Criado na metade do ano de 2016, o Programa Passo Fundo vai de Bici acumula cerca de 85 mil viagens feitas pelos mais de 25 mil usuários cadastrados. Pouco mais de um ano e meio depois, a redação foi a ciclovia localizada na Avenida Brasil para acompanhar de perto como a população está fazendo uso das bicicletas - a ciclovia possui quatro estações espalhas pela Avenida, tendo início na Praça Teixeirinha, em frente ao Shopping Bella Città, e se estendendo até o Boqueirão, na Car House Toyota. Pedalando junto com os usuários, o percurso começou na quarta estação (Teixeirinha), onde nenhum problema foi encontrado para fazer a retirada do equipamento. Ao mesmo tempo, o açougueiro Thiago de Lima do Amarante também fazia uso das bicicletas, assim como faz constantemente para se dirigir de sua casa, no Bairro São Luiz, para o açougue em que trabalha, no centro da cidade. “Eu uso bastante no meu horário de intervalo no serviço. Eu vou pra casa com elas. Uso desde o começo do ano passado, quando vim pra Passo Fundo. Me ajuda a poupar um bom dinheiro”, comentou.
Seguindo pela ciclovia, a segunda estação (Notre Dame) não contemplava público no momento - assim como bicicletas, onde apenas uma estava disponível. Próximo ao local, o motorista Vanderlei Rossato possui seu ponto de táxi, onde diariamente observa o constante movimento. Conforme explicou, seja para se divertir ou para poupar um dinheiro no percurso de um trajeto mais longo, os usuários atravessam a ciclovia durante todo o horário de funcionamento do sistema. Nos momentos em que não está no comando do carro, o taxista também arrisca algumas pedaladas pela cidade.
A trajetória prosseguiu e a terceira estação encontrada foi a de número um (Educacional). Nela, o estudante Artur D'Angelo Chagas se preparava para atravessar a Avenida Brasil, trajeto que cumpre seguidamente, e relatou ter encontrados problemas nas primeiras vezes que fez uso do sistema. Há um ano, quando testou as bicicletas, Artur acabou retirando uma sem freio. Na segunda vez, o equipamento apresentava o aro da roda amassado. “Troquei a bicicleta e continuei andando. Às vezes também encontro problemas com o painel, mas é só trocar de posto”, explicou.
Mais problemas também foram encontrados na última estação, número dez (Boqueirão), da ciclovia. Técnico em manutenção, Aldo Amaral andava com o garoto Afonso e encontrou problemas na hora da devolução do equipamento: o sistema informava que a senha inserida era inválida. Com a ideia de que poderia ser um problema na estação, Aldo retornou ao Educacional. Ao tentar fazer o encaixe da bicicleta na estação, o sistema não reconheceu a entrega e o usuário teve seu CPF bloqueado. Quando entrou em contato com a equipe do Passo Fundo Vai de Bici, o usuário não conseguiu ter uma resolução do problema durante a tarde e abandonou o local indignado com a situação. “Não vou usar de novo. Me causou transtorno. Preciso ficar meia hora aqui para tentar desbloquear novamente. Vou ter que ir de ônibus porque não consegui desbloquear a bike. Da próxima vez vou vir de carro”, desabafou Aldo, que havia deixado seu carro de lado para andar de bicicleta com o menino.
Já mais perto do fim da tarde, durante o retorno a estação Teixeirinha, o maior movimento era entre moradores que buscavam se locomover pela cidade. Como era o caso de Patrick de Souza, que utiliza do sistema para chegar ao centro de Passo Fundo. “Tem gente que não valoriza, mas vale a pena. Uso bastante fora da ciclovia. Isso vai de cada um. Mas é preciso saber se cuidar também”, pontuou sobre a utilização, geralmente feita fora da ciclovia. Chegando ao ponto em frente ao Shopping Bella Città, moradores sem o cadastro tentavam fazer a retirada das bicicletas, sem sucesso. “Eu não sei usar. Quero fazer o cadastro e usar para tudo”, contou a estudante Bruna Bueno. O engenheiro civil Gilson Lourenço, que não fazia usado do sistema há algum tempo, encontrou seu CPF bloqueado ao tentar retirar uma bicicleta. “Faz tempo que não pego. Antes usava para atividade física”, abordou.
No mesmo dia, a reportagem também passou por outros dois pontos que não fazem parte da ciclovia: estação nove (Praça Tochetto) e sete (Praça da Cuia). Recentemente chegado de São Paulo, José Ramos passava pela Praça Tochetto para, como faz constantemente, usar as bicicletas como meio de transporte. “É uma iniciativa legal, na verdade inovadora. Além de ser uma iniciativa legal, também contribui com o meio ambiente e facilita o exercício físico. Uso mais para transporte, quando você precisa fazer alguma coisa bem rápido elas (bicicletas) são muito úteis pela facilidade de locomoção no trânsito, além de ajudarem a poupar um bom dinheiro”, elogiou o recém-chegado na cidade. Na Praça da Cuia, nenhuma bicicleta foi retirada no tempo em que a reportagem por lá. Emerson Gomes de Almeida, um dos moradores que passeava pelo local explicou que ainda não caiu no gosto da iniciativa. “Usei uma única vez. Tenho moto e carro em casa. Foi mais por curiosidade mesmo. Pela parte da reportagem, a única dificuldade foi na hora da devolução, onde o encaixe demanda alguma prática.
