OPINIÃO

Desafio é a produtividade

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Em 2016, 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB), foi destinado a estímulos do emprego e produtividade. Ainda de acordo com o Banco Mundial (BIRD), o Brasil tem gasto muito dinheiro com políticas de apoio a empresas que são, em sua maioria, ineficientes, tais como: isenções fiscais, créditos subsidiados e transferências para setores específicos. O número segundo o Banco Mundial é nove vezes superior ao gasto com o Programa Bolsa Família.


A produtividade é um indicador de eficiência técnica que demonstra como as empresas, indústrias (grupos de empresas no mesmo mercado de produtos), setores (grupos de indústrias) ou o país transforma insumos medidos na produção de bens e serviços. As duas medidas de produtividade mais comuns são: a produtividade do trabalho (PT) e a produtividade total dos fatores (PTF). Embora esses dois conceitos sejam relacionados, eles são, de fato, distintos.


No setor automobilístico, o trabalhador brasileiro médio precisa trabalhar mais de cinco vezes o número de horas que um trabalhador canadense médio trabalha a fim de atingir o poder de compra necessário para adquirir um carro de tamanho médio (Toyota Corolla). Esse exemplo simples ilustra o conceito de produtividade. Quando os trabalhadores produzem mais a cada dia de trabalho - ou levam menos tempo para realizar as mesmas tarefas - a empresa fica mais competitiva. Isso é importante porque a empresa poderá baixar os preços, vender mais produtos e contratar mais trabalhadores, e, com o tempo, pagar salários mais altos.


O mesmo trabalhador canadense no setor automobilístico ganha, em média, mais de US$ 19,00 por hora; no Brasil, seu colega ganha pouco mais de US$ 6,00. Porém, a produção na fábrica canadense é maior e mais eficiente, e, em termos de produção por trabalhador, a fábrica brasileira é mais cara. Para compensar essa diferença - mais os custos de infraestrutura e impostos, os markups decorrentes da falta de concorrência e outros elementos do Custo Brasil - um Toyota Corolla vendido no Brasil custa 75 por cento a mais do que no Canadá. Os salários mais altos e os preços mais baixos deixam os trabalhadores canadenses do setor automobilístico em situação mais vantajosa.


No cerne da produtividade baixa e estagnada do Brasil existe um sistema econômico que desincentiva a concorrência e estimula a ineficiência e a alocação inadequada de recursos. As empresas brasileiras operam em um ambiente de custos elevados. Esses custos elevados, frequentemente chamados de Custo Brasil, são resultado de mercados financeiros ineficientes e taxas de juros altas, um sistema de impostos demasiadamente complexo e oneroso, uma infraestrutura nacional inadequada, um conjunto extenso de regras administrativas e outros desafios inerentes a operações em um país federativo com uma miríade de regras distintas em constante mutação.


Esse fenômeno não é recente; ele remonta, de modo geral, à adoção de políticas de industrialização da década de 1930, baseadas na substituição de importações. Muitos defendem o modelo de desenvolvimento liderado pelo Estado brasileiro, que levou ao rápido crescimento observado durante o meio século após a introdução da política de substituição de importações. No entanto, a fase inicial de crescimento para compensar o atraso no Brasil acabou gerando grandes desequilíbrios macroeconômicos, e caracterizou-se pelo aumento da desigualdade (Soares, 2016).


A produtividade pode aumentar drasticamente com a introdução de um novo conjunto de políticas voltadas para abrir os mercados brasileiros à concorrência, reduzir os custos para fazer negócios, eliminar as distorções induzidas pelo governo e canalizar as despesas públicas para o apoio à inovação e aos ganhos de eficiência.


Quando o Brasil integrará as cadeias globais de valor, para se valer das oportunidades de co-aprendizado e tirar proveito de volumes maiores de vendas e ganhar na economia de escala. Em que momento a sociedade brasileira irá questionar seus lideres para essa necessidade?

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