OPINIÃO

Só a força não resolve

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A correlação de força entre trabalho e capital deixou a legião de subordinados do Brasil muito fragilizados. O pensamento reacionário a qualquer medida de socorro à grande maioria do povo que sofre perdas materiais, como desemprego, firmou-se como marco doloroso na relação de cidadania. No cotejo de ações de repressão à violência o objeto visado é o morador da favela. O candidato Bolsonaro vem apresentando posicionamento estratégico simplista, longe de qualquer ênfase de alcance socializante. Seria uso da força como estratégia de guerra em campo minado. Tudo a ser resolvido na bala, perdida ou não! A implantação do medo, empurrando a população pobre, inclusive a grande maioria trabalhadora, para arrabaldes, até seus confins. Nenhuma palavra do contexto de cooperação e socorro com serviços de saneamento, escolas, saúde e necessidades básicas. Mesmo que o estado continue arrecadando muito. Nenhuma ideia concreta de cunho redistributivo. Tem-se a impressão de que a presença estatal completa consiste em sumários fuzilamentos de criminosos, ou supostos infratores. Fanático da ditadura recentemente superada no país, Bolsonaro arranca aplausos de uma elite delirante que generaliza a culpa pela turbulência social. O lado pobre como única mazela da violência. Antes do necessário diagnóstico de tantos problemas, antecipa julgamento sumário. É lógico que o contingente policialesco deve ser forte para combater o crime. A proposta de eliminação das causas de tantas diferenças dos meios de vida, esta não veio.

 

Quixotesco
A orquestração gestual alinha proposta de marketing que oscila entre o surreal e o quixotesco, como solução heroica. As manifestações machistas atrabiliárias e discriminatórias encontram a expectativa fechada de elites que querem proteger a própria situação de conforto. O ódio emergente acentua diferenças de poder. Maior gravidade é a ideia fixa em instrumentos de perseguição e tortura admitidos reiteradamente. O despautério fomenta a iniquidade no poder. É o perigo do ressurgimento de ódios ainda não cicatrizados que atentam contra a liberdade individual. O alvedrio repressor é perigoso embora sedutor a expressivo número de eleitores.

 

Fome do ouro
A Operação Lava Jato, felizmente, prossegue hirta buscando investigar focos endêmicos do crime organizado. A busca de punição para responsáveis pelo desvio do dinheiro público não pode parar. A avidez pelo dinheiro do crime, segundo observadores da psiquiatria, tem evidenciado sintomas de psicopatia em usurpadores do tesouro nacional. Vale relembrar o lamento milenar de Virgílio: “quid non mortalia perctora cogis, auri sacra fames” (a que não constranges os corações humanos, ó maldita fome de ouro!).

 

Ciro
Exceto as propostas esdrúxulas do candidato que lidera pesquisas, é de se admitir que as candidaturas presidenciáveis representem expectativa média do Brasil. A ministra Carmen Lúcia salientou que temos chão, sol, água e as pessoas para agir e recuperar muito. Não podemos dispensar a esperança. Ciro Gomes apresenta-se com experiência e conhecimento vitais. Seu palavreado disfêmico não deve chocar a opinião no afã de afastar a hipocrisia. Revela potencial de coragem para a reação aguardada.

 

São Vitor
O terror da escravidão estampa marcas históricas em todos os setores. São Francisco de Paula Vitor foi padre brasileiro, negro, nascido em 1827 que faleceu em 1905. O Papa Francisco reconheceu sua luta heroica em defesa da igualdade. Ele próprio foi discriminado por uma sociedade clerical que retardou sua ordenação. Lutou bravamente, até o fim de sua vida pela liberdade e proteção dos humildes. Morreu pobre cumprindo missão cristã.

 

Confraternizar
O Festival Internacional de Folclore de Passo Fundo materializa a iniciativa da ONU, após a guerra. É intenção de confraternizar e valorizar diferenças, na convergência humana dos povos. Ao incorporar essa índole de paz foi destacado mundialmente. A cidade é referência inclusiva. Ótimo!

 

Aperto
O preço do leite subiu 38% neste ano. O gás de cozinha disparou.
Processos
Dados da Justiça do Trabalho indicam queda de reclamatórias nos últimos sete meses em quase 40%. O desemprego não caiu.

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