OPINIÃO

Melhor, impossível

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Missão Impossível, o filme de 1996, é um dos mais subestimados de Tom Cruise e do diretor Brian DePalma. Via de regra, muita gente fica no meio do caminho: não é a obra de ação incessante que muitos esperavam, e para muita gente também não tem cara de DePalma. Adoro o filme, porque ele representa, em 1996, uma mudança dos próprios conceitos que fizeram a série dos anos 60 se tornar um sucesso – e que fizeram a trilha sonora de Lalo Schifrin entrar no imaginário popular e ser conhecida até por quem nunca viu o seriado.

No tempo em que o seriado de TV estreou, o inimigo estava atrás da cortina de ferro, no auge da Guerra Fria. Já havia, na literatura, obras e autores marcantes abordando a espionagem e, nos cinemas, James Bond representava o estereótipo do agente secreto – no caso de Bond, enfrentando no segundo filme o inimigo de forma direta (“Moscou contra 007”, de 1963).

Quando a série ganhou as telonas, graças ao empenho de Tom  Cruise, a situação já havia mudado. Desde 1989, o inimigo vermelho já havia caído, e muitos filmes exploravam os resquícios da guerra fria, os agentes duplos ou os descontentes, remanescentes com sonhos grandiloquentes de manter viva a disputa com o ocidente. Mas o filme já havia entendido que um novo tempo estava prestes a começar – o tempo dos agentes da tecnologia, das guerras digitais, da venda de armas, do contrabando de informação, dos crackers e invasores de sistemas, dispostos a passar esses segredos a quem  pagasse mais. Enquanto Hollywood se  voltava, ainda, na busca por novos inimigos palpáveis – os árabes, os orientais, os coreanos, os cubanos – a série produzida e protagonizada por Cruise decidiu apostar que o pior inimigo pós-guerra fria não seria visível, não teria fidelidade a uma nação e não seria um mero estereótipo.

O bom de “Missão Impossível”, a série, é que o próprio Cruise corrigiu o rumo da franquia quando ela derrapou. Depois do estilo meticuloso de DePalma, baseado em closes, em uma montagem cuidadosa para gerar tensão e apoiado em um roteiro direcionado não a manter o espectador pelo movimento incessante, mas pela tensão, o segundo filme foi dirigido por John Woo, diretor estilista de Hong Kong que incute sua marca pessoal em tudo o que toca. Fez grandes filmes de ação, mas o que ele alcançou em “Missão Impossível II” é constrangedor. Cenas em câmera lenta, um Tom Cruise de cabelos mais longos e cenas de ação  coreografadas pelo que aparentam visualmente, não pela forma que funcionam. As críticas levaram Cruise a repensar os rumos da série, e a partir daí, tudo passou a funcionar. O terceiro filme introduz novos personagens, oferece a Ethan Hunt, o protagonista, uma vida fora do trabalho e passa a dar mais atenção ao  peso do antagonista e os estragos que ele pode causar no personagem principal. “Missão Impossível” passa a ser uma série em que seu protagonista é facilmente identificável e é graças ao personagem bem construído que os filmes seguintes vão evoluindo: o quarto é superior ao terceiro. O quinto, “Nação Secreta”, é superior ao quarto. As expectativas em cima do novo filme, “Fallout”, eram imensas – também por conta dos apuros passados por Tom Hanks nas filmagens. O ator, que gosta de dispensar dublês e CGI em muitas cenas, e até aprendeu a pilotar helicópteros e aviões para os filmes, quebrou o tornozelo durante um salto sobre um telhado e atrasou a produção quatro meses (o momento do filme em que ele pula um telhado e sai mancando é real). A adição de Henry Cavill (o “Superman” dos filmes da DC) como um agente da CIA só trouxe mais expectativa ao filme.
A boa notícia? “Missão  Impossível – Efeito Fallout”, que estreia nos cinemas de Passo Fundo neste final de semana, vale o ingresso, pelo desenvolvimento dos personagens, pela trama, pelas cenas de ação e o conjunto da obra. É o melhor filme da franquia até agora!

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Aos ligados em série, a Netflix disponibilizou na sexta a nova temporada de Orange is the New Black. A dica, para quem gosta de documentários – e de Segunda Guerra Mundial, que no ano que vem completa 80 anos de seu início – são dois documentários: Five Came Back, que relembra a trajetória de cinco diretores norte-americanos, John Ford, George Stevens, John Huston, Frank Capra e William Wyler, que direcionaram seus talentos ao esforço de guerra. A série, em três episódios, recupera parte da história do cinema no período mostrando como Hollywood se engajou com o conflito. O outro é “A Segunda Guerra Mundial em Cores”, fruto do uso da tecnologia para mostrar, como o título diz, o conflito que moldou o século de uma forma nunca antes vista. 

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