OPINIÃO

Teclando

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Nos passos de um olhar

Sábado, no retorno da caminhada ao Boqueirão, em frente à Guaracar atravessei a avenida. Ela corria em sentido oposto e nos cruzamos no canteiro central. O olhar foi forte, pois a gente sente quando um encarar é diferenciado. Mais que um cruzamento de olhares, foi um abalroamento carregado de intenções. A respiração, já bastante exigida, sofreu um baque. Tomei um fôlego, pois a circulação recebeu uma injeção de adrenalina aditivada pela libido. Sorridente, prossegui caminhando e olhando para trás. Ela deve ter ido até lá pelo Secchi e retornou. Parei na esquina e, ardilosamente, calculei o ponto de encontro. Já estava com tudo planejado. Atravessar a rua e dizer alguma coisa. Não sabia exatamente o que, pois nesses momentos o homem é um bicho inseguro. Na frente da Pampa, com muito esforço e desafiando as leis da física, contraí a barriguinha. Ela foi chegando, correndo com elegância e irradiando um encanto contagiante. O enredo estava perfeito, indicando um happy end. Coloquei um pé no asfalto e tentei entrar em cena. Mas ela passou correndo e sequer me olhou. Fiquei estático, pois sabia que não teria pique para alcançá-la e nem fôlego para acompanhar aquele ritmo frenético. A tristeza foi compensada pelo alívio ao soltar a barriguinha comprimida. Segui caminhando na minha cadência indolente, mas acelerei o pensamento. Passou um filme cronológico e até lembrei as vantagens em aproveitar o caixa preferencial. Mas não conseguia me esquecer daquele olhar. O ego fragilizado altera pensamentos, assim surgiu uma hipótese de que o estonteante olhar teria sido meramente um gesto de pena, compaixão. Sei lá? Mas, por via das dúvidas, vou acelerar um pouco mais nessas caminhadas. Afinal, de que adiantam olhares rápidos com pernas lentas?

Estabelecidos
Um pouco antes da recém-restaurada caravela, as barracas de vendedores enfeitam os canteiros. Parece que agora é moda utilizar áreas públicas para se “estabelecer”. Ambulantes, itinerantes ou fixos, usam praças, canteiros, calçadas e as ruas. Vendem quinquilharias, vale-transporte, móveis, coco, abacaxi, milho, bebidas e cachorro-quente. Fazem até espetinhos na rua com direito à fumaça em quem passa. Isso é uma tendência mundial? Consequência do momento econômico? Ou falta de fiscalização? 

Sem tramelas
Domingo almocei no Buon Mangiare do Bourbon. Fiquei feliz por dois fatores que determinam a magnitude das cidades. O primeiro foi ouvir uma cativante música ambiental. Eu disse música! Sim, orquestrada e de excelente qualidade. Coisa de cidade grande. O segundo foi constatar que em janeiro os supermercados não fecharam em nenhum domingo. Também coisa de cidade grande. Qualidade musical e portas abertas engrandecem Passo Fundo. Como é bom viver numa cidade do porte de Passo Fundo. Para pessoas de bom gosto, é claro.

Trilha sonora
Na telona do Cine Pampa o divertido Gene Wilder e a beleza de Kelly LeBrock em A Dama de Vermelho. Oscar de melhor canção original em 1985 para Stevie Wonder: I Just Called To Say I Love You
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