OPINIÃO

Igreja Universal eleitoral

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A onda de crescimento da candidatura de Bolsonaro parece propensa a alcançar movimento rápido, segundo as pesquisas. A imprensa comenta a adesão da bancada ruralista no Congresso Nacional. Entendemos que isso não é fenômeno, pois as pressões reducionistas às conquistas históricas do trabalhismo, a banalização da caminhada da consciência ecológica nas reservas florestais, redução de empregos, anteciparam ao líder conservador os primeiros impulsos. Não há novidade. A declaração aberta de apoio religioso do bispo Edir Macedo, da Igreja Universal, este sim define o surto. Esse comando tem sido decisivo e praticamente inabalável para o sucesso de Bolsonaro. Não se trata de ideologia política ou contexto social, mas é revoada de cunho teocrático, condicionada à formação de um poder estratégico. Não se trata de convencimento de opinião sociológica em estado laico, mas de determinação inelutável como inspiração espiritual e comando pastoril. As ações que misturam crenças próprias religiosas são transpostas ao campo político partidário. Este é o fenômeno, independente de méritos ou obsessões de crenças. É a tendência de adesão de voto canalizado coletivamente de forma messiânica. A igreja Universal é um poder na América. É só verificar a série em massa de torpedos contra o candidato Haddad, numa versão pragmática e alucinada que identifica a bandeira religiosa. E nem a lei eleitoral proíbe isso, ou outras versões de candidaturas contrárias. Dificilmente esta influência deixará de ser decisiva. O fator desequilibra as influências eleitorais.


Voz de Deus
É antiga a conotação política ligada à literatura através de expressões que atribuem à divindade o resultado dos acontecimentos. A história brasileira remanesce de uma tradicional ligação mantida até o final do século 19, quando a igreja Católica era vinculada ao estado. No senado romano o resultado eleitoral era recepcionado com expressões como “vox Populi, vox Dei”(a voz do povo é a voz de Deus), quando atendia expectativas dos senadores. Ao mesmo tempo usavam a expressão “vox populi, vox diaboli” (a voz do povo é a voz do diabo), surpreendidos com resultado contrário. Essa visão estranhamente antecede à necessidade gritante do trabalhador desempregado ou da criança fora da escola. São milhares de anos em que as pessoas, teleguiadas ou não, abdicam do enfrentamento direto com a realidade material da vida. É a omissão em relação ao indivíduo que torna as pessoas rebanho, mergulhando no marasmo. Os círculos fechados têm induzido a exclusões, embora a inspiração divina seja vertente de fraternidade. A voz de Deus não é ditada pelos humanos. Por isso, também, os ditadores não agradam a Deus. É complicado discutir política partidária misturada à religião.


Manipuladores
A história dos manipuladores da opinião pública não é recomendada ao longo da vida humana. Paracelso celebrizou a expressão: o mundo quer ser enganado, pois que o seja. É a falta de escrúpulo perigosíssima!

 

Saneamento
O jornal ON trouxe matéria sobre a qualidade de água de nossos rios e riachos. Os testes apontam resultados preocupantes. É alerta que fazemos com insistência sobre a necessidade de ativar sem limites as práticas de saneamento. Esgotos a céu aberto, córregos contaminados, é resultado de ausência de coleta e destinação dos dejetos. O rio é nosso espelho borrado de tudo o que não resolvemos num país com baixo índice de saneamento. A vontade de viver, respirar, ir e vir com condições de saúde continua uma aflição que oprime os pobres e atinge também os ricos.

Arbitrários
Cuidado com as mentes arbitrárias. A pregação da violência e ódio da discriminação ilude os que desejam a disciplina como virtude. Quem faz apologia da tortura agride corpo e alma do cidadão e tenta ludibriar a consciência humana.

 

Democracia
O resultado desta eleição presidencial é a grande incógnita. Mesmo sofrida, a democracia, a liberdade como conquista, que não venha a ser destruída. Resultado das urnas é a expressão de nossa gente.

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