Os dois próximos anos deverão ser de muito trabalho para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o coordenador regional da instituição, Jorge Bilhar, os desafios esbarram em uma possível ‘explosão demográfica urbana’ e questões tecnológicas que ainda têm de ser superadas. “O grande desafio existe em função do crescimento urbano que viemos acompanhando nos últimos anos. A urbanização está muito forte”, disse ele. O êxodo rural é um dos motivos para esta super urbanização. Desta vez, no entanto, tem objetivos diferentes dos de 20 ou 30 anos atrás: o principal palpite é que não apenas jovens, como também idosos acabam migrando para grandes centros em busca de comodidade e fácil acesso a pontos saúde e lazer, por exemplo. “Estamos sentindo que as pessoas não estão mais deixando o interior pelas dificuldades financeiras, mas pela comodidade e qualidade de vida das cidades. Tanto que muitas vezes a produção segue na zona rural, mas a família reside na zona urbana”, completou.
Este posicionamento, que ainda deverá ser confirmado pelo censo, é um dos motivos que poderá fazer com que Passo Fundo demande um índice maior de recenseadores em 2020. Em todo país, pelo menos 220 mil servidores deverão ser contratados para realização do censo. Destes, pelo menos 600 trabalharão só na cidade de Passo Fundo. “Ainda não temos o número concreto de contratação, porque isso depende da atualização cartográfica, de território, do município. Mas podemos adiantar que em 2010 contratamos 800 pessoas para trabalhar nos 26 municípios da nossa abrangência. Na época, só Passo Fundo teve 300 recenseadores. A tendência é que este número possa duplicar em 2020 por conta do próprio crescimento da população”, explicou Bilhar. O recenseador é o profissional responsável pela coleta de dados do Censo. Geralmente tem até 25 dias para entrevistar de 150 a 350 domicílios, de acordo com a área da cidade a qual foi designado. No censo de 2010, apenas bairros considerados “legais” foram abordados: uma lei de 2005, aprovada na Câmara de Vereadores, delimitou os 22 principais bairros da cidade e, com isso, o IBGE conseguiu definir as características e o quantitativo da população de cada um. Nessa época, o trabalho de coleta, que passou por todas as residências da região, foi concluído em cerca de quatro meses.
Tecnologia em foco
Se na década de 1980, o IBGE chegou a levar 10 anos para divulgar um resultado de pesquisa, hoje a realidade é muito diferente. “Tudo está dentro do processo tecnológico. Se não tivéssemos isso, jamais teríamos noção de qual país temos hoje”, pontuou Bilhar. A tecnologia, no entanto, é outro ponto desafiador para o censo 2020. Mesmo mais veloz, os equipamentos que computam os resultados dos questionários ainda precisam de melhorias. “A tendência é que tenhamos um equipamento mais sofisticado”, apontou o coordenador regional do instituto. Hoje o sistema operacional DMC é o responsável por registrar as informações dos domicílios. “É uma tecnologia de ponta, mas pode ser aprimorado. Sua carga dura até um dia e meio e isso é essencial: não tem como parar uma consulta no meio por falta de bateria”, terminou. Todas as informações registradas no momento da entrevista são encaminhadas diretamente ao banco de dados do IBGE, onde permanecem até serem analisadas e publicadas pelos técnicos.
Consulta pública vai até 30 de abril
Outro diferencial do Censo 2020 é a consulta pública, que tem objetivo de captar as principais demandas dos usuários. Até o final de abril, instituições e população em geral poderão opinar sobre qual é o melhor método e que conteúdos deverão constar nos questionários do próximo Censo Demográfico. “É uma maneira de visualizar e opinar sobre os temas que o IBGE deverá abordar no censo de forma bastante democrática”, explicou Bilhar. O questionário - que será respondido por todos os brasileiros em 2020, de norte a sul do país - já começou a ser elaborado pelos técnicos do instituto. “Queremos saber o que as pessoas e, principalmente, as entidades e instituições públicas gostariam de ter conhecimento sobre a população brasileira”, disse. Ele cita um exemplo: em 2010, o IBGE foi questionado por uma entidade de deficientes físicos que gostaria de conhecer melhor sobre o seu público local. “Na época não conseguimos incluir estas questões no questionário, mas agora tudo indica que conseguiremos. Este é o momento para as entidades procurarem o IBGE e darem sugestões. Isso inclui todas as áreas: educação, saúde, mobilidade, comércio, etc. Também precisamos lembrar que o país constrói suas políticas públicas em cima destas informações”, explicou ele.
Censo Agropecuário 2017
De acordo com Bilhar, em breve devem ser divulgados os dados preliminares do Censo Agropecuário. O momento agora é revisão das informações coletadas.