Graça
Hoje irei à Bienal do Livro (Anhembi) e certamente vou me deliciar, mesmo na ausência da Saraiva que passa por apuros financeiros. Mas, já adquiri e estou a ler Eduardo Bueno (Brasil, uma história – cinco séculos de um país em construção), naquele estilo peculiar de contar história sem ser maçante. Vou garimpar, há um mundo a ser lido e vivido.
Adquiri para meu filho a série Grandes Diretores no Cinema (Folha) que iniciou com Ingmar, Orson Welles e Truffaut. Ramon vai para o terceiro curso na AIC (Academia Internacional de Cinema) e o filme em que foi diretor de fotografia (O Azul do Nosso Mundo), filmado em Passo Fundo concorre em Gramado, Brasília, SP e Rio para prêmio de melhor curta. Outro filme Hoje Acordei Querendo te Ver foi dirigido por ele, aqui em SP. Ainda, O Último Trem, da Old Dog foi indicado como melhor videoclipe independente de 2018 por júri especializado de São Paulo, gravado que foi em Santa Catarina e RS, com a participação do famoso ator-diretor Emiliano Ruschel. É um começo promissor numa família em que há uma escritora (Georgia), um cineasta e um pretenso cronista.
Leio que José Artur Machado, o Petit (menino do Rio, calor que provoca arrepio), menino loiro sarado, cabeludo, dragão tatuado no braço, modelo fotográfico e que hipnotizara Caetano a compor Menino do Rio para a novela Água Viva completa 35 anos de seu suicídio aos 32. Sofreu um acidente de moto e restou parcialmente sequelado; não suportando a ausência do mar, da areia e das mulheres enforcou-se com a faixa de judô em seu apartamento em Copacabana. Esta semana perdemos Guilherme Lamounier aos 67 anos, esquizofrênico e com pneumonia. Suas músicas foram gravadas pelas Frenéticas, Zizi Possi, Fábio Júnior, entre outros. A mais famosa é Enrosca (enrosca seu cabelo no meu peito e geme, o dia está nascendo e nos chamando prá curtir com ele...). Não é graça suas passagens e sim a maneira suave que suas performances, em algum momento das nossas vidas, tornaram-na mais palatável.
Desgraça
O Brasil conta com quase 800 mil apenados nas diversas penitenciárias e nela abriga 74 facções criminosas. A população carcerária cresce numa taxa de 8% ao ano. Os chefões Nem, Fernandinho Beira-Mar e Marcinho VP contam com 37 advogados, visitas íntimas e sociais que fazem o leva e traz de ordens e movimentos. O Ministro Jungmann declara que há ideia de um sistema único de segurança integrando as penitenciárias federais (em que não há problemas, sic) com as estaduais (cheia de problemas, sic), o parlatório em que todas as conversas serão gravadas (achei que isso já existia) e que o meliante punido em regime fechado cumpra toda a pena engaiolado. Só para constar, um presidiário tem um custo médio de R 2,4 mil ao mês. Ao mês, enquanto um estudante do ensino médio custa R 2,2 mil ao ano. Ao ano, é o que você leu. As farras dos chefões são pagas de alguma maneira com o seu dinheiro e o meu, caro leitor. Chegará um dia em que as crianças ao nascerem receberão um chip subcutâneo que permitirá controle absoluto pelo estado e o marginal em via de cometer delito será autodenunciado e deletado automaticamente numa combinação de Leviatã (Thomas Hobbes) e Contrato Social (Rousseau) numa prova, que não necessita de segunda instância, de que não somos capacitados a viver de forma solidária.