OPINIÃO

A cópia da cópia da.....

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O relativo sucesso de Megatubarão, inclusive entre parte da crítica, mostra o quanto o cinema se estabeleceu como indústria de entretenimento ligeiro. O filme estrelado por Jason Statham é herdeiro direto de uma tentativa tosca de explorar o medo de uma besta dos mares usando a tecnologia 3D no longínquo ano de 1983. Oito anos antes, Steven Spielberg havia mudado o cinema americano e entregado um dos grandes filmes americanos dos últimos 50 anos com "Tubarão", e o filme  ajudou a popularizar, com outros filmes do período, o hábito das continuações (“Tubarão 2” foi lançado em 1978). No começo dos anos 80, os produtores americanos perceberam que o grande público a frequentar as salas de cinema tinha mudado de idade. Os adultos e casais de meia idade deram lugar a uma "horda" de adolescentes e crianças buscando as emoções de outros planetas, seres estranhos, muita ação e aventuras inimaginadas ao sabor de pipoca e refrigerante. O surgimento do blockbuster moderno na metade dos anos 70 encontrou no surgimento da MTV o complemento ideal para tornar a década de 80 o cenário ideal para filmes escapistas, muitos colocando os adolescentes como protagonistas. 

Nessa busca por novas emoções e atrativos ao público jovem, a técnica do filme em 3D foi retomada, mas usando uma tecnologia herdada dos anos 50, extremamente deficiente, com óculos desconfortáveis e resultados duvidosos. Nessa leva, "Tubarão 3" estreou em 1983 em 3D... e foi um imenso fracasso. Não só a tecnologia era ruim, mas o filme era MUITO ruim. No rastro do "Tubarão" de Spielberg vieram "Orca, a baleia assassina" em 1977 (uma mistura do filme de Spielberg com o clássico "Moby Dick", de Mellvile, que é até interessante em alguns aspectos) e "Piranha", de 1978 (cujo maior mérito é ter permitido o surgimento de James Cameron como diretor da horrenda continuação "Piranha 2 - Assassinas Voadoras” - sim, piranhas com asas). Aos poucos, os peixes assassinos deixaram de ser moda e passaram a surgir com menos frequência, até surgir a Asylum.....

Fundada em 1997, a Asylum é uma produtora "picareta" que fez fama lançando direto no mercado de home vídeo filmes com pouco orçamento e péssimos resultados. Na metade dos anos 2000, descobriu que poderia se dar bem aproveitando a ansiedade do público com grandes blockbusters que estavam por estrear na temporada. “Transformers" não havia estreado ainda em 2007, mas "Transmorphers", usando a mesma premissa (mas efeitos visuais milhões de dólares mais baratos) era lançado em DVD.  "10.000 DC", do diretor Rolland Emmerich, viu um concorrente chegar nas locadoras: a cópia chinfrim "100.000 DC". Até a Marvel foi alvo: quando "Thor" chegou aos cinemas, foi lançado em vídeo o risível "Almighty Thor", que parece ter sido feito nos anos 80. Os robôs de "Pacific Rim", de Guilherme Del Toro, tiveram a concorrência dos robôs de "Atlantic Rim", da Asylum.

Mas o grande achado foi a onda de filmes com monstros gigantes. Lulas, crocodilos, tubarões, cobras gigantes se enfrentando com efeitos de quinta. Mega Shark, Mecha Shark e cia. Lembrado pela série “Barrados no Baile” dos anos 90, Ian Ziering estrelou em 2013 “Sharknado”, filme sobre um tornado que, passando pelo oceano, arrastou centenas de tubarões e os fez voar sobre o continente, provocando uma matança sem limites (!!!!!!!!!!!!!!!!!). De tão tosco, fez sucesso e ganhou até continuações. A Warner provavelmente pensou nesse publico quando achou que poderia injetar dinheiro para fazer algo um pouco melhor, ainda que absurdo. Assim nasceu “The Meg” ou “Megatubarão”, em cartaz na cidade, sobre um gigantesco tubarão gigante que sobreviveu à extinção dos dinossauros e dá as caras no nosso tempo.

O mais irônico de tudo é que até mesmo o Megatubarão da Warner sofreu do mesmo mal de onde capitalizou seu público: a Asylum lançou, agora no começo do ano, “Megalodon”, sobre um.... tubarão gigante que ressurge do período cretáceo atacando no nosso tempo. Pimenta nos olhos dos outros não dói.....

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