Ao acaso, numa banca de revistas, jornais e livros da Alameda Barros em Higienópolis, descobri Dan Franck, escritor e sociólogo formado na Sorbonne e autor do livro “Paris Ocupada” em que narra a dramaticidade que envolveu a ocupação alemã em Paris durante a segunda grande guerra. Agora, leio “Paris Boêmia”, do mesmo autor sobre a revolução anárquica-cultural dos anos 1920-1930. Ali, nas noites de plantão, convivo com Fitzgerald, que estava escrevendo “Este Lado do Paraíso” e “O Grande Gatsby” enquanto Hemingway preparava O Sol Também Se Levanta. É interessante observar as aventuras dos mestres da literatura e pintura criando mesmo sob o estado de quase mendicância porque eram jovens, porque eram anárquicos e libertários – beber muito, biritar, trocar as pernas e sair sem pagar – numa Paris de inverno. Um mundo sem arte não poderia enxergar-se a si próprio. Se por um lado a Arte é nobre, maiúscula, simples e bela, por outro lado, o artista é minúsculo, objeto de desprezo e, frequentemente, de rejeição – assinala Dan Franck. Como sentei, certa feita, naquele bar-café da Recoleta na mesa um, a mesa de José Luís Borges, Carlos Reutemann e Juan Manuel Fangio também tenho vontade de caminhar por Montparnasse e Montmartre, talvez em Saint Denis-des–Près e espaldar do Aux Deux Magots para uma água e um vinho tinto encorpado. Queria me sentir próximo, de alguma maneira desses artistas que emprestaram suas habilidades para construir um mundo que vale a pena viver
Meus filhos vêm dessa efervescência. Georgia, a partir de publicação recente o Clube da Puta, já foi entrevistada até pela Rádio CBN de Minas Gerais. Brevemente estenderá suas experiências e observações para nova obra. Ramon recebeu a distinção de figurar entre os 15 melhores videoclipes independentes no Brasil inteiro no mês de janeiro de 2018 (+ playlist no Spotify) pelo “Último Trem”, da banda Old Dog com a maiúscula participação do ator-diretor-produtor Emiliano Ruschel. Então, sinto-me feliz por contribuir diretamente ou indiretamente para o mundo com a arte.
Estava assistindo no You Tube o gol mais bonito de toda a história do colorado – o gol de Falcão, Escurinho e Figueroa em 1976 contra o Galo. Na narração de Haroldo de Souza cheguei às lágrimas, confesso. Há coisas maiores que secar o adversário como a de render-se ao belo, ao indesmentível. Nesse domingo de 1976 estava na prainha de Ernestina na companhia do saudoso amigo Antônio Marçal Bonorino Figueiredo, companheiro de república e estado de quase mendicância, eu por não ter dinheiro e ele por destinar quase cem por cento de seus provimentos para ajudar a família. O mundo, como a arte, é simples e belo. Nós, é que podendo fazer arte temos tendência a fazer merda ou a tendência de não valorizar o que não tem vinculação com retorno financeiro imediato.