Deprimente para a sociedade brasileira o armado espetáculo de escárnio do partido dos trabalhadores em relação à aplicação da justiça no país. O cara é julgado e condenado em duas instâncias por corrupção e lavagem de dinheiro e tem a candidatura ao mais alto cargo político do país lançada oficialmente, tentando encontrar brechas através de chicanas jurídicas para ser levado a sério pelo eleitorado. Dizem por aí que de cada dez eleitores três votariam no meliante; é como se dissessem que trinta por cento dos brasileiros acham certo corrupção e lavagem de dinheiro e acham errado que estes crimes não sejam punidos com inelegibilidade. Eu era um adolescente e me encantei com o partido polonês Solidariedade de Lech Walesa; era bacana assistir o proletariado assumindo o poder; via no Solidariedade os meus primos, as famílias pobres de meus pais, via a maioria dos meus amigos de Cruz Alta. O PT no Brasil foi criado com intenções absolutamente sociais, acredito. Os chamados autênticos, como o recentemente falecido Hélio Bicudo, devem ter experimentado uma sensação de traição de valores com as falcatruas que Lula e seus apaniguados impuseram ao país. Que país pode desejar ser comandado por pessoas que enriqueceram às custas de ilegalidades? Que sociedade é essa que permite que um presidiário comande os destinos de um povo? O petismo morreu, foi engolido pelo lulismo; Lula é maior que o PT, fez dele o que quis, não deixou criar nenhum líder que se aproximasse de sua aura de poder. Convidou a quadrilha para o grande saque, elegeu um poste para sucedê-lo, arranjou no MDB os comparsas de sempre para dividir o butim, alinhou-se de forma solerte com os tucanos de FHC para alternância de poder com o mesmo fim, da locupletação. O PT não tem líderes, tem gente ajoelhada aos pés do meliante, bebendo de sua água, repetindo suas cantilenas. Tem um séquito da grande imprensa, dos artistas de vanguarda, gente aliás que ama e admira Che Guevara sem se importar de ler o que o “romântico” guerrilheiro-terrorista aprontou em sua sanha revolucionária. Essa gente também acha que Cuba e Venezuela são exemplos de sociedade a ser copiada. Gente emergente do povo, dos estudantes que usaram trampolim para favorecimentos pessoais e deixaram isso aí. Tem gente que acredita na inocência, é cada vez mais vergonhoso para quem trabalha e paga impostos regularmente.
O cenário não é bom. Geraldo Alckmin assessorado por uma coligação em nome da chamada “governabilidade” tende a repetir o que é crônico na política do país – o loteamento de pastas e estatais. Ciro vai tentar tirar o nome sujo do SPC-Serasa de milhões de pessoas, com um toque de midas. Assim como Ciro (abandonado pelo PT) Henrique Meirelles foi abandonado até por Michel Temer. Resta Jair Bolsonaro e Álvaro Dias; gostei deste último, não sei se ele se sustenta, não sei se tem fôlego.
Volta e meia aparece um salvador da pátria. Assim foi com Getúlio, Jânio, Castelo, Tancredo, Sarney e seu plano cruzado, Collor, Lula, Dilma. O salvador viria em um cavalo branco, São Jorge ou Caiado? Quem nos salvará? A quem entregaremos nossos destinos e dinheiro?
Veríssimo escreveu uma crônica intitulada A Hora do Louco; era sobre um time de futebol de que com o passar do tempo não conseguia furar as redes do adversário. No desespero, aos 38 do segundo o técnico chama o suplente, o louco, para ir para a grande área esperar o cruzamento-chuveirinho. É hora do louco ou hora dos certinhos? Será que Álvaro, Ciro e Jair seriam os loucos da hora?