OPINIÃO

Teclando

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O balcão

As crises institucionais são geradas pela má-conduta política. Isso não se limita aos roubos ou propalados escândalos. As fissuras na solidez democrática têm origem comportamental. Se para a maionese desandar bastam moléculas de apenas uma gota d’água, um gesto também pode desmanchar uma estrutura pública. Infelizmente, isso já é cultural. Temos um balcão solidificado na vida pública brasileira. O balcão, que é de fato e de direito uma barreira entre compradores e vendedores, foi institucionalizado na política. Existe, sim, em todos os níveis e exerce função decisiva em todos os momentos. É o toma lá, dá cá. É o voto conquistado por favores. É o fator na tomada de posição numa votação decisiva. É o discurso afinado para não contrariar o eleitorado. É jogo de empurra para ficar bem posicionado na vitrine. Enfim, o balcão é uma divisória para as mais variadas formas do exercício do clientelismo. Este balcão pode parecer como algo intangível. Porém, a força da sua subjetividade permite uma imagem tridimensional. É como um enorme tronco caído numa floresta, separando os vendedores de ilusão de uma imensa plateia. O enredo é antigo e até surrado, mas continua rendendo aplausos. Um espetáculo onde a temática, com pequenas variantes, é direcionada às momentâneas aspirações populares.

O abstrato

A política, dentro da complexidade das relações humanas, é uma arte fantástica. Porém, pelos resultados que os seus atos exercem sobre todos nós, não permite que os coadjuvantes sejam arteiros. Muito menos matreiros. Mas em ano eleitoral, ao que observo, é quase impossível conter o ímpeto de alguns políticos. Aqueles pequenos gestos ultrapassam as barreiras do bom senso e a conduta vai para o espaço. Enfim, transformam-se em geradores do enriquecimento do patrimônio humorístico nacional. Qualquer fato ou objeto é motivo para grande propalação, encontros, fotos, discursos, fotos, promessas, entrevistas e mais fotos. Nesse clima de imediatismo, até mesmo o abstrato transforma-se em comício. Mas, como bem sabemos, a política é importante para a vitalidade democrática. Também é uma arte que certas vezes beira ao ilusionismo.

Mesa Um

Já para a turma da Mesa Um do Bar Oásis, apenas os sonhos beiram às ilusões, pois mensalmente o abstrato é materializado. E sem discursos, claro. Foi assim na quinta-feira, quando o Panorâmico abriu espaço em seu salão para mais uma Sessão Solene. Com excelente quórum, para alegria deste paraninfo, a confraria teve pouco tempo para debater a origem da humanidade. Isso porque os Reis Magos do Panorâmico não deram folga. Melquior, Gaspar e Édson (representando Baltazar) comandaram a equipe. Aplausos da Mesa Um, onde os Magos são aguardados para saborear o tradicional expresso do Oásis.

Sortimento

Quem consegue caminhar por entre os obstáculos, observa que não faltam opções em mercadorias sobre as calçadas da Avenida Brasil. Entre uma placa e outra (fiscalização?), encontramos tapetes com eletrônicos e roupas. Tem refrigerador, cama de casal, sofá-cama e até pneus. As calçadas estão sortidas.

Trilha sonora

A mineira Rosa Maria dá um show de interpretação em California Dreamin’
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