Até o ano de 1969, quando foi oficialmente iniciada a transmissão da Rádio Planalto de Passo Fundo, dia 05 de abril, eram apenas duas emissoras de rádio no município: Rádio Passo Fundo (ZYH – 75) e Rádio Municipal – (ZYU – 38). Além do processo de concessão do canal, sob a liderança do bispo Dom Cláudio Colling, de grande prestígio no governo militar, é importante lembrar a participação da coletividade regional católica. A Diocese de Passo Fundo abrangia enorme extensão territorial, até as barrancas do Rio Uruguai. O surgimento de um canal de rádio prenunciava era promissora para a comunicação e cultura. Desde 1967 mobilizavam-se as paróquias dos confins interioranos para arrecadar recursos. Nas festas de igreja já se sabia que parte da renda destinava-se à instalação da futura rádio. Interessante notar que os propulsores desta cooperação financeira eram justamente pequenos proprietários rurais. Havia a ânsia pela conexão capaz de comunicar pulsando idéias de desenvolvimento cultural e econômico. A questão da terra, com surgimento dos desalojados das áreas inundadas pelas barragens na região, clamava por proteção política e social a uma matriz produtiva genuína. A população urbana não era tão concentrada e as atividades rurais garantiam renda para uma multidão de famílias. Nascia na época a COPREL sinalizando organização social cooperativa para acelerar fornecimento de energia, que era precária nas áreas rurais. Foi minha primeira reportagem externa fora do município, em Ibirubá. A diretoria da cooperativa explicava como seria a formação e finalidade da entidade de fomento. Acredito que esta foi uma forma de expressar a função da rádio, mantendo apoio às iniciativas de interesse coletivo, além da programação constante em conteúdo religioso.
Êxodo rural
Com base no panorama social e fundiário, observamos a necessidade de revisão na estrutura de subsistência rural e a ânsia de uma organização pelo cooperativismo e redistribuição de terras. Ouvia de muitos colonos benfeitores da rádio a angústia por novos espaços para as famílias que cresciam. Algumas acabaram morando nas cidades, disputando emprego. Era tempo de êxodo rural.
Rádio urbana
A implantação de programação moderna e equipe de apresentadores (locutores) jovens com os mais experientes, preservou uma sintonia cativante, especialmente musical entre a juventude. Passo Fundo iniciava como cidade universitária. Era a novidade nos ares da região. O rádiojornalismo sobrevivia em plena ditadura, com muitas restrições. Os redatores e repórteres cometiam, não raramente, ousadias perante a censura. Dávamos trabalho ao diretor Paulo Farina. Mesmo assim era um canal informativo, musical e cultural. Foi um período fecundo de muita vibração e experiência em pouco mais de cinco anos que atuei na Rádio Planalto. Hoje nos cabe cumprimentar direção e funcionários da emissora católica que continua missão importante na comunicação e sua transformação.
Martin esperança
Uma das criaturas mais admiráveis do mundo moderno, o líder negro Martin Luther King, foi assassinado em plena campanha pacificadora em Memphis, Estados Unidos. Sua coragem e grandeza social custaram-lhe o sangue. Mas seu olhar de esperança venceu importante maldade humana dos compatriotas racistas. O apartheid americano impregnava toda a nação que se dizia (mentirosamente) livre e democrática. Sua luta pôs fim ao último elo da corrente escravista legalizado. Martin é mais um nome entre os heróis do novo mundo, ao lado de Mandela e Zumbi dos Palmares. Lá se foram 50 anos e ainda faltam flores para o vergel da nova aurora de compreensão e solidariedade, mas o testemunho de Martin Luther King é a memória que orvalha a esperança matinal cotidiana. Como ele dizia: “I have a dream!”
Precocidade
O trabalho de pelo menos duas ONGs nacionais mostra preocupação com o crescente número de casamentos de meninas ou adolescente. Na maioria dos estados do norte brasileiro o índice atinge 35% dos casamentos. Além da imaturidade dessas meninas, ficou constatado que elas casam com pessoas de relativa posse, movidas por necessidade financeira. É um dos sinais de desvirtuamento familiar.