Dia do assistente social será celebrado com atividade na UPF

A atividade acontece amanhã (15) às 19h20min, no auditório da Faculdade de Odontologia

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O dia do assistente social, celebrado na terça-feira, 15 de maio, contará com uma atividade especial na Universidade de Passo Fundo (UPF). O curso de Serviço Social, o Núcleo do Conselho Regional de Serviço Social (Nucress) da região do Planalto Médio e o Grupo Ritornelo de Teatro realizam o encontro com o tema “Arte e Serviço Social: escrevendo os 82 anos de história”. A atividade será às 19h20min, no auditório da Faculdade de Odontologia, Campus I.
 
A professora do curso de Serviço Social, Dra. Cristina Fioreze, que é assistente social, mestre em Educação (UPF) e doutora em Sociologia (UFRGS), comentou sobre a importância da comemoração do dia do assistente social, profissão regulamentada no Brasil, que existe há mais de 80 anos. “Talvez não seja a profissão mais glamorosa, nem uma daquelas profissões que as pessoas escolhem por uma questão de status social. Mas é, sim, e cada vez mais, uma profissão necessária em uma sociedade como a nossa, cujos indicadores sociais dão a dimensão de quão agravada é a questão social, a qual constitui a matéria-prima do trabalho dos assistentes sociais”, destaca a professora.
 
A assistente social ressaltou alguns indicadores divulgados em pesquisas recentes, tais como o segundo relatório da ONU, que aponta o Brasil como o 10º país mais desigual do mundo. Conforme pesquisa da Oxfam, no Brasil, os 5% mais ricos têm a mesma renda que os demais 95% da população. Também é o país que mais mata travestis e transexuais no mundo, segundo a ONG Transgender Europe. Uma em cada três mulheres sofreu algum tipo de violência no ano de 2016 no Brasil, diz pesquisa da Datafolha. “Esses dados, entre tantos outros que poderíamos elencar, evidenciam a realidade da grave exclusão social brasileira, isso sem falar da crise política que atravessamos e da onda neoconservadora que vivemos, a qual legitima discursos de ódio ao diferente e de culpabilização dos mais pobres pela sua situação”, enfatiza Cristina.
 
De acordo com a professora, inúmeras vezes, a população comete o engano de julgar essa realidade social de modo simplista e acusador, esquecendo que, em uma sociedade tão desigual e violenta como a atual, as pessoas saem de pontos de partida muito diferentes no jogo da vida. “Os profissionais assistentes sociais, porém, precisam transcender esse olhar simplista. A eles, cabe compreender a realidade social em sua complexidade, ajudando a romper com a reprodução dos pré-conceitos e estigmas, tão comuns em tempos de redes sociais”, comenta a assistente social.
 
Os assistentes sociais, nesse sentido, possuem um conjunto de compromissos éticos, inscritos em seu Código de Ética, dos quais destacam-se a “defesa intransigente dos direitos humanos”, a “defesa da democracia” e o “posicionamento em favor da equidade e justiça social”. “Olhando para esses princípios, podemos dizer que a escolha profissional pelo Serviço Social demanda de nós uma ética do reconhecimento do outro”, enfatiza.
 
Cristina citou ainda os ensinamentos da filósofa Judith Butler no livro “Relatar a si mesmo”, que diz: “Talvez somente pela experiência do outro, sob a condição de termos suspendido o juízo, tornamo-nos finalmente capazes de uma reflexão ética sobre a humanidade do outro, mesmo quando o outro busca aniquilar a humanidade”. E continua falando que “quando suspendemos o juízo, realizamos um tipo de reflexão que possibilita uma maneira de nos tornarmos responsáveis e de conhecermos a nós mesmos”. 
 
Com base nessa perspectiva ética, a professora da UPF comenta sobre a escolha dessa profissão. “É possível afirmarmos que a escolha por ser assistente social é uma escolha que transforma, pois permite o autoconhecimento e, ao mesmo tempo, exige uma postura de responsabilidade e compromisso com o outro”, finaliza a assistente social.
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