A destruição do Museu Nacional do Rio de Janeiro serviu de alerta e acendeu o debate em torno da falta de investimento para conservação de prédios históricos que abrigam acervos, em todo o Brasil. Em Passo Fundo, boa parte da memória da cidade e região, está concentrada no Museu de Artes Visuais Ruth Schneider (MAVRS), e Histórico Regional (MHR). Ambos funcionam no mesmo prédio, construído em 1910, na avenida Brasil, centro.
Preocupado com a falta de um Plano de Prevenção contra Incêndio (PCCI), e outros problemas estruturais, o Ministério Público Estadual ingressou com uma ação na Justiça, no ano passado, solicitando a interdição do local. Autor da ação à época, o promotor Paulo Cirne, argumento que a "proibição de atividades com o público tinha como objetivo não sobrecarregar o sistema elétrico, até que seja regularizado, evitando, com isso, a ocorrência de sinistro". Na decisão liminar, a juíza Rossana Gelain destacou que “resta evidente o risco à integridade física ou à vida dos usuários do local”.
O Corpo de Bombeiros condicionou a liberação do alvará do prédio a partir da troca de toda a fiação no segundo andar. Para não fechar completamente o Museu, a alternativa foi interditar o acesso ao andar superior. A medida completa um ano e dois meses na próxima sexta-feira. As exposições foram retiradas das salas, mas um acervo de aproximadamente 700 peças permanece guardado no segundo andar.
De acordo com a secretaria de planejamento do município, Ana Paula Wickert, o material para substituição da rede já foi adquirido pela prefeitura. "Agora estamos definindo a contratação da mão de obra especializada. Todos os equipamentos foram desligados no andar superior para evitar sobrecarga. A intenção é concluir a obra ainda neste semestre", afirmou.
'Estamos de luto'
Coordenadora do MAVRS e museóloga, Tania Aimi ao comentar sobre a destruição do Museu Nacional do Rio de Janeiro, disse que o sentimento é de indignação. "Estamos de luto no Brasil. Não adianta lamentar. Precisamos buscar ações concretas. Políticas públicas para cuidar do patrimônio. Depois que se perde, não tem mais como recuperá-lo. Eram mais de 20 milhões de peças. Espécimes como a Luzia. Se gasta tanto dinheiro com estádios de futebol, com corrupção, com mordomias para políticos, e não cuidam do patrimônio. O sentimento é de indignação", desabafou.