OPINIÃO

Viracopos

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Interessante e instigante a cidade que escolhi para viver, constituir família e trabalhar. Talvez até para morrer. Há coisas que fluem como a Jornada da Literatura, Festival do Folclore, BsBios, hospitais e toda imensa rede de atendimento à saúde, grande setor de comércio atacadista e do varejo, universidades, centros de ensino, Boka e Natus, entre tanto que se poderia contar. Há coisas, no entanto, absolutamente broxantes como o aeroporto que não anda (e nem voa), como o entrave da Havan num trajeto de regularização enigmático semelhante à instalação do shopping Bourbon, entrave do uber, como o EC Passo Fundo que a cada ano claudica. Diz Valdez Ludwig que é fácil perceber quando um segmento vai quebrar: é quando esse segmento tenta bloquear a entrada de serviços inovadores como, por exemplo, quando as carruagens do Rio tentaram barrar, há mais de cem anos, o surgimento dos automóveis e dos chamados “carros de praça” – taxis e seus choferes. O incompreensível, para mim, é saber a resposta do porque os jogadores que vêm tentar a sorte no gramado do vermelhão jogam mal ou mais ou menos aqui e brilham em outros ares. Interessante que é saber porque não conseguimos eleger deputados federais, como perdemos a instituição do exército, como deixamos fluir entre nossos dedos o grande time da UPF Zamil que encantava o estado há mais de dez anos. Perdemos as melhores casas noturnas da região como Cacimba, Urso Branco e outras que poderíamos citar sem mesmo ter colocado nossos pés ou nossa grana.


Mesmo assim amamos a cidade e seus encantos. Batemos no peito para listar valores individuais que por aqui se projetaram mesmo sem terem nascidos no rincão: Felipão, Daniel, Bebeto, irmãos Pontes, Roberto, Santarém, Carlos Simon, os irmãos Endres, Teixeirinha, Osvaldir e Magrão, Jorge Salton, Manuela Spessatto, jornalista Roberto D’Ávila e até mesmo Jayme Caetano Braun, entre tantos. Há infinidade de políticos que deixaram suas marcas na nossa cidade como Brizola, antecessores de Getúlio. Nossa cidade também apresenta cenas inquietantes como a da revolta dos motoqueiros, como a não permissão da entrada de Luís Inácio e seus quarenta companheiros, como a visita de ser extraterrestre e uma cadela dar luz a gatinhos, sem falar no “cadeirudo” que surgiu num baile de rodeio da Roselândia e que teria valsado com moçoilas alegres.


Nessa rica cultura de histórias e estórias fiquei a pensar no aeroporto de Campinas e ao olhar as instalações do Lauro Kortz. É como se viajássemos no tempo e retrocedêssemos ao tempo das gaiotas que circulavam na Rua do Comércio (Avenida Brasil), ao tempo que churrasqueávamos no Geremias ou na Galeteria do Lago, tomávamos chope no Maracanã e experimentávamos o sanduíche aberto do Gageiro. Acorda Passo Fundo, é tempo de andar para frente.

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