Estações
Além das quatros estações localizadas na ciclovia da Avenida Brasil e de outras duas nas Praças da Cuia e Tochetto, que foram visitadas pela redação, mais quatro estão espalhadas por Passo Fundo. O Parque da Gare abriga o ponto número nove, enquanto a quinta dispõe de bicicletas na estação Santa Terezinha, próxima a IMED. A terceira opera no Bairro Vera Cruz e a sexta na Brigada Militar, do outro lado da cidade, próxima ao Passo Fundo Shopping. Segundo o Secretário de Esportes de Passo Fundo, Gilberto Bellaver a ideia é expandir mais estações pela cidade, criando uma espécie de círculo.
Projetos
Além da ideia de implementar novas estações, melhoras nas ciclovias também estão na pauta do município. Contudo, Giba acredita que nas ciclovias a questão não é de uma melhora estrutural, e sim comportamental. “As pessoas precisam ter consciência do seu espaço”, pontou. Muitas vezes os pedestres acabam utilizando a ciclovia, da mesma forma que os ciclistas usam da ciclofaixa, o que pode causar acidentes.
Cadastro
A criação da conta é simples e pode ser feita online ou de forma presencial na sede do Passo Fundo Vai de Bici. Para se registrar através do site (pfvaidebici.mobhis.com.br), uma taxa de R$ 1,00 é cobrada para validar o cartão de crédito. Para quem optar pelo cadastramento presencial, todo processo é grátis. Basta se dirigir a sede da entidade, localizada na Rua Independência, 1165, próxima ao Corpo de Bombeiros, com CPF, RG e comprovante de residência em mãos. Após a conclusão do cadastro, as bicicletas podem ser retiradas ou devolvidas em qualquer estação. Para isso, basta digitar o número do CPF, juntamente com a senha cadastrada e o número da vaga da bicicleta. De acordo com o supervisor do projeto, Mateus Machado, por questão de responsabilidade, apenas usuários com idade igual ou superior a 18 anos podem se cadastrar.
Manutenção
Para manter uma boa condição das bicicletas, a equipe do Passo Fundo Vai de Bici realiza um monitoramento diário, durante a manhã, nas dez estações espalhadas pela cidade. Quando uma bicicleta danificada é encontrada, ela é levada para a oficina que funciona ao lado do escritório. Enquanto o equipamento é consertado, uma das doze bicicletas reservas a substituem na estação. “Consertamos umas seis ou sete por dia”, argumentou Luis André Gomes Correa, mecânico responsável pela manutenção. Além da vistoria, existe um sistema que avisa quando a bicicleta precisa de maiores cuidados. Entre os principais efeitos causados pelo uso constante, aparecem em maior quantidade pneus furados e freios danificados. Outro problema recorrente são os aros entortados, mas este, fruto de desaforo. Um fato que deixou de ser comum foi o furto de bicicletas, resultado da instalação de câmeras de segurança. Desde que o coordenador Mateus Machado assumiu, 15 roubos foram registrados. “A maioria foram recuperadas, abandonadas. Fizeram por vandalismo”, informou.
Recomendações
“Quem aprende andar de bicicleta não esquece jamais”. Apesar da frase ser verídica, alguns cuidados são necessários na hora de pedalar. A recomendação é que se use roupas leves para não atrapalhar os movimentos, juntamente com um tênis para evitar quedas. Quanto a faixa etária, qualquer pessoa acima de 18 anos, idade mínima para realização do cadastro, pode praticar o exercício físico. Isso, desde que seja feita uma avaliação médica. “Para quem busca perder peso, exercício aeróbico recomenda-se pelo menos trinta minutos. Mas tudo depende da condição física”, esclareceu Gilberto Bellaver, educador físico e secretário de esportes em Passo Fundo.
Dúvidas frequentes:
Cadastro só é permitido para maiores de 18 anos.
Sistema de compartilhamento das bicicletas fica ativo diariamente das 06h até as 22h.
Tempo máximo de uso é de 2h, sem limite de retiradas por dia, desde que se respeite um intervalo de 15 minutos após cada devolução.
O mesmo usuário não pode retirar duas bicicletas ao mesmo tempo.
Em caso de não ser feita a devolução no tempo adequado, o CPF é bloqueado e o usuário fica impossibilitado de retirar outra bicicleta.
É proibido emprestar a conta para outra pessoa.