Civilidade e lógica
Vivemos um momento delicado na trajetória do país. Há semelhanças e fortes indicativos que rememoram para outras épocas. A semana passada mostrou uma divisão de ideias, dos tribunais às ruas. Nesse momento existe um antagonismo fortificado corroendo amizades e até famílias. Teoricamente seria um fissura ideológica, mas, perigosamente, na prática pode representar um abismo. Os fatores de risco são os extremismos, as informações deturpadas e aquelas ações que sempre ficam por debaixo dos panos. O alvoroço é um sentimento aceitável, um repúdio à corrupção e aos maus cidadãos – políticos ou não. Porém, não podemos abrir as portas para o revanchismo antidemocrático e nem para vinganças carregadas pelo ódio. O sempre salutar civismo, não pode arranhar a intocável civilidade. Pensamentos beligerantes não devem exterminar com a verdade, pois, assim, também aniquilam com a própria sociedade. A mentira é indissociável de um clima de beligerância. Então, antes de tudo, devemos preservar a verdade. Uma tarefa individual que está no bom senso de cada um. Basta discernirmos entre a lógica dos ensinamentos que recebemos e os artifícios manipuladores. A manipulação é o resultado da covardia, apoiada na má-índole da impunidade. A situação exige uma leitura múltipla, desarmada de radicalismos e amparada pela lógica.
Os interesses
Em meio às exteriorizações diretas, subjetivas ou furtivas, fico muito preocupado diante de interesses obscuros. Nesta condição, surgem as articulações empenhadas na geração da instabilidade. É quando a evolução tecnológica transforma-se em instrumento gerador da involução. E, claro, frente à instabilidade, não poderiam faltar os oportunistas de primeira ou de enésima viagem. É nessas horas que eles dão o bote, trocam de barco e garantem um lugarzinho na janela. Também é inquietante quando a maldade fica acima da realidade. Isso ocorre no momento em que a perversidade aparece através da prepotência manipuladora.
Os interésses
O ex-governador Leonel Brizola foi pródigo na escolha de algumas expressões para seus discursos. Considero ‘interésses’ a mais importante. Além de emblemática, é muito abrangente e perene. Observem que nos antagonismos, muito além de ideologias, sempre encontramos jogos de vaidades e de vantagens. Enquanto pronunciava interésses, Brizola alertava sobre egoísmos, politicagens, interferências, roubalheiras, disparates, desníveis etc. Agora, num giro de 360 graus, os interésses estão explícitos e nos permitem uma clara leitura: há interesses.
Decibelímetro
Dia desses, penso ter visto num canteiro da Avenida Brasil um jovem com uma planilha e uma jovem com aparelhinho na mão. Seria um decibelímetro? Sim, aquele equipamento para medir a intensidade do som? Tomara que sim. Mas podem voltar, pois na porta de algumas lojas os alto-falantes continuam reproduzindo uma barulheira irritante. Somente um decibelímetro para salvar nossos ouvidos.
Trilha sonora
A música foi gravada em 1969 pelo grupo inglês The Hollies - He Ain't Heavy, He's My Brother
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