Penas ao vento
Meu falecido pai João tinha mania de dizer quando uma coisa não estava bem clara que, “até explicar que focinho de porco não é tomada...o estrago já estava feito”. Casualmente ontem, enquanto a Polícia Federal fazia diligências dentro da Operação Efeito Colateral em residências de médicos e escritórios de contabilidade, além do HSVP, em Passo Fundo, eu tinha acabado de ler uma matéria com o seguinte título: “A Lei é para todos. Só que não”. A matéria do portal The Intercept Brasil conta que jornalistas da VEJA e Folha concluíram, após a leitura das 817 páginas, que compõem o relatório final da Polícia Federal, sobre desvios de verbas na Universidade Federal de Santa Catarina, que não havia nenhum indício e muito menos provas contra o então reitor Luiz Carlos Cancellier. Com a autorização do Ministério Público Federal e da Justiça Federal, o reitor foi preso acusado de obstrução da investigação e de desviar R$ 80 milhões, o que não foi provado. Condenado pela opinião pública e sem ter o direito de entrar na Universidade, Cancellier tirou a própria vida. Uma tragédia imensurável.
Processo legal
O caso envolvendo a Operação Efeito Colateral desencadeada pela Polícia Federal merece todo o cuidado do mundo, antes de fazer qualquer juízo de valores. Primeiro, porque a própria PF está comedida em relação a divulgação das investigações e ela cumpre o papel de investigar. Segundo, é uma investigação que pode concluir que as denuncias não procedem, como aconteceu com o caso da UFSC. Terceiro, precisamos acreditar no devido processo legal e fazer com que ele prevaleça, antes de emitir opiniões descabidas e fazer juízo de valores sem conhecimento de causa.
Mistérios e interesses
Valho-me agora de William Shakespeare: “Há mais coisas entre o céu e a terra, Horácio, do que sonha a nossa vã filosofia”.
Reajuste I
Mobilização dos servidores da Câmara obteve sucesso no reajuste salarial. Mesmo contrariando a decisão da Mesa, houve uma composição e os servidores receberão reajuste de R$ 3,5%, maior do que o praticado pelo Executivo. Também os vereadores terão os subsídios reajustados em 2,84%, depois de dois anos de congelamento. Vereadores Mateus Wesp, PSDB, e Márcio Patussi, PDT, abriram mão do reajuste. Foi a primeira vez em muitos anos, que a Câmara deu um reajuste diferenciado do executivo. Quem vai responder por qualquer apontamento que venha a ser feito pelo Tribunal de Contas do Estado é o presidente do Legislativo, Pedro Danelli, PPS.
Reajuste II
O entendimento é simples: o dinheiro sai de um único caixa e a Fazenda Pública está impedida de dar aumento maior que apenas a reposição. O reajuste concedido para os servidores da Câmara pode ser ser interpretado como aumento real e, talvez, haja apontamento. Danelli, um vereador experiente, sabe que isso pode acontecer e avisou a todos. No entanto, como pimenta nos olhos dos outros não arde, o bom mesmo é fazer o tipo bonzinho, para estourar depois no outro.