OPINIÃO

Semana da Pátria

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A Semana da Pátria é uma oportunidade para olhar para o passado. É necessário recordar, estudar e aprofundar a história para compreender o presente e para projetar o futuro. Os cidadãos brasileiros são fruto de uma multiplicidade de origens étnicas e culturais, de nativos e imigrantes. Isto gerou um país de múltiplas faces, com elementos positivos e também muitos conflitos, muitos deles ainda não resolvidos. Este processo de formação da pátria brasileira foi relativamente rápido e continua acontecendo com a chegada diária de imigrantes.


A história de um país não se resume a alguns personagens e a alguns fatos coletados nos livros. É verdade que alguns acontecimentos são mais decisivos e envolvem pessoas que exerciam funções de liderança, mas não podem ser esquecidos os cidadãos anônimos e as comunidades locais ou municipais que contribuíram decisivamente. A valorização do local situa o cidadão dentro do país. Aquela parte faz parte do todo e o todo só existe por causa das partes. Valorizar o local é colocar os pés no chão.
Qual é a situação da nossa pátria no presente? Por que o Brasil está assim? De quem é a responsabilidade? Vive-se neste contexto real. Fazer uma análise de conjuntura que seja verdadeira e objetiva é uma tarefa extremamente desafiadora. Cada cidadão tem seu ponto de vista a partir do qual olha, julga e projeta o país. Mas, permanecer no próprio ponto de vista e não se abrir a outros pontos de vista fixa a pessoa numa visão restrita da realidade.


Temos que admitir que a situação do Brasil poderia e deveria ser muito melhor considerando a nossa história, os recursos culturais, naturais, econômicos, etc. Entre os maiores problemas existentes podem ser citados: a marginalização de uma multidão de brasileiros; a injusta desigualdade social; as diversas formas de violência; um deficiente sistema educacional; o limitado acesso à saúde; a manutenção legal de um pequeno grupo de privilegiados; a falta de reformas em estruturas que há muito tempo necessitam ser revistas.


Uma leitura adequada da realidade presente permite projetar o melhor possível para o amanhã. A quantidade de problemas a serem enfrentados não tem solução fácil, imediata, como também os recursos existentes são limitados. O ensinamento social da Igreja tem alguns princípios para a construção da sociedade. O primeiro e fundamental princípio que agrega todos os outros é “a dignidade da pessoa humana”. A pessoa humana é o centro e a finalidade de toda estrutura estatal, da política e da economia. Nenhuma pessoa pode ser instrumentalizada e nem ser diminuída em sua dignidade.


Da dignidade, unidade e igualdade de todas as pessoas derivam os outros princípios: bem comum, destinação universal dos bens, subsidiariedade, participação, solidariedade, caridade e os valores fundamentais da vida social: verdade, liberdade e justiça. Como existem diferentes leituras da realidade, assim também existem diferentes propostas de construção do país. Os princípios servem de norte para os planos a serem definidos, como também critério de avaliação da qualidade das propostas.


Informações verdadeiras sobre o país, como valor fundamental da vida social, é um direito de todos os cidadãos, mesmo que não sejam agradáveis de serem admitidas, porém são o começo da construção do futuro. Foi decepcionante ler a manchete numa coluna de jornal: “Candidato que falar toda verdade não se elege”. Tomara que não seja verdade.

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