Desde o início de 2018 até a última terça-feira (08), o Brasil registrou 10.274 casos confirmados de sarampo. Segundo o Ministério da Saúde, o país enfrenta surtos da doença.Em Passo Fundo, no ano anterior, dos 22 casos suspeitos de sarampo e rubéola, todos deram resultado negativo. Ainda assim, o Rio Grande do Sul registrou 45 casos isolados de sarampo, ficando em quarto lugar no ranking de registros, atrás do Amazonas, com 9.777 casos, Roraima com 355 casos e o Pará com 61 ocorrências.
Os surtos, segundo o Ministério da Saúde, estão relacionados à importação, já que o genótipo do vírus que circula no Brasil é o mesmo da Venezuela, país com surto da doença desde 2017. “O fluxo de indivíduos é uma das principais causas para o surto. Hoje as pessoas viajam muito para outros municípios e acabam esquecendo de fazer as doses recomendadas, então a falta disto acaba deixando elas ainda mais suscetíveis de adquirir a doença”, ressalta a coordenadora do Núcleo de Vigilância Epidemiológica de Passo Fundo , Raquel Schwaab Carneiro.
Em um ano o ministério encaminhou 15,5 milhões de doses da vacina tríplice viral para atender a demanda. A primeira imunização contra o sarampo ocorre aos 12 meses, com a vacina tríplice viral (vacina para sarampo, rubéola e caxumba). Já aos 15 meses, o bebê deve tomar a vacina tetra viral (vacina para sarampo, rubéola, caxumba e varicela). Para adultos e adolescentes de até 29 anos que não foram vacinados ou não tiveram sarampo anteriormente são oferecidas duas doses com intervalo de 30 dias. Pessoas que têm entre 30 e 49 anos podem ser imunizados com uma dose. Todas as doses são disponibilizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Certificado
O Brasil tem até fevereiro deste ano para reverter os surtos de sarampo, sob pena de perder o certificado de eliminação da doença?concedido pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) em 2016. O alerta foi feito pela assessora regional de Imunizações da entidade, Lúcia Helena de Oliveira, durante a 20ª Jornada Nacional de Imunizações, no Rio de Janeiro.Ela lembrou que a Venezuela, de onde veio a cepa de sarampo identificada no Brasil, perdeu seu certificado de eliminação em junho do ano passado.
O critério adotado pela Opas para conferir transmissão sustentada é que o surto se mantenha por um período superior a 12 meses. As autoridades sanitárias brasileiras, portanto, correm contra o tempo, já que os primeiros casos da doença no Norte do país foram identificados no início de 2018.“Sabemos que os casos no Brasil são de importação, lamentavelmente, pelas condições de saúde em que vive a Venezuela. Mas só estamos tendo casos de sarampo no Brasil porque não tínhamos cobertura de vacinação adequada. Se tivéssemos, esses casos viriam até aqui e não produziriam nenhum tipo de surto”, destacou a assessora da Opas.
Dengue
Dos 62 municípios que fazem parte da área de abrangência da 6ª Coordenadoria Regional de Saúde, foram notificados 68 casos de dengue, e destes foram confirmados três ocorrências - Passo Fundo, Carazinho e Não-Me-Toque. O município registrou ainda outros 27 casos da doença, que deram resultado negativo. De acordo com coordenadora, Raquel, a doença foi adquirida em outra cidade, durante período de viagem, e não nas cidades de origem dos indivíduos.
“Além do período de férias, em que as pessoas viajam com mais frequência para outros municípios e podem adquirir a doença, há muita água parada. Nós tivemos uma semana de chuva intensa, e muitas pessoas acabam guardando a água para reaproveitar, só que às vezes se esquecem de tampar a caixa ou deixam muito tempo parado, e como sabemos, o mosquito aedes aegypti pode se proliferar”, explica Raquel. Nos primeiros dias do ano, não ocorreu nenhuma notificação de casos da doença na cidade.
Em dezembro, foi assinado pelo Instituto Butantan, com a empresa norte-americana do setor farmacêutico Merck Sharp and Dhome (MSD), o contrato de transferência tecnológica para desenvolvimento e comercialização no exterior de vacina de combate à dengue.A vacina desenvolvida no Institutoé uma grande aposta da saúde em nível mundial, uma vez que está sendo desenvolvida para prevenir os quatro subtipos do vírus da dengue (1,2,3 e 4), relatou a assessoria do instituto. A vacina deverá ser indicada para pessoas de 2 a 59 anos de idade, com eficácia também em pessoas que não tiveram a doença anteriormente. Acordo com empresa americana terá apoio inicial de US$ 25 milhões. Além disso, a garantia da exclusividade no Brasil permitirá que a vacina seja disponibilizada gratuitamente à população brasileira pelo SUS.