Passo Fundo melhora pontuação, mas perde posição

Município ficou na 66ª colocação estadual e o melhor indicador foi na área de emprego e renda

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O município de Passo Fundo melhorou a pontuação, mas perdeu posição, ficando na sua pior colocação no ranking do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) divulgado nesta semana, referentes ao ano de 2016. O município resentado crescimento em todos os itens avaliados, Passo Fundo ficou apenas na 66ª colocação dentre os municípios do Estado, com índice de 8,8060, que coloca o município no grupo que alcançaram índice de alto desempenho. O município aparece na 371ª posição nacional. O melhor desempenho no ranking foi na área de emprego e renda, na qual obteve a sétima colocação estadual. O IFDM avalia ainda a saúde e a educação.


Os dados divulgados são referentes ao ano de 2016 e mostram que Passo Fundo caiu sete posições em relação ao ano de 2015, passando de 59º para 66º no índice geral. Este é a pior posição em relação aos municípios do Estado. Em 2014 Passo Fundo ficou na 64º posição; em 2013 era o 55º; 2012 – 57º; 2011- 43º; 2010 – 57º; 2009 – 50º; 2008 – 53º; 2007 – 64º; 2006 – 46º; e 2005 – 43º.


Segundo o prefeito Luciano Azevedo, apesar das dificuldades financeiras que o país ainda enfrenta, Passo Fundo cresceu no IFDM. Em relação ao ano anterior o município foi de 0.7941 para 0.8060 na pontuação, registrando alto desenvolvimento. As áreas de educação, saúde e emprego e renda, que são avaliadas na composição do índice, receberam mais pontos pelo desenvolvimento de melhores condições, cenário que contrasta com a evolução geral apontada pelo IFDM: a crise econômica, que teve início em 2014 e causou forte recessão no país, fez com que o nível socioeconômico das cidades brasileiras retrocedesse três anos.

 

“Passo Fundo segue um caminho de muitas conquistas mesmo com as dificuldades econômicas e sociais que enfrentamos no Brasil. Temos a revitalização da Avenida Brasil, a recuperação do Hospital Municipal, novas escolas e unidades de saúde. Tudo para que a comunidade seja cada vez mais beneficiada e tenha seus direitos respeitados”, disse o Luciano. A saúde teve o índice mais alto do município, com 0.9034, seguido da educação com 0.7754 e do emprego e renda com 0.7391.


Reflexos da crise
Para o administrador Adriano José da Silva, a queda do município e até mesmo o crescimento lento dos indicadores representa impactos da crise financeira no Brasil do ponto de vista do investimento em políticas públicas. “O município tem aumentado cada vez mais suas obrigações e isso reflete na queda ou na desaceleração o crescimento. Passo Fundo passa a ser afetada de forma mais clara porque os indicadores estão demonstrando os efeitos da crise financeira, política e econômica que o Brasil está passando. Isso tudo reflete esse novo momento que a economia passa de não crescimento, de não desenvolvimento e de uma grande estagnação. A maior crise de toda a história do Brasil está tendo seus reflexos nos municípios e nas políticas públicas”, avalia.

 

Índices por área
Na educação, desde 2005 o município registra desenvolvimento moderado e demonstrou uma elevação em relação a 2015, passando de 0,7522 para 0,7754 em 2016.  No Estado, de acordo com o índice de educação, Passo Fundo aparece apenas na 328ª posição. No ranking nacional, ocupa o 2867º lugar. No Estado, mais de 55% dos municípios alcançaram alto desempenho na educação – que varia de 0,8 a 1,0. Na região Sul do Brasil, mais de 62% dos municípios obtiveram índice de alto desenvolvimento. Embora ainda não tenha alcançado um índice de alto desenvolvimento, Passo Fundo está numa crescente desde 2006, sendo este o maior índice já alcançado pelo município desde que a estatística começou a ser divulgado.


Na saúde, desde 2006 o município tem IFDM na faixa de alto desempenho. O maior foi o de 2016, que foi de 0,9034. No ranking estadual, o município aparece na 173º posição. No país, está em 664º lugar. Passo Fundo está entre os 37,5% dos municípios gaúchos que alcançaram índice acima de 0,9.  No Brasil, apenas 13% dos municípios alcançaram índices nessa faixa.


No emprego e renda o índice do município, que apresentou queda desde 2011, passando de naquele ano 0,8710 para 0,7337 em 2015, teve uma recuperação em 2016 e ficou em 0,7391. Neste quesito, Passo Fundo aparece na sétima posição no Estado e na 78ª posição nacional. Passo Fundo está no grupo de apenas 5,6% dos municípios gaúchos que alcançaram índice acima de 0,7. No Estado, a maior parte dos municípios apresentou desenvolvimento regular, ficando com índice entre 0,4 e 0,6.


Evolução anual
Na evolução anual, desde o ano de 2005, Passo Fundo teve sete índices de desempenho moderado, o último deles na avaliação anterior, quando o IFDM foi de 0,7941, relativo ao ano de 2015. O município também alcançou índice de alto desempenho em cinco anos analisados. O maior deles foi no ano de 2013, de 0,8316, com queda nos dois anos seguintes e uma pequena recuperação em 2016. Entre os anos de 2007 e 2013 o município apresentou um índice crescente, passando de 0,7561 em 2017 para 0,8316 em 2013, seguido de duas baixas.

