Os grupos da XIV edição do Festival estão trazendo histórias e muita cultura por onde se apresentam. Mas como será que esses grupos folclóricos vindos do nordeste do Brasil, estão conseguindo subir no palco, encantar o público e ainda ter que lidar com as mudanças bruscas de temperatura que o município vem presenciando?
A Sociedade Folclórica Bumba Meu Boi de Morros, do Maranhão, existe há 48 anos e as gerações das famílias se encontram também palco. Hoje, José Carlos Muniz Lobato, diretor do grupo, leva as tradições e a cultura ensinadas por seu pai, fundador do Boi de Morros. "Viajar com a família é bem agradável, mas não deixa de ser preocupante. Hoje, tenho aqui meus seis filhos, e cinco netos, que também fazem uma performance no palco, uns dançam de miolo de boi, e as meninas de índia. Por um lado, nós não temos a preocupação com o que ficou lá, mas também não deixa de ser preocupante quando estamos aqui e temos que enfrentar um frio desses com as crianças", disse Lobato.
A preparação tanto com as vestimentas adequadas, quanto o psicológico das pessoas para o frio começou antes mesmo da viagem. Na mala, somente alguns casacos que não foram suficientes para enfrentar os 5ºC que a cidade registrou na terça-feira. Foi necessário comprar luvas, toucas, além do cachecol que os integrantes receberam da organização do Festival. Mas nada tira a alegria do grupo em se apresentar pela primeira vez no Folclore de Passo Fundo. " Com o frio a gente se acostuma, porque nós também trouxemos o calor das nossas fogueiras, do nosso folguedo, o calor do Bumba Meu Boi e a festa do Maranhão, que está agradando nosso público, e também nos aconchegando. Tivemos um impacto, mas pela força do ânimo e do amor que as pessoas tem ao grupo e ao folclore, e somando isso a um bom chimarrão, a gente vai suportando o frio", comenta o diretor.
O grupo fez alguns desfiles na Moron, mas outras apresentações foram canceladas em função do frio. O Boi de Morros tem em seu enredo uma tribo que dança praticamente nua, principalmente as meninas com seus acessórios. Em alguns momentos alguns integrantes estão sendo poupadas das apresentações. "A gente já vinha se preparando toda viagem, sempre reforçavamos a mudança brusca de temperatura, e que alguns poderiam não suportar e ficar um pouco mau, mas agora está tudo sob controle. Por ser um grupo bem familiar, a preocupação também eram as crianças, mas parece que elas estão se adaptando bem melhor do que nós adultos", comenta a produtora geral do grupo, Clarissa Ferreira Lobato.
O Festival de Passo Fundo está surpreendendo o grupo maranhense. Eles que já visitaram os quatro cantos do mundo e já encontraram em outros locais alguns grupos que estão presentes no Festival, estão conseguindo mostrar para o público como alegre e diferenciada é a cultura brasileira. O bordado das roupas coloriadas traduz a mensagem, a escrita e a voz da cultura do estado. Para participar do evento, o apoio da comunidade foi fundamental, já que o custo é alto. Além dos caches que recebiam em outros festivais em que se apresentaram, o grupo conta com padrinhos que fazem contribuições para as viagens. Além disso, o amor pela cultura é o maior incentivador do grupo para realizar seus espetáculos.
APAE
A Associação de Pais e Amigos dos Exepcionais (APAE), pode conferir a apresentação dos grupos folclóricos na tarde desta terça-feira (21), no Casarão da Cultura. Os usuários da APAE tem um amor especial por dança e pelas atividades artísticas que são realizadas na associação, então poder assistir as apresentações do Festival é muito gratificante. "Para eles é um momento inesquecível, já que possuem poucas oportunidades de participar dos eventos. E o Folclore permite a integração de um grupo de outro país com os nossos usuários, e isso fica marcado na mente deles. Eles já estavam eufóricos e festejando antes mesmo do espetáculo", comenta a coordenadora do turno da tarde, Elis Roberta Kuhn. A turma da APAE também pode conferir o grupo folclórico vindo da Colômbia que é composto por pessoas com Síndrome de Down, e pode servir de inspiração para muitas crianaças e jovens da associação.