OPINIÃO

Tendência é vitória de Bolsonaro

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As pesquisas indicavam a possibilidade de segundo turno nas eleições presidenciais confirmando a vantagem do candidato Bolsonaro sobre Haddad, o segundo colocado. Na verdade, o otimismo entre os seguidores do PSL fez crescer a expectativa de retumbante vitória no primeiro turno, enquanto despencavam os índices de candidatos de centro. A desatenção dessa euforia da extrema direita desconsiderou o desempenho forte do candidato do PDT, Ciro Gomes, em terceiro lugar. Restou, então, alguma frustração dos que acreditavam na vitória estrondosa que chegou a assombrar até a candidatura de Haddad. Por outro lado, a vantagem nítida, acima dos 40% dos votos válidos, apresenta-se como dificuldade de difícil superação para a decisão final do concorrente do PT. Sem dúvida, aparece como menos provável a reação de Haddad, que seria uma virada nas tendências. Impossível não é. Antes, improvável. Algumas circunstâncias podem oscilar entre o ponderável e imponderável. Então, é o segundo turno que vale como resultado das urnas. Sobre o ensejo estão esperanças de ambos os candidatos. A face do ódio esdrúxulo pode danificar qualquer dos lados.


Recuos
O marco histórico dos 30 anos da Constituição Federal e a informação sobre a crença popular no pacto de 1988 despertou os finalistas do pleito presidencial. Bolsonaro desautorizou a fala de seu vice que sugeria exacerbada medida em tonalidade golpista de alteração na carta magna. Haddad reconsiderou a ideia de alteração e esclareceu que José Dirceu (o infeliz) nem participa do núcleo de decisões de sua campanha, sendo dispensada sua opinião. As afirmações convergem para o estado democrático de direito. 

 

Vai pegar fogo
Reservadas as vantagens de colocação na arrancada ao primeiro colocado, o segundo turno cria uma vizinhança inédita de rotas na disputa. Diante de tanto combustível que anima o certame estabeleceu-se a divisão por uma parede muito próxima. Haverá fogo e vento veloz no andar das duas trilhas. O ódio mostra labaredas. A propósito, a expressão de Horácio alerta: “cuida das tuas coisas quando a parede do teu vizinho estiver pegando fogo” (“tua res agitur, parius cum próximus ardet”). Desncessário dizer que as coisas de cada um são as propostas. O fogo pode ter dois sentidos: a reação do povo contra determinada postura, ou o avanço alucinante do vizinho de disputa com proposta de aceitação inflamando o eleitorado. É fogo!

 

Ódio antigo

As graves manifestações conceituais contra o povo nordestino têm origem na catástrofe histórica da escravidão. A retórica socialmente trágica é estratégia comum de violação contra a fraternidade que descamba na discriminação. É deplorável sob qualquer pretexto, inclusive eleiçoeiro. Nordestino é povo valente e digno. Não merece o desprezo geográfico acintoso que vem ocorrendo. Além de tudo é provocação perigosa para o interesse eleitoral de quem a pratica delitos neste sentido.

 

Evolução
O conjunto de fatos acelera a necessidade de consciência democrática no fluxo das votações. Esse sentimento é evolução. Haddad insiste no tema e até Bolsonaro fala em democracia. Isso é bom!

 

Apelo fraco
Esperava-se um apelo mais forte do candidato que sofreu atentado a faca, em relação aos posicionamentos de violência. No seu caso teve unânime solidariedade humana dos demais candidatos que repudiaram a violência e até suspenderam a campanha. No caso do assassinato do mestre de capoeira Ronaldo da Costa, 63 anos, atacado (12 golpes de faca) por adepto de Bolsonaro