 

Quesitos avaliados
Em cada uma das três áreas são avaliados diferentes itens:
Emprego e Renda - Geração de emprego formal; Taxa de formalização do mercado de trabalho; Geração de renda; Massa salarial real no mercado de trabalho formal; Índice de Gini de desigualdade de renda no trabalho formal. Os dados são fornecidos pelo Ministério do Trabalho e Emprego.


Educação - Atendimento à educação infantil; Abandono no ensino fundamental; Distorção idade-série no ensino fundamental; Docentes com ensino superior no ensino fundamental; Média de horas-aula diárias no ensino fundamental; Resultado do IDEB no ensino fundamental. A fonte é o Ministério da Educação.


Saúde - Proporção de atendimento adequado de pré-natal; Óbitos por causas mal definidas; Óbitos infantis por causas evitáveis; Internação sensível à atenção básica (ISAB). Os dados são do Ministério da Saúde.


O índice
O índice varia de 0 a 1, sendo que, quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento da localidade. Além disso, o índice não se restringe a uma fotografia anual, podendo ser comparado ao longo dos anos. Dessa forma, é possível determinar com precisão se a melhora ocorrida em determinado município decorre da adoção de políticas específicas ou se o resultado obtido é apenas reflexo da queda dos demais municípios.

 

Avaliação da Firjan
Conforme explicado no relatório, o IFDM Brasil voltou a subir em 2016, interrompendo uma série de duas quedas seguidas, e alcançou 0,6678 ponto no Brasil. A partir de 2014, o país mergulhou em uma forte recessão, o que fez com que os indicadores de mercado de trabalho acumulassem perdas recordes. Com isso, em 2015, o IFDM Brasil recuou ao menor nível desde 2011, refletindo, sobretudo, o desempenho negativo da vertente de Emprego & Renda, que anulou o progresso observado nas áreas de Educação e Saúde. Ou seja, a crise custou ao menos três anos ao desenvolvimento dos municípios que, em 2016, ficou abaixo do nível observado em 2013.


Na última avaliação, as três vertentes que compõem o IFDM apresentaram crescimento. Emprego & Renda atingiu 0,4664 ponto, voltando a crescer após duas quedas consecutivas, quando acumulou retração superior a 20%. Essa foi a área de desenvolvimento que mais sofreu com a recessão dos últimos anos. Tanto o IFDM Educação como o IFDM Saúde apresentaram crescimento, mantendo a trajetória observada desde o início da publicação do IFDM. No entanto, a evolução apresentada pelos dois indicadores foi a menor em 10 anos, indicando que a crise também teve impactos sociais, e não só econômicos.


O indicador de educação avançou apenas 0,6%, e alcançou 0,7689 ponto, enquanto o IFDM Saúde cresceu 1,6% e atingiu 0,7655 ponto. O crescimento de 2,6% no IFDM Geral em 2016 não foi suficiente para reverter as quedas dos dois últimos anos, período em que acumulou retração de 3,1%. Esse resultado revela o impacto da crise econômica sobre o desenvolvimento dos municípios. Nessa conjuntura, atingir a classificação de alto desenvolvimento mostrou ser um desafio ainda maior este ano: apenas 431 municípios do Brasil (7,9%) registraram esse nível6. Com isso, mais de dois terços dos municípios apresentaram desenvolvimento moderado (IFDM entre 0,6 e 0,8 ponto) – 68,4%, resultado influenciado também pela redução na quantidade de cidades com desenvolvimento regular (23,6%). Por fim, vale destacar que apenas 11 cidades ficaram com baixo desenvolvimento, menor resultado da série.

Diferenças regionais
A pesquisa ainda revela as enormes disparidades regionais que ainda existem no país. O Sul continua apresentando-se como a região mais desenvolvida, tendo em sua composição 98,8% dos municípios classificados com desenvolvimento moderado ou alto, nenhum município classificado em baixo desenvolvimento e apenas 1,2% dos municípios classificados com desenvolvimento regular. A Região Sudeste tem perfil semelhante, com 92,9% dos municípios classificados com desenvolvimento alto ou moderado e, assim como a Região Sul, nenhuma cidade com baixo desenvolvimento. O Centro-Oeste alcançou o padrão Sul-Sudeste, com 92,4% dos municípios com desenvolvimento moderado ou alto e nenhum município com baixo desenvolvimento. Por sua vez, as regiões Norte e Nordeste apresentaram, respectivamente, 60,2% e 50,1% dos seus munícipios classificados com desenvolvimento regular ou baixo e, juntas, respondem por 87,2% do total de municípios nessas classificações.


O Brasil continua sendo um país fortemente dividido, com extremos cada vez mais evidentes. O ranking dos 500 municípios mais desenvolvidos (Top 500) foi composto, essencialmente, por cidades das regiões Sudeste (50%) e Sul (41%). A maioria é de municípios de São Paulo (40%), Rio Grande do Sul (18%) e Paraná (12%). A Região Centro-Oeste ficou com 7% dos municípios. O Nordeste ocupou apenas oito posições entre os 500 maiores IFDMs do país – Ceará12 (7 municípios) e Piauí (1 município). Já na Região Norte, apenas a capital do Tocantins, Palmas, ficou entre os 500 maiores IFDMs.

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