Seduc afasta professor pela segunda vez

Após instaurar nova sindicância para investigar denúncias de 2018, portaria determinando afastamento do cargo foi publicada ontem. Defesa de Júlio Borges alega que vai recorrer na Justiça

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A Secretaria de Educação (Seduc) determinou novo afastamento do professor Julio Cesar Taietti Borges das suas funções. A portaria foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) de ontem (18), quase uma semana após o Tribunal de Justiça determinar, por meio de liminar, o retorno de Borges ao cargo de diretor da Escola Estadual Protásio Alves. A medida cautelar do Estado prevê o afastamento por até 60 dias, sem prejuízo da remuneração. Afastado do cargo desde abril, a defesa do professor havia conseguido um mandado de segurança que determinava a restituição imediata às funções. A decisão, em segunda instância, foi expedida pelo desembargador Alexandre Mussoi Moreira no dia 12 de julho.
Assim como o recurso impetrado pela defesa no primeiro afastamento, a advogada do professor, Andrea Stobbe, garante que vai recorrer do segundo afastamento. “Vamos abrir outro mandado de segurança para rever a portaria”, garantiu a jurista. No início desta semana, a secretaria instaurou um processo administrativo disciplinar para investigar possíveis irregularidades na conduta do professor. Na segunda-feira (16), a reportagem procurou a 7ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), que não quis se manifestar. Ontem (18), por meio de nota, a assessoria jurídica do órgão prestou esclarecimentos. Disse que contra o mandado de segurança cabe recurso e que a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) deve recorrer. “O Mandado de Segurança deferido alcança apenas, e tão somente apenas, as questões pertinentes às denúncias de 2016 e 2017, que concernem em supostas irregularidades administrativas e, portanto, não se confundem com os demais procedimentos em andamento”, informou.


A nota também esclarece que o coordenador da 7ª CRE, Elton De Marchi, tomou conhecimento da liminar no fim da tarde do dia 16, ocasião em que viajava a Porto Alegre. “Em ato contínuo, tomou as providências necessárias junto ao setor de Recursos Humanos da Coordenadoria, para que se abrisse procedimento adequado, a fim de atender, imediatamente, o cumprimento do Mandado de Segurança”.


Relembre o caso
De acordo com manifestação da coordenadoria, há duas sindicâncias distintas que investigam a conduta do professor. A primeira, já noticiada, diz respeito a denúncias de irregularidades administrativas nos anos de 2016 e 2017. “Instaurou-se averiguação presidida por comissão da 7ª Coordenadoria Regional de Educação - CRE, que foi encaminhada para a Secretaria Estadual de Educação - SEDUC e, em decorrência destes fatos, por ato discricionário, o Secretário Estadual de Educação, amparado por Lei, destituiu o professor do cargo de diretor em 05 de abril de 2018, até que se concluíssem os procedimentos”. Tais procedimentos tramitam de forma interna e administrativa, sem que a comunidade tenha acesso ou conhecimento.


O mandado de segurança que a defesa de Borges conseguiu diz respeito a esse ato administrativo, de 5 de abril. Paralelo a isso, há outra investigação. “Por conta de denúncias deflagradas nas redes sociais no início de 2018, por alunos e ex-alunos do professor Júlio Borges, desencadeou-se uma série de atos, dentre eles, a instauração de averiguação das denúncias, desta vez presidida por integrantes da Secretaria Estadual de Educação de Porto Alegre, bem como, a participação do Ministério Público em razão da gravidade das irregularidades apresentadas e eventual envolvimento de menores”, conforme a 7ª CRE.


É referente a este segundo procedimento que a Seduc afastou, ontem, pela segunda vez o professor das suas funções. Conforme a assessoria jurídica da coordenadoria, a liminar obtida pela defesa de Borges somente alcança as questões relacionadas às denúncias de 2016 e 2017, que tem por base supostas irregularidades administrativas, e não devem ser confundidas com a segunda sindicância. “Por todo exposto, faz-se necessário esclarecer, definitivamente, que existem medidas distintas para cada uma das sindicâncias, as quais não devem se confundir”, informou.

 

Defesa do professor
A defesa jurídica reiterou o que havia dito no início da semana, quando ON noticiou a volta de Borges ao posto de diretor da escola. De acordo com Andrea, o professor está sofrendo grave perseguição do coordenador da 7ª CRE.


Contraponto
Em resposta à defesa, o coordenador da 7ªCRE Elton De Marchi informou que não era o titular da pasta quando as investigações iniciaram. “À época da instauração do procedimento de sindicância em 2016, eu não estava à frente desta Coordenadoria e, em virtude do trabalho correto e responsável desempenhado por mim e pela minha equipe, são no mínimo infelizes as declarações da advogada do professor”, pontuou. Ele ressaltou também que “aqui ninguém brinca com a educação e sempre agimos com muita responsabilidade e retidão na condução dos trabalhos desta Coordenadoria”.

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