mais recente intevenção da confraria levou cor para o muro da Biblioteca Municipal
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A Rua Moron, entre a Avenida Sete de Setembro e a 15 de Novembro, já não é mais a mesma: no último fim de semana o muro da Biblioteca Municipal se despediu do costumeiro branco e ganhou muitas outras cores. O colorido dá espaço para incentivar a literatura local: cada uma das 185 lacunas que agora estampam o muro deverão ganhar nomes de livros fictícios, sugeridos pelos próprios passo-fundenses. A proposta, sugerida pela Secretaria Municipal de Educação, envolve lançar um questionário público que circula pelas redes sociais para que as pessoas registrem as sugestões que ficarão perpetuadas no muro da Biblioteca. “A nossa proposta é provocar a comunidade a interagir com a obra”, disse o secretário da pasta, Edemilson Brandão. “E também dar a oportunidade para que as pessoas deixem registrado no muro o seu desejo de produção, além de, claro, chamar a atenção para a biblioteca. Muita gente passa na Moron e nem sequer vê que ali está a nossa biblioteca municipal. A revitalização do muro não é só por beleza, mas para incentivar a participação da comunidade neste lugar”, completou ele.

 

Esta é mais uma intervenção da Confraria das Artes - grupo mobilizador que, além do muro da biblioteca - já transformou outros lugares da cidade, como as escadarias da Independência e da antiga fábrica da Brahma, ao lado do Clube Comercial. O projeto, que começou ainda no ano passado, busca trazer uma releitura da cidade. Tudo começou com a aproximação da Confraria na antiga Estação Férrea, onde funcionou, por alguns meses, uma galeria de arte. Recentemente o espaço foi licitado pela Prefeitura para uma empresa privada, que deverá adaptar um estabelecimento gastronômico no local. Ainda assim, a galeria permanece em 70m² do local. “Tivemos todo um processo com a galeria. O fato de não conseguirmos mexer lá dentro motivou a nossa saída para fora, uma expansão. Passamos a enxergar a cidade como uma grande galeria: cada intervenção é uma obra desta grande galeria, que é a cidade”, explicou a coordenadora da projeto Cidade Viva - Arte Urbana, da Confraria, Lindiara Paz. Segundo ela, o ato de colocar cor no espaço urbano faz com que nada passe batido. “O município nunca teve muita cor. Foram feitos os monumentos, as escadarias - mas tudo no cimento bruto. As cores chamam a atenção e geram uma onda de alegria, faz com que as pessoas se sintam bem, que se sintam atraídas para estes lugares”, completou.

 

A cidade vive
Além do muro da Biblioteca, outro local que se prepara para receber a intervenção urbana é a arquibancada na quadra de esportes da Praça Ernesto Tochetto, no centro. Outro local é a praça em frente ao Espaço Cultural Roseli Doleski Pretto, na Avenida Brasil. Até agora, todas as intervenções aconteceram com autorização da Prefeitura, mas sem a presença de um contrato formal, por exemplo. Esta questão, no entanto, pode ser formalizada em alguns meses: a Secretaria de Cultura estuda a construção de um edital para regulamentar as intervenções urbanas em Passo Fundo. O objetivo, como disse o secretário municipal de cultura, Pedro Almeida, é que este movimento sirva para incentivar ainda mais ações do gênero. “O edital pretende que os artistas indiquem um local, que será avaliado por uma comissão, para que possamos validar a proposta. Com o edital formalizado, podemos destinar também algum recurso para estas ações, além de contemplar artistas e lugares de uma forma mais organizada”, explicou ele. No momento, todo o material utilizado para a pintura das intervenções é coletado de maneira voluntária - um pouco de doações, outro pouco de compras em conjunto com os participantes das ações e o poder público, por exemplo.


Autorização
Antes de sair do papel, os idealizadores da intervenção precisam consultar as secretarias responsáveis para que, então, recebam o aval que autoriza a realização da arte no local. “Quando alguém nos procura para isso, procuramos envolver as secretarias responsáveis: se é numa praça, chamamos a Secretaria de Transportes e Serviços Gerais ou a do Planejamento; se é em um ginásio, procuramos a Secretaria de Esportes. Tudo para ver se os locais já não têm algum plano de revitalização, por exemplo. Assim não ficam duas ações paralelas acontecendo ao mesmo tempo sem se comunicar”, explicou o secretário Pedro.

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