OPINIÃO

Aparentemente

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Aparentemente o eleitorado (ou boa parte dele) cansou dos modelos históricos e pútridos dos partidos majoritários que comandaram a país nas duas últimas décadas. Cansou do MDB-PSDB-PT e aguarda algo novo ou menos viciado. O destino, se a gente acredita nele, colocou o meliante em cana (com ampla defesa contratada a peso de ouro com advogados caríssimos), esfaqueou o capitão que ainda luta pela sobrevivência, enquadrou Alckmin em sucessivos escândalos à cerca de irregularidades financeiras de seus companheiros de sigla, escorraça a estapafúrdia e impraticável ideia de Ciro de perdoar ou renegociar os devedores que estão com o nome sujo no SPC, postergou a indicação oficial de candidato do PT (até para proteger Haddad e sua inoperância) e ignora Meirelles. Os demais candidatos como Álvaro e Amoedo não seduzem.


Fernando Haddad (conhecido em São Paulo por “Jaiminho” – personagem do seriado Chaves, o carteiro que nada faz e está sempre cansado) tornou-se capacho do presidiário. Alckmin juntou as coligações que, aparentemente, grande parte do eleitorado quer deletar. Jair Bolsonaro emergiu de um partido nanico e o que ele representa? Representa a ruptura daquilo que é sempre o mesmo, ou seja, o não combate adequado à corrupção e ao crime organizado. Tem muita gente que acha que é esse o mote. Eduardo Jorge, vice de Marina, é um sujeito boa praça, daqueles de sentar num boteco e falar sobre os sonhos da juventude; médico com ideias claras, com trânsito histórico no PT (de onde vazou em 2003 ao se incompatibilizar com as ideias de Lula), trabalhou com Serra e Alckmin como secretário de saúde de São Paulo; também serviu a Luiza Erundina e Marta Suplicy. Sua entrevista na Jovem Pan desta sexta mostrou um cara simpático e equilibrado; tenho a impressão de que o foco dos entrevistadores se fixou muito na questão ambiental que é o que deverá por absoluta responsabilidade de todos ser o prisma para esse século em que deveremos castigar nosso planeta de forma mais irresponsável. Marina Silva encontrou bom nome para vice, se vai fazer a diferença e empurrar a Rede para o topo não se sabe.


As sabatinas erraram o foco ao abordar em Bolsonaro somente o período militar, torturas e Atos Institucionais; parece que somente isso interessa. Erraram o foco ao querer saber de Eduardo Jorge notícias sobre o PT, partido que abandonou há 15 anos. Erraram ao não focar pesado nos inúmeros escândalos financeiros da era PT. Erraram ao não bombardear o MDB pelo seu passado de apego exagerado ao poder e pela cumplicidade nas roubalheiras generalizadas. Erraram ao esquecer de perguntar ao candidato Alckmin sobre o provável loteamento dos vinte mil cargos que servem ao governo federal já que conta com a sigla inchada de composições.
A Veja de hoje estampa a tendência do eleitorado em confirmar Jair Bolsonaro e pergunta: quem vai com ele para o segundo turno (se é que vai ter segundo turno)? As entrevistas não conseguiram clarear o pensamento de grande parte do eleitorado porque os discursos ou são vazios e repetitivos ou são carregados de ressentimentos, pelo menos na aparência. Também aparentemente as pesquisas não são dignas de confiança. Quem viver, verá.

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