OPINIÃO

Teclando

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A marca predileta

Com atraentes rótulos, muitos produtos fazem parte de nossas vidas. São nomes, símbolos e cores que ilustram o imaginário. Nascemos e logo estamos usando a marca de uma fralda. As primeiras roupas e o primeiro sapatinho também vêm com marca registrada. Em seguida, embalados pelas propagandas, entramos naquele jogo da moda, onde todos se sentem obrigados a usar determinados produtos. É claro que somos carregados pelo consumismo, e vivemos dentro dos padrões que a sociedade nos impõe. Mas não somos apenas vítimas do consumismo e do modismo. Também somos levados por um complexo jogo de símbolos, cores e slogans. É quando entram em cena nossos gostos e preferências. Defendemos com unhas e dentes nossas marcas prediletas. Desde o sabão em pó até a cerveja, não abrimos mão dos nossos produtos preferidos. Discutimos e até brigamos para sustentar as nossas convicções. Nem sempre o argumento da demanda é o produto e suas qualidades, mas, sim, a sua marca. Isso explica a importância de uma marca. Ora, é comum ouvirmos notícias sobre o quanto vale determinada marca. De uma simples preferência à paixão ardorosa, as marcas arrastam fieis seguidores. Por isso têm valor.

Brim virou jeans

Diferente das marcas que vamos agregando pela vida, o modismo ingressa pelas arestas da fraqueza da personalidade e da fragilidade cultural. Geralmente com apoio midiático, nos conduz para inusitados hábitos que, via de regra, beiram ao ridículo. Só para atiçar a memória: calça boca de sino, Gumex nos cabelos, perfume almíscar selvagem, capanga, pente e espelhinho. Usávamos e achávamos o máximo. Temporariamente, é claro, pois a decadência da moda é proporcional à sua velocidade de ascensão. Mas o que é bom permanece. É o caso das calças de brim que hoje, atendendo aos padrões externos, conhecemos como jeans. Antes a briga das marcas envolvia Far West, Coringa e US Top. Depois chegaram Lee e Levi’s. Hoje já perdi a conta. Mas continuo usando Levi’s.

De mão em mão

Enquanto consumidores, nós somos fieis às ‘nossas’ marcas. Isso ocorre especialmente com a indústria alimentícia, cujos nomes consagrados passam de um grupo para outro. Assim, poucos grupos detêm nossas marcas queridinhas. Isso vale para medicamentos, cosméticos e alimentos industrializados. Ou seja, mesmo sem saber, podemos usar um xampu, um remédio e um enlatado que pertençam a uma única empresa. Esse jogo de gigantes não está nem aí para as nossas preferências. Havia no mercado um protetor solar, marca Delial, da indústria farmacêutica alemã Bayer. Em 1996 a marca foi vendida para a Sara Lee, gigante do setor de carnes e café dos Estados Unidos. Em 2005 o grupo francês de cosméticos L'Oréal adquiriu a marca. Ou seja, passou de mão em mão. Era minha marca preferida. E não encontro mais. Conclusão: a paixão pelas marcas também pode se transformar em uma grande desilusão. 


Trilha sonora
O autor é John Denver, a música de 1966. Uma das melhores interpretações é mais recente, de 1998, da canadense Chantal Kreviazuk: Leaving On A Jet Plane
Use o link: https://goo.gl/oYV6Fm

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