A cizânia inadiável à viabilidade política do país apresenta-se como abismo, sem lados que o sustentem. Puro espanto é explicar o desplante de um grupo que dirige a nação e ao mesmo tempo em soturna porfia, projeta seu enterro. Expliquemos: Do presidente ao mais singelo assessor, todos aplicam o dedo podre contrariando a expectativa popular mínima, desprezando regras morais ativando o desrespeito à lei. Vejam, por exemplo, a publicação do decreto presidencial de indulto, que contraria totalmente a seriedade exigida nas manifestações populares contra a corrupção. Temer, contrariado, pela decisão liminar do ministro Luís Barroso, recorre da liminar no Supremo, para afrouxar a pena dos envolvidos na Lava Jato. Vejam só! O indulto natalino foi usado para ampliar a leniência presidencial, ajudando criminosos do colarinho branco. Mais uma vez, além da amortização do crime por trabalho escravo, Temer capitaliza para si a gratidão dos malsinados de mãos sujas. Que vergonha! Precisou intervenção de um ministro do STF para barrar a malandragem de Temer. Ele derrubou Dilma e o PT, e daí! Está fazendo pior, justamente quando é necessário respeitar a ira do povo, que clama por punição e justiça! Nem a oposição acende a esperança, neste ano eleitoral. O privilégio do desgoverno promove o ódio da maioria fragilizada. Não há liderança confiável para uma disputa que gere esperança!
Aécio, Lula e Jucá
Salvo manobra inédita o Brasil verá Aécio Neves e o senador Jucá, respondendo por sérias denúncias. De outro lado, fecha-se o cerco pela concretização da prisão de Lula, já condenado. Esses são os momentos inéditos da ação do judiciário, que não pode falhar.
Verdade
Em diversos casos em que a verdade equivale à decisão judicial, a força dos poderosos apresenta-se em forma de ódio. A reação é antiga, desde os romanos: “veritas odium parit” (a verdade gera o ódio).
Joaquim Barbosa
Não há dúvida. Se o PSB contar com o nome de Joaquim Barbosa, concorrendo à presidência ou Senado, poderá fazer a diferença. Diferença no sentido de alguém capaz, acreditado e com posições definidas. O povo saberá avaliar isso. Dizem que o brasileiro não sabe votar. Errado! São os candidatos, via de regra, que não sabem ser candidatos, antes, durante e depois!
Pressão
O ministro Marun em tom de insulto contesta a decisão do magistrado Luís Roberto Barroso e da corte Suprema, na deliberação provisória que exclui condenados por corrupção, dos beneficiários pela lei do indulto presidencial. Ficam raivosos contra ordem que autoriza investigar encastelados do Planalto, especialmente no episódio escandaloso da mala de propina. Marun ameaça propor impeachment contra ministros do STF. De outra banda, tucanos, peemedebistas e petistas mostram-se irados contra o ex-procurador Janot, que os denunciou. Carmen Lúcia e Fachin são pressionados na confirmação de prisão para condenados em segunda instância. Que é isso? Que inversão é essa?
Os poetas
No dia de ontem foi lembrado o dia do poeta, da poesia. Engano dizer que a poesia é secundário instrumento na literatura. Dos atuais autores destacamos a enorme expressão de Chico Buarque denunciando o cruel anonimato do operário, em sua música Construção: “morreu na contramão atrapalhando o tráfego...” Corriqueiramente presenciamos o desdém inculto ao verso, justamente por desconhecê-lo no seu magnífico potencial literário social e humanístico. Castro Alves, utilizando-se do recurso retórico da prosopopéia e prenuncia a Volta da Primavera: “Já viste às vezes, quando o sol de maio/inunda o vale, o matagal e a veiga?/ Murmura a relva: - Que suave raio!/ Responde o ramo: - Como a luz é meiga!” O poeta fala do corpo e da alma ao mesmo tempo, imprimindo quilate à palavra e desafiando consciências.
Mara Duarte
Registramos a colação de grau em Direito da estimada Mara Regina Duarte, filha do compadre Caio Duarte. Parabéns e sucesso na advocacia.