OPINIÃO

Teclando

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Sazonalidade lá

Durante onze anos, morei no litoral catarinense. Quando por lá cheguei, tive que me adaptar a algumas peculiaridades locais. À época, a maioria dos habitantes de Itapema ainda eram os chamados nativos. Logo fui me entrosando ao pessoal, conhecendo costumes e compreendendo algumas tradições. No começo foi muito difícil afinar o ouvido para o sotaque e as expressões manés. Era mais fácil compreender o que falava um argentino do que um pescador. Porém, a maior dificuldade nesta interação ao meu novo meio foi compreender a sazonalidade. Não apenas o simples fato da divisão do ano em alta e baixa temporadas. Lá são considerados três meses de verão e nove meses de inverno. Eram dois mundos distintos, indo de um movimento infernal ao silêncio de uma cidade desértica. Mas a questão sazonalidade é uma resultante puramente econômica. Muitas pessoas e alguns estabelecimentos trabalhavam apenas na alta temporada. Porém, o mais forte era a mentalidade sazonal. De agosto a novembro o assunto era a preocupação em saber como seria a próxima temporada. De dezembro a fevereiro ninguém falava, apenas trabalhavam. E de março a julho todos comentavam como foi a última temporada. A mentalidade sazonal tinha, e ainda carrega, uma expectativa em fazer um pé-de-meia. Lá a sazonalidade é cultural. Invadida por turistas, a pacata vila de pescadores nunca tinha visto tanto dinheiro. Assim, as pessoas descobriram formas para obter uma vantajosa renda extra em poucos dias. Os anos passaram. E as pessoas continuam sonhando com a temporada para se ajeitar na vida.

Sazonalidade cá

Em Passo Fundo não temos o mar. Mas, cada qual a sua maneira, também aproveitamos os nossos períodos de férias. Não ganhamos com veraneio. Gastamos no veraneio. Mas isso não significa que Passo Fundo não viva as suas peculiares sazonalidades. Já nos anos 1970, a cidade era invadida pelos vestibulandos. O vestibular da UPF tinha cinco dias de provas, atraindo candidatos de todo país. Hotéis, restaurantes e bares cheios de gente e noites agitadas. Por aqui também temos as nossas temporadas. Uma delas é a temporada de formaturas, que também movimenta as áreas hoteleira e gastronômica.

Sazonalidade já

Na condição de cidade-polo, Passo Fundo já tem uma importante sazonalidade no calendário. É a temporada da Expodireto, que todos os anos derrama recursos em vários segmentos. O evento gera empregos temporários, lota a rede hoteleira, movimenta bares e restaurantes. Ganham prestadores de serviços, ganha o comércio. Da cerveja ao batom, as vendas aumentam consideravelmente. É a nossa alta temporada. A Expodireto nasceu em Passo Fundo e foi para Não-Me-Toque. Mas o filho que partiu, continua ligado às origens e deixa sempre bons resultados. A feira é na região e Passo Fundo é a cidade grande.

Campo de pouso

Já não estaria na hora de escolher um local adequado, pela altitude e vento predominante, para construção de um campo de pouso?

Trilha sonora

Encontro antológico: MPB-4 e Roberta Sá. Música também antológica, de Miltinho e Paulo César Pinheiro: Cicatrizes

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http://bit.ly/2FcDqgY

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