Não é possível ficar indiferente perante os acontecimentos dessa semana. Assistimos a duelos verbais com cargas de retóricas incompreensíveis para quem não navega no universo jurídico, com exceção do ministro Luís Roberto Barroso que falou aquilo que entendemos, porque está visceralmente exposto na sociedade brasileira, ou seja, a impunidade dos grandes em detrimento da punição aos que não têm grana para bancar advogados caros. Ao enumerar diversos casos de ações protelatórias e prescrições de ações criminais o ministro declarou aquilo que pensamos (há quem diga que jogou para a torcida): queremos outro tipo de sociedade para nossos filhos que não seja a da indevida apropriação do dinheiro público, do favorecimento a políticos safados, do favorecimento a grandes empresas com interesses excusos e a aplicação da lei, referendada pelo próprio tribunal, da prisão ou aplicação da pena tão logo se ache conveniente após a segunda instância do julgamento. Se cadeia vale para uns (pobres, negros, gente da periferia), obviamente deve valer para todos. Se não somos iguais, ou ainda, se não temos direito de sorver todas as benesses que alguns mandatários da república usufruem, que sejamos iguais na cadeia. Os direitos de prerrogativas de proteção devem ser iguais aos deveres de função pública, se não fez nada de errado porque deve-se temer algo. É interessante observar que em todo cara que transgride há uma lógica: ele não fez nada de errado segundo sua consciência, se é que tem uma e se nada fez de errado é, portanto, inocente. Há uma lógica em um assalto, como diz Marcia Tiburi. E sua turma acha que todo inocente deve circular livremente palestrando ao bebeléu para transmitir como é que se enriquece os filhos com dinheiro que não é oriundo do labor. Nós, que de alguma forma contribuímos para eleição de Lula-Dilma-Temer é que somos os verdadeiros culpados e deveríamos estar no xilindró. Aliás, o xilindró aguarda Aécio-Jucá-Renan e outros. Resumo da ópera: a hora é agora, não tem que manter isso aí, como manifestou outro presidente de plantão, como foram também Sarney e Itamar. Pobre de nosso país, tão jovem em sua claudicante democracia e já tão viciada...Cristiane F, 13 anos, drogada e prostituída.
Estou lendo Kraftwerk, Plubikation – A Biografia (David Buckley – editora Seoman) – livro sobre os rapazes de Dusseldorf que construíram a música eletrônica alemão e mundial num pós-guerra de características revolucionárias para o povo alemão. A Alemanha Ocidental tinha em abundância a cultura com C maiúsculo na literatura, teatro, poesia, ópera e música clássica. Então, Ralf Hütter e Florian Schneider e, mais tarde Karl Bartos e Wofgang Flür, inspirados nos experimentos eletrônicos de Karlheinz Stockhausen, criaram nova música, à base de sintetizadores. Era música perfeita, harmônica, organizada como é a Alemanha, não visceral como a de Robert Plant; era o nascimento da música harmônica e perfeita, adorada até pelo mestre da música eletrônica Giorgio Moroder (I Feel Love). Quis o destino que Eduardo Fernandes e eu comprássemos em 1976 o LP Radioactivity e passamos a executá-la nas festinhas tipo reunião-dançante como a música que fechava a festa. Também, fomos os precursores do hit Don´t Let Me Be Misunderstood, do Santa Esmeralda, meses antes de se tornar sucesso na novela O Astro. Mas, isso é outra história. Alemanha, Alemanha...é o 7x1 ficou barato.