O Hospital São Vicente de Paulo comemora neste dia 24 de junho o seu centenário. Nascido a partir do trabalho do padre Rafael Iop, apoiado por um grupo de católicos Vicentinos, das Zeladoras do Apostolado da Oração, o Hospital veio para no momento em que a primeira Guerra Mundial terminara e quando a população era acometida pela pandemia da Gripe Espanhola. O São Vicente passou a auxiliar e abrigar os doentes em um prédio arrendado na Rua Paissandu, nº 16, em 24 de junho. O nome São Vicente foi dado em homenagem ao santo patrono da Caridade. No primeiro ano, atendei a 76 pacientes. Em 1921, mudou para a Rua Teixeira Soares, endereço onde permanece até hoje. Com o passar dos anos, a procura por cuidados médicos aumentou e a instituição cresceu. Em 1937 foi equiparado aos bons hospitais da capital, com destaque para amplo setor de reabilitação, com aparelhos de eletroterapia, ultravioleta, alta frequência, raio infravermelho, tratamento diatérmico de ondas curtas, aparelho de RX e uma sala cirúrgica.
O atual presidente, Decio Ramos de Lima, emociona-se ao falar da importância do HSVP para as pessoas que buscam a instituição para fazer seu tratamento de saúde. “Para nós, vicentinos, que estamos à frente desde a fundação, o Hospital São Vicente é uma instituição sagrada, por ter uma missão tão nobre e divina, o cuidado com a vida humana. Dentre 45 anos exercendo cargos públicos, nenhum papel me deu tanto orgulho e alegria como ser presidente do Hospital São Vicente de Paulo”, diz.
Referência de atendimento
Hoje, o o HSVP é centro de referência na assistência de alta complexidade pelo Sistema Único de Saúde (SUS), para uma população de mais de dois milhões de habitantes, abrangendo municípios da macrorregião norte e missioneira do estado. As áreas referenciadas são: cirurgia cardiovascular, cardiologia intervencionista, traumato-ortopedia, neurocirurgia, nefrologia, terapia nutricional e transplantes.
Um dos muitos responsáveis por esse crescimento, foi o médico pediatra e atual diretor médico do Hospital São Vicente, Dr. Rudah Jorge, que há mais de 50 anos presta serviços para a instituição. Rudah foi o 40º médico a chegar na cidade e o primeiro pediatra. Na época, no São Vicente tinha 80 leitos e uma sala de cirurgia. Quando Rudah assumiu a direção médica em 1969, tomou junto com os vicentinos e direção, a decisão de tornar 0 corpo clínico aberto. A partir dessa atitude e com o início das atividades da Faculdade de Medicina, houve um impulso no crescimento, tornando o São Vicente o maior hospital do interior do estado, ajudando Passo Fundo a ser um polo em saúde na região Sul. “50 anos depois da minha chegada, Passo Fundo tem 1000 médicos e mais de 700 atuam no HSVP. Há uma diferença enorme da Medicina de quando cheguei e de hoje. Hoje temos CTI’s equipadas e preparadas, pronto socorro, uma estrutura de tecnologia e profissionais, fantástica”, relembra Rudah.
O aprendizado que motiva
A pesquisa e os trabalhos científicos e toda a efervescência dos residentes, estudantes de graduação, nível técnico, pós-graduação, preceptores e professores, fazem parte da história. Com o apoio das Irmãs da Caridade, em 1958 foi fundada a Escola de Auxiliares de Enfermagem, hoje, Escola de Educação Profissional São Vicente, que já formou mais de 3000 técnicos. Em 1969, uma grande parceria foi formada com a Universidade de Passo Fundo, trazendo os alunos de Medicina para aprender aqui e me tornar em 1970, um hospital escola. Essa parceria segue desde então e outros tantos cursos da saúde utilizam a estrutura do hospital como cenário de prática. Mais recentemente, outra grande instituição tornou-se parceira. A Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) passa, em 2014, a ser a mantenedora dos Programas de Residência Médica, que hoje conta com 163 residentes em 28 programas. Ainda, as atividades da Residência Multiprofissional Integrada em Atenção ao Câncer e Saúde do Idoso, realizada em conjunto com UPF e Secretaria Municipal de Saúde, oportunizam a 36 profissionais atuarem em Enfermagem, Farmácia, Nutrição e Fisioterapia. Na Unidade de Pesquisa Clínica, mais de 100 estudos multicêntricos são executados, sendo 95 internacionais e 9 nacionais.
