As datas comemorativas do calendário provocam temas importantes que, se não estivessem lá, poderiam passar desapercebidos. O Dia dos Pais merece estar no calendário. Provoca os filhos e os próprios pais abrindo a reflexão para muitos aspectos existenciais da vida familiar, tais como: ser pai, agir como pai, autoridade paterna, ser filho, honrar os pais, parceria, cuidado, doação, gratidão, perdão, amor.
De forma surpreendente, Jesus começou a falar de Deus como Pai. A tradição judaica tinha duas maneiras de tratar o pai: uma familiar e cotidiana e outra mais solene e elevada. Jesus chama a Deus da forma familiar, com palavras de criança, abbá = papai. Os humanos para falarem de Deus, de vivências espirituais, de grandes emoções necessitam usar uma linguagem humana, mesmo que ela seja imperfeita e limitada diante daquilo que se quer dizer. Como é dito tantas vezes: “Não tenho palavras”. Chamando a Deus de Pai estabelece-se uma relação entre o pai humano e Deus Pai e, ao mesmo tempo, destaca-se o lado divino da paternidade.
Partindo dos ensinamentos de Jesus Cristo sobre paternidade de Deus se destacam algumas características que também são próprias dos humanos. O pai é princípio de amor que dá vida gratuitamente gerando novas vidas. É fonte de vida. O pai é fonte de cuidado, particularmente na fraqueza, na doença, na correção dos erros, na misericórdia ao acolher o filho que se afastou e deseja voltar. Também, Deus é pai porque se mantém em diálogo constante com os homens em profunda intimidade, em intensa proximidade. É companheiro que acompanha a jornada fazendo viver, levando à autonomia e à liberdade e oferece assistência. Jesus morre nas mãos do Pai: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito” (Lucas 23, 46), mas também “Deus ressuscitou este mesmo Jesus” (Atos 2, 32).
O papa Bento XVI refletindo sobre este tema, assim se expressa: “A lembrança deste Pai ilumina a mais profunda identidade do ser humano: donde vimos, quem somos e quão grande é a nossa dignidade. Nós provimos naturalmente dos nossos pais e somos seus filhos: porém, nós vimos de Deus, que nos criou à Sua imagem e nos chamou a sermos seus filhos. Por isso, não é o acaso ou a concorrência do destino que se encontra na origem de cada ser humano, mas um plano de amor divino. Isto nos revelou Jesus Cristo, verdadeiro filho de Deus e homem perfeito. Ele sabia de onde vinha e de onde vimos nós todos: do amor do Seu Pai e de nosso pai”.
Na sequência do Dia dos Pais a Igreja realiza, no Brasil, a Semana da Família que neste ano tem como lema: “O Evangelho da família, alegria para o mundo”. Proclamamos que o Evangelho e os ensinamentos de Jesus Cristo são motivo de alegria, de esperança e orientação para o mundo. A Semana da Família proclama o valor inviolável das famílias e sua nobre missão de gerar, educar, proteger, confortar e cuidar da vida desde a concepção até a morte natural. Lugar especial para exercitar o amor, como ensina a primeira carta aos Coríntios 13, 4-8: “O amor é paciente, o amor é prestativo; não é invejoso, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais passará”.
A todos os pais a gratidão e o abraço dos filhos e a bênção divina para confortar, orientar fortalecer e iluminar.