Hoje, 6 de abril de 2018, são transcorridos 79 anos e 364 dias desde aquele 7 de abril de 1938, que assinala a data de fundação do Grêmio Passo-Fundense de Letras. O sodalício das letras locais, que, a partir de 7 de abril de 1961, passou a atender pelo nome de Academia Passo-Fundense de Letras. Amanhã, portanto, serão cumpridos os 70 e 10 ou, se preferirem, o aniversário de 80 anos da instituição, que é uma das mais antigas do gênero e ainda em atividade no País. Todavia, apesar da fachada imponente da sede na Avenida Brasil Oeste, nº 792, no coração da cidade, construída em 1912, nem todo cidadão passo-fundense conhece ou tem uma percepção bem clara da história e do papel desempenhado por essa octogenária instituição literária no desenvolvimento cultural, social e econômico de Passo Fundo.
Há raízes mais profundas do que a data formal de 7 de abril de 1938. Talvez elas possam ser encontradas no dia 15 de fevereiro de 1883, quando quatro jovens, Gasparino Lucas Annes, Diogo de Oliveira Penteado, Felício Bianchi e Pedro Lopes de Oliveira, decidiram criar o Clube Literário Amor à Instrução, que chegou a contar com 120 associados. O Clube manteve uma biblioteca, com obras em diversas línguas, promovia palestras, debates e saraus. A guerra fraticida, que passou à história com o nome de Revolução Federalista, também contribuiu para a desativação da entidade. Os seus ideais, todavia, permaneceram vivos. Tanto é assim que, quando da criação do Grêmio Passo-Fundense de Letras, em 7 de abril de 1938, lá estavam Gabriel Bastos e Armando Araújo Annes, ex-integrantes do Clube Literário Amor à Instrução.
A decisão de criar o Grêmio Passo-Fundense de Letras aconteceu numa reunião preliminar levada a cabo no dia 31 de março de 1938, sob o comando de Sante Uberto Barbieri. E, no dia 7 de abril de 1938, foi realizada a sessão de fundação do Grêmio Passo-Fundense de Letras, com a eleição da diretoria provisória, cuja presidência coube a Arthur Ferreira Filho.
Uma das primeiras iniciativas do Grêmio Passo-Fundense de Letras foi propor a criação da Biblioteca Pública Municipal. O Decreto nº 6, de 2 de abril de 1940, assinado pelo prefeito Arthur Ferreira Filho, fundador e primeiro presidente da novel entidade literária, criou a Biblioteca solicitada.
No dia 7 de abril de 1961, o Grêmio Passo-Fundense de Letras foi transformado em Academia Passo-Fundense de Letras, sendo, inicialmente, presidida pelo advogado e professor Celso da Cunha Fiori.
Ao longo de sua história, a Academia Passo-Fundense de Letras promoveu concursos literários, publicou anuários e participou ativamente da vida cultural do município. As discussões sobre a implantação do ensino universitário e do movimento tradicionalista gaúcho em Passo Fundo, por exemplo, tiveram início dentro do sodalício das letras locais. Além de ser gestado, nas suas hostes, o Instituto Histórico de Passo Fundo e sido abrigada, na sua sede, até 1973, a Biblioteca Pública Municipal.
Atualmente, a Academia Passo-Fundense de Letras edita a revista Água da Fonte, produz o programa Literatura Local e organiza a Semana das Letras (5ª edição em 2018). A tradição de promover oficinas de criação e concursos literários foi retomada em 2008. São exemplos, o projeto Identificando Talentos e o concurso de 2017, intitulado “O Solidário e Intenso Valmor Bordin”, que homenageou a obra e a memória do médico e escritor local falecido em 2015.
A Academia Passo-Fundense de Letras, indiscutivelmente, tem contribuído para o desenvolvimento e para a formação cultural de Passo Fundo. Tem sido a mantenedora da tradição iniciada por aqueles quatro jovens que, no dia 15 de fevereiro de 1883, fundaram o Clube Literário Amor à Instrução. A sua história, portanto, ultrapassa a marca dos 80 anos de existência, que serão completados nesse dia 7 de abril de 2018. É a continuidade de uma caminhada de, pelo menos, 135 anos de amor à cultura. E mais: nenhuma instituição que não tenha relevância dura 80 anos!
(Texto escrito em colaboração com o acadêmico Paulo D. S. Monteiro)