Aqui em Higienópolis acabei de reler a biografia de Tarso de Castro (75 kg de Músculos e Fúria) e percebi que há muitos anos (1973-74) queria ser jornalista combativo tipo Tarso e Carlos Imperial, só que esse, inacreditavelmente, não bebia e não fumava. Tarso foi um furacão, queria que ele não tivesse morrido. Na verdade Tarso não morreu, Mucinho não deixou e nem a gente vai deixar. O jornalismo de Tarso não era para ser amado tal qual o estilo de seu amigo jornalista e compositor Nelson Motta. Tarso está aí através de seu filho João Vicente, conquistando corações e a gente vai no embalo que parece ser nostalgia mas, entendo como resgate, se não histórico, pelo menos de emoções que são importantes e eu vivi.
Há um espanto à cerca de informações de que os generais-presidentes teriam ordenado execuções de militantes comunistas-socialistas que desejavam instalar uma república de teor marxista semelhante às progressistas Cuba e Venezuela. Ora, no Araguaia e no Triângulo Mineiro dos anos 70 execuções ordenadas pelos dirigentes guerrilheiros-subversivos a seus pares estão amplamente documentadas em livros históricos sem teor ideológico. Fidel e Che usaram os mesmos expedientes que Maduro aplica atualmente. Qual é o espanto? Não há inocentes no poder. Sugiro mais leitura e menos elucubrações.
Há tantas coisas que a gente queria e não foi possível; queria ser cientista, jogador de futebol (do Santos e Botafogo dos anos 1960), queria ser goleiro como Gilmar (Santos), Castilhos (Flu), Manga (Botafogo); depois vieram outros craques que iluminaram meus sonhos como Alfredo Domingo Oberti que veio do Newell´s em 1972 para o Grêmio e que além de goleador tinha um indefectível pé esquerdo, assim com outro que queria ter sido como Tadeu Ricci. Depois o meu time teve tantos que queria ter sido. Hoje o time inteiro do Grêmio é admirado, aliás, Romildo é cultuado e pranteamos Fábio Koff, o comandante, que em cuja administração conhecemos o nirvana a ponto de atingirmos espaço entre os grandes do mundo. Um dia, em 1995, quis abraçá-lo no pátio do Olímpico mas, fiquei sem jeito. Abraço-o agora, também sem jeito, em agradecimento em nome de mais de seis milhões de gaúchos.
São Paulo é assim; sexta passearei na Galeria do Rock com meu filho, amanhã tem curso de atualização no Sírio-Libanês, show de Ozzy; domingo tem Corinthians e Palmeiras no Itaquera e teatro com Jô Soares. São Paulo tem tudo e uma impossibilidade: trabalhar e viver simultaneamente. Essas duas condições são absolutamente inviáveis. Ou se trabalha, que é o a maioria faz, ou se vive sem trabalhar, que é que os endinheirados, vagabundos, alternativos ou aposentados fazem.
Queria - música de Carlos Paraná, eternizada na melodiosa voz de Carlos José na década de 1960, ere cantada pela Dona Neca, minha mãe e de outros filhos mais talentosos que eu. Ela, nostálgica, dava permanentemente a impressão da perda de um grande amor. Minha velha era assim, olhar tipo farol baixo, romântica a o extremo e frágil ao ponto de ser tocada por qualquer traço de humanidade. Nós, os filhos, ainda não aprendemos a totalidade das lições diuturnas que ela deixou. Na música de Carlos Paraná, em dado momento, descreve o que me vem “queria que o tempo parasse e que nunca chegasse o dia de chorar”. E era isso, meu pai completaria 84 anos dia 06 de maio e a saudade dói demais. Nesse dia das mães queria te dar um beijo na face e deitar a cabeça no teu colo para ouvir as histórias dos filmes românticos que marcaram tua vida.
Te amo, para sempre, mãe.