A partir de segunda a UPF começa sua Semana do Conhecimento, que já se tornou tradição no segundo semestre (é a quinta edição) todos os anos, reunindo centenas de apresentações, oficinas, rodas de conversa, lançamentos de obras, trocas de ideias e discussões que promovem uma interação fluida entre tudo o que constitui a própria Universidade: graduação, pós-graduação, pesquisa e extensão. Alunos, professores e funcionários envolvem-se, durante três turnos e cinco dias, no que o próprio nome já antecipa: conhecimento. É padrão que Semana do Conhecimento use o cinema para servir de “gatilho” (muito cuidado com essa palavra nos dias de hoje) para discussões multidisciplinares, e a quinta edição não é diferente. A terça à noite prevê um CineDebate em torno do tema das desigualdades sociais. O ponto inicial das discussões é o ótimo “Que horas ela volta?” de Anna Muylaert, que muita gente já viu, mas que talvez possa rever a partir de diferentes olhares. Faço parte da mesa de discussões pós-exibição e vou tentar mostrar as estratégias audiovisuais usadas para tecer comentários sobre desigualdades sociais e a luta de classes no Brasil. O filme de Muylaert faz uso de movimentos de câmera, enquadramentos, encenação, repetições e padrões para constantemente expor sua visão sobre o tema. Quem parte dessa interpretação para deslanchar seu conhecimento sobre esses temas, então, serão os professores Glauco Ludwig Araújo e Clenir Maria Moretto. O CineDebate começa às19h20min da terça, no Centro de Eventos do Campus I. Todos convidados.
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Rezando para que o final de semana seja de sol, porque a Semana Passo Fundo de Cinema encerra, sábado e domingo, com atrações ao ar livre. Sábado, se tudo der certo, o Ginásio de Esportes do Bairro Záchia recebe a estrutura itinerante do SESC para exibições e terá como atração o filme O Menino da Porteira, a partir das 19h. No domingo, o SESC leva sua tela para exibir o ótimo “O Palhaço” (que baita filme) para o anfiteatro do Parque da Gare, a partir das 19h. Se o tempo permitir, chance de unir o útil ao agradável.
E um dos grandes momentos da semana reservado para o sábado à noite, no Rito Espaço Coletivo (rua Aníbal Bilhar, 900), é o bate papo com convidados virtuais sobre o panorama atual do cinema gaúcho e brasileiro. Os convidados são Paulo Mendonça, roteirista, compositor, diretor-geral do Canal Brasil e diretor vice-presidente da Academia Brasileira de Cinema e Beto Rodrigues, produtor e realizador de cinema, presidente da Fundação de Cinema do Rio Grande do Sul, que participam a partir do esforço da produtora Rafaela Pavin, que já trouxe para a Semana o filme “Esteros”, exibido no Cinematógrafo CineClube na última quarta-feira. Após o bate-papo, show Trilha de Filmes com a Big Band UPF.
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Está chegando aos cinemas “A Primeira Noite de Crime”, derivado de um filme lançado em 2013, “The Purge – Uma Noite de Crime” (que teve duas continuações e deu origem a uma série lançada no embalo do filme – ou o filme veio no embalo da série - há três semanas na Amazon Prime.) O filme é ruim, principalmente em comparação ao primeiro, que tem Ethan Hawke e trabalha um conceito bem diferente, em torno de uma família entrincheirada em casa contextualizando como sub-trama o quanto fingimos em nossas relações cotidianas. Lembro do filme porque o tema é atual: num tempo assumidamente próximo do nosso, o governo dos EUA institui uma noite de “expurgo” em que serviços policiais e de saúde não funcionam e tudo se torna legalizado, inclusive o assassinato, para que os cidadãos possam “expurgar” sua raiva e tornar o país melhor nos 364 dias restantes do ano. Obviamente milhares de cidadãos saem ás ruas fantasiados e armados para saciar sua sede de violência. A rima dessa série de filmes com os tempos que vivemos é assustadora, mas é uma pena que a opção dos produtores seja a de explorar a violência gráfica deixando as discussões morais em segundo plano, que poderiam render uma aproximação que justificasse mais a premissa mórbida, principalmente dos três filmes que se seguiram.