OPINIÃO

História que se repetem

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Os jornalistas do JN Bonner e Renata, ao estilo Faustão, perguntam sem oferecer tempo aos entrevistados de concluir raciocínio ou resposta. Augusto Nunes, da Jovem Pan, calculou que, dos 27 minutos em que Geraldo Alckmin esteve sendo sabatinado, 15 minutos respondeu sobre corrupção em que seu partido está envolvido no estado de São Paulo. O jornalista calcula que sobre o mesmo tema e respeitando a proporcionalidade de tempo o candidato do PT Fernando Haddad deveria ser inquirido por 15 horas em resposta às bandalheiras de seu partido e que Lula deveria permanecer no ar por 15 dias.


O relacionamento do PSDB paulista de Alckmin com o mundo do crime estaria ligado com a historinha que vou descrever. O PCC (Primeiro Comando da Capital), facção criminosa dirigida dentro dos presídios (agora é moda no Brasil), foi criado dentro da cadeia em Taubaté, em 1993. No ano de 2010 Geraldo Alckmin pediu votos para Ney Santos, meliante que já tinha sido condenado por adulteração de combustíveis, enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e formação de quadrilha. Em 2012 um inquérito sobra colaboração de PMs e PCC foi arquivado. O PCC controla grandes áreas da cidade de São Paulo, cadeias, escolas de samba e tem bases no Paraguai e Bolívia.


Ney Santos estava solto através de um habeas do STF e resolveu que deveria ser prefeito da cidade de Embu das Artes (240 mil habitantes) mesmo sendo considerado chefe do tráfico de drogas na zona oeste de SP desde 1999, quando tinha 19 anos, idade em que já tinha sido condenado por formação de quadrilha após crime de assalto a um carro-forte. Em 4 anos de liberdade arrebatou fortuna de cem milhões de reais.


No ano de 2016 teve candidatura a prefeito de Embu impugnada pela Justiça Eleitoral com base na Lei de Ficha Limpa. Na eleição, com esse currículo de fazer inveja, teve o apoio de 79% dos votos – o pessoal do nosso país parece ter queda para meliantes – mas, a posse foi garantida no STF pelo ministro Marco Aurélio Mello; é, ele mesmo.


Após a tentativa de assassinato de um cartunista crítico a seu histórico e temendo ser condenado no julgamento de seu habeas, pediu licença da prefeitura e fugiu de avião para o Paraguai. Nem precisava, com os votos dos ministros Alexandre de Moraes (ex-filiado ao PSDB e ex-secretário de segurança de Alckmin) e de Marco Aurelio Mello (de novo) foi autorizado a reassumir o comando da prefeitura. É, 15 minutos foi tempo curto para Alckmin tentar passar a seus eleitores a sensação de que nada sabia a respeito de tudo isso.


As preocupações com o desemprego, educação, saúde, reformas tributárias e da previdência tendem ficar em segundo plano quando constatamos o aparelhamento das instituições com o submundo. Segurança e tráfico de drogas estão acabando com a Pindorama (Terra das Palmeiras) e arrastando o futuro de nossos filhos para esperanças de vida além-mar. E as instituições sofrem pesado golpe na luta contra o crime organizado que tenta eleger pessoas para cargos públicos.

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