A vida renasce
O hospital é referência em transplantes. Em 1969 foi feito o primeiro transplante de córnea. Em 1981 foram realizados o primeiro transplante de rim e ósseo. Em 1988, o primeiro transplante de fêmur e de coração. Em 2000, foi o primeiro hospital do interior a realizar um transplante de fígado e em 2002, o primeiro transplante de menisco. Até hoje já realizou 794 transplantes de córnea, 234 de rim, 5.268 de tecido ósseo e 260 de fígado. O atual coordenador da Equipe de Transplante Hepático e cirurgião Dr. Paulo Reichert, chegou na instituição em 1987. O cirurgião vislumbrou a possibilidade, nos anos 90, de realizar um transplante hepático em Passo Fundo. Depois de muitos cursos, treinamentos, mais de um ano e meio de espera para o credenciamento do hospital para a realização do procedimento, em junho de 2000, a equipe operou o primeiro transplante.
Os desafios nos movem
Todos os dias, mais de cinco mil pessoas circulam pelos corredores. Em 2009, o país enfrentou a epidemia de Gripe A (H1N1). A instituição foi pioneira ao implantar um protocolo que reduziu o número de vítimas. Atendeu 367 pacientes, destes, 24,79% foram casos confirmados para Influenza A (H1N1). Em 2013, recebeu a pequena Júlia Rita Piva, que nasceu pesando 470 gramas. Depois de quatro meses internada no CTI Pediátrico Neonatal, a guerreira foi para o quarto e recebeu alta hospitalar no dia 28 de fevereiro de 2014.
Um passo à frente
Foi o primeiro a realizar, em 2012, uma cirurgia de separação de gêmeas siamesas, no interior do estado. Kerolyn e Kauany, com seis anos, levam uma vida normal e me visitam de vez em quando para acompanhamento. Ainda, em 1981 foi o primeiro no país a organizar um Banco de Tecidos Musculoesquelético. O Centro de Diagnóstico, com exames clínicos e de imagem, é completo e trabalha 24 horas, com equipamentos de parâmetro internacional, unindo agilidade, precisão e segurança. Além disso, no tratamento para o câncer dispões de dois aceleradores lineares, sendo um, recentemente adquirido, de ponta para a Radioterapia e Radiocirurgia.
Na Cardiologia, uma das especialidades que é referência, sempre busqou estar alinhado ao desenvolvimento da especialidade. O médico cardiologista Júlio Teixeira, que foi o primeiro cardiologista com residência na área a chegar no hospital em 1972, conta que houve uma enorme evolução com o passar dos anos. Com as primeiras cirurgias cardíacas evolui ainda mais e a criação do CTI Cardiológico, que até hoje é referência no sul do país, trouxe suporte para o pós-operatório. “Hoje, o Hospital São Vicente é o maior centro de cirurgia cardíaca e de hemodinâmica do interior do estado. Também na parte clínica e recentemente com o avanço de eletrofisiologia, temos um dos melhores serviços do estado.
A Emergência atende casos gravíssimos, que precisam de atendimento complexo e equipe preparada. Em 2017, 66.263 pacientes passaram pela Emergência. O Serviço de Ortopedia e Traumatologia é responsável pelo setor de Emergência e atende em média de 10% dos pacientes internados no HSVP. O médico ortopedista e cirurgião da mão, Osvandre Lech, integrante do corpo clínico do HSVP desde 1979, fala que “a Ortopedia e Traumatologia é feita de forma especializada desde o início dos anos 80”.
Humanização do cuidado
Entre as iniciativas que enaltecem o trabalho humanizado estão Espaço Lúdico e de Atendimento Pedagógico às Crianças Hospitalizadas, Mães e Pais Arteiros, Método Canguru, Sorriso Voluntário, Cuidados Paliativos, entre outras ações. O programa Classe Hospitalar Escola de Vida, desenvolvido em parceria com Prefeitura Municipal, UPF e Ministério Público tem a nobre missão de oportunizar a construção de conhecimento, momentos de ludicidade e aprendizagem, para crianças e jovens com câncer. Outro projeto que traz alegria para os pacientes é a Terapia Assistida por Animais, que proporciona lazer, humanização e minimiza o estresse de quem está internado.