Passo Fundo terá posto do Centro de Valorização da Vida

CVV realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente

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O município de Passo Fundo terá um posto do Centro de Valorização da Vida (CVV). A entidade mantenedora do centro, o Núcleo de Apoio à Vida, foi instituída oficialmente ontem e passará a coordenar e manter as ações do CVV no município. Quando estiver a pleno funcionamento, a central passará a fazer parte da rede de atendimento existente em todo o Brasil, pelo número 188, voltada ao apoio emocional e prevenção do suicídio.


De acordo com dados da Secretaria Estadual da Saúde, Passo Fundo registrou, em 2016, 28 casos de suicídio. Em 2017, foram 30. Neste ano, já são 14. Os números e a falta de ações efetivas de prevenção ao suicídio levaram um grupo de voluntários a buscar o CVV nacional e manifestar o interesse de criar aqui um novo posto. A professora do curso de Psicologia da UPF, Ciomara Benincá, trabalha na área da psicologia da morte e supervisiona estágios, além de trabalhar com prevenção diretamente na comunidade. “Temos percebido aumento da incidência de casos de suicídio na cidade e por isso nossa preocupação em trazer o CVV pra cá, porque Passo Fundo é um centro cultural, educacional e médico que não tinha ainda nenhuma ação efetiva de prevenção, a não ser a lei municipal que institui o dia 10 de setembro como dia de prevenção do suicídio”, enfatiza


No Brasil
Diariamente no Brasil 32 pessoas tiram a própria vida. São 960 casos por mês e mais de 11 mil no ano, conforme estimativa do Centro de Valorização da Vida (CVV). De acordo com o Coordenador Nacional de Expansão do CVV, João Régis da Silva, destes números cerca de 10 a 15% não são notificados, pois são tratados como acidentes. “ Em 2017 o CVV fechou o ano com 2 milhões de atendimentos por meio do número 188, ligação gratuita 24 horas.  Diariamente são 7 mil ligações. Parece pouco, mas são 2 milhões de pessoas em um único ano que receberam nosso apoio, compreensão e disponibilidade de falar sobre o sentimento de cada um”, relata o coordenador.


O Centro de Valorização da Vida atua há 56 anos e está presente em mais de 90 municípios brasileiros. “O CVV é muito importante para nosso município, pois vem para que as pessoas possam ser ouvidas”, explica uma das voluntárias e professora do curso de Psicologia da IMED, Vanessa Domingues Ilha. A IMED disponibiliza ao grupo a infraestrutura da instituição para a realização de encontros e divulgação das ações. “O espaço da IMED será utilizado para capacitações e reuniões. A direção se comprometeu em auxiliar também nos materiais de divulgação, tais como como cartazes e folders”, explica a professora Vanessa.


De acordo a Delegada Daniela de Oliveira Minetto, titular da Delegacia Especializada em Homicídios e Desaparecidos da Polícia Cívil de Passo Fundo, sempre que há casos de morte violenta a polícia tem que ser notificada, pois a partir da análise do local do crime e do perfil da vítima é que será constado se foi suicídio. “O núcleo do CVV para nosso município é extremamente importante, pois iremos buscar através desta ação a redução dos índices de suicídio por meio da ajuda e auxílio que os voluntários oferecem”, enfatiza a Delegada.


O Coordenador Nacional de Expansão do Centro de Valorização da Vida, João Régis da Silva, explica que os fatores que levam uma pessoa a tirar à própria vida estão relacionados a dor do sofrimento. “Ninguém quer morrer e nós queremos amenizar a dor das pessoas através da conversa. Falando com o CVV os voluntários irão compreender, respeitar e aceitar para ajudar a encontrar a saída”, comenta.
O encontro realizado na manhã desta segunda-feira na IMED reuniu professores, alunos do curso de Psicologia e representantes de órgãos de segurança pública.
 
Parâmetros
O grupo idealizador é formado ainda por profissionais voluntários de diferentes áreas, que não apenas a da saúde. O funcionamento do CVV em Passo Fundo seguirá os parâmetros nacionais. O número 188 é totalmente gratuito. Quando a pessoa liga para este número a ligação pode ser direcionada para qualquer uma das mais de 90 centrais de atendimento de todo o Brasil. A metodologia garante o sigilo e o anonimato total de quem busca o serviço. “Quando a pessoa liga, ela não sabe em qual local do país ela vai ser atendida. São mais de 90 postos. O atendimento não é regionalizado. A intenção é garantir o sigilo e o anonimato. Não existe a possibilidade de reconhecer quem está do outro lado da linha e a ligação dura o tempo que for necessário para a pessoa. Os voluntários são qualificados para atender pessoas em situação de crise. Não apenas pessoas que estejam pensando em cometer suicídio, mas alguém que está sofrendo por solidão ou outro tipo de sofrimento”, explica a professora e psicóloga Ciomara.


Trabalho voluntário
Os voluntários que trabalharão no atendimento passarão por um treinamento por mais de dois meses a fim de estarem capacitados para auxiliarem as pessoas que buscam o serviço. Após esse treinamento, há um estágio probatório de 180 dias para que possam então ser incorporados à rede de voluntários. Além do atendimento, todo o trabalho de manutenção do CVV é feito por voluntários, por isso, o apoio da comunidade é fundamental para garantir a continuidade das ações. “É tudo voluntário, não apenas o plantonista, mas precisamos de voluntários para divulgar, para realizar ações de arrecadação de recursos. Precisamos de pessoas que possam ajudar a manter o posto de Passo Fundo”, completa.


O CVV
O CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, email, chat e voip 24 horas todos os dias.


Centro de Valorização da Vida
O Centro de Valorização da Vida, fundado em São Paulo, em 1962, é uma associação civil sem fins lucrativos, filantrópica, reconhecida como de Utilidade Pública Federal, desde 1973. Presta serviço voluntário e gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo e anonimato.


A instituição é associada ao Befrienders Worldwide, que congrega entidades congêneres de todo o mundo, e participou da força tarefa que elaborou a Política Nacional de Prevenção do Suicídio, do Ministério da Saúde, com quem mantém, desde 2015, um termo de cooperação para a implantação de uma linha gratuita nacional de prevenção do suicídio.


Os contatos com o CVV são feitos pelos telefones 188 (24 horas e sem custo de ligação) ou pelo site www.cvv.org.br, por meio do chat e e-mail. Nestes canais, são realizados mais de 2 milhões de atendimentos anuais, por aproximadamente 2.400 voluntários, localizados em 19 estados e no Distrito Federal.


Além dos atendimentos, o CVV desenvolve, em todo o país, outras atividades relacionadas a apoio emocional, com ações abertas à comunidade que estimulam o autoconhecimento e melhor convivência em grupo. 

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