OPINIÃO

O Poeta Serrano

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Tenebro dos Santos Moura, no grupo dos poetas gauchescos, quer seja pelo vocabulário ou pela temática que versejou, é o arquétipo do Poeta Serrano. Mas, apesar desse epiteto regional – Serrano – não lhe cabe o rótulo de poeta regionalista. E não lhe cabe esse designativo porque, diferente de outros pretensos poetas, não sucumbiu à tentação de, ao querer tanto ser regional, o ser falsamente. Tenebro soa autenticidade!


Se a condição, para que uma obra seja reconhecida como regional, é que seu autor trate de um tema regional; então a obra de Tenebro dos Santos Moura é regional. Todavia, nela, a paisagem serrana não se justifica por si mesma. Ao contrário, ao fundir o geográfico e o humano da serra gaúcha, o poeta conseguiu expressar, via a sua emotividade criadora, uma nova estética regional, que, por intermédio dos seus versos, ganhou ares de universalidade.


O poeta Tenebro dos Santos Moura, ao versejar sobre a temática serrana gaúcha, não ficou preso ao passado e ao tradicionalismo. Não há, nos seus poemas, excessos de passado e de tradicionalismo de ocasião. Ele não apenas cantou os símbolos e os sentimentos serranos. Ele os vivenciou! E assim, com conhecimento de causa e sensibilidade apurada, o nosso Poeta Serrano por excelência, por meio de versos refinados, pode afrontar o seu presente e vislumbrar futuros.


Tenebro dos Santos Moura nasceu em Palmeiras das Missões no dia 21 de março de 1906. Por contingências do destino, lutou nas revoluções de 1923, 1930 e 1932. E foi em 1930, quando em São Paulo, defendendo a posse de Getúlio Vargas como Presidente da República, que, tomado pelo sentimento de saudade da terra natal, escreveu Palmeira, o seu primeiro poema.


Foi militar, professor, alfaiate e funcionário da Prefeitura Municipal de Passo Fundo. Casou três vezes. Viúvo em dois matrimônios. Pai de 8 filhos. Autor de um livro: QUERÊNCIA.


Na área cultural, Tenebro dos Santos Moura destacou-se como ator de teatro amador, no Grupo Delorges Caminha, fundador, em 1952, e membro, em muitas gestões, da patronagem do CTG Lalau Miranda, poeta, jurado de concursos nativistas e festivais de folclore, funcionário da Biblioteca Pública Municipal e membro da Academia Passo-Fundense de Letras.


Tenebro dos Santos Moura viveu intensivamente, ainda que longe de Porto Alegre, os primeiros momentos do que hoje chamamos de Movimento Tradicionalista Gaúcho, cujo marco zero, apontado por muitos, foi a criação do Centro de Tradição Gaúcha - CTG 35, em 1947, na Capital do Estado. O grupo de jovens que criaram o movimento, sob a liderança de Barbosa Lessa e Paixão Côrtes, compilou uma antologia de poesias crioulas, para peões e prendas declamarem, durante as tertúlias, nos noveis CTGs. Nascia, em 1951, a coletânea As Mais Belas Poesias Gauchescas. Todavia, ainda que, nessa época, Tenebro dos Santos Moura estivesse envolvido com o movimento tradicionalista gaúcho em Passo Fundo, nenhum poema seu foi incluído na aludida antologia. Merecia estar lá, mas não estava. E, se isso serve de consolo, aqueles jovens, por não conhecerem e não por preconceito, literalmente, para estranheza de qualquer pessoa minimamente iniciada em poesia gauchesca, também ignoraram Aureliano de Figueiredo Pinto.


Foi em Passo Fundo que Tenebro dos Santos Moura viveu a maior parte da sua vida. Criou os filhos. Exerceu atividades como funcionário público municipal. Presidiu a Cooperativa dos Municipalistas de Passo Fundo – CAPASEMU. Escreveu poemas e publicou o seu único livro – QUERÊNCIA, com edições em 1985 e 1987. Em reconhecimento, foi agraciado, pela Câmara Municipal de Vereadores, com o título de Cidadão Passo-fundense. E foi nessa cidade que, vitimado por uma parada cardíaca, morreu em 29 de agosto de 1994.


Tenebro dos Santos Moura: O POETA SERRANO, o livro, que será lançado como parte das comemorações da Semana do Município de Passo Fundo, em 2018, é um tributo da Academia Passo-Fundense de Letras à memoria e à obra daquele que, seguramente, foi, e ainda é, o mais importante poeta gauchesco de Passo Fundo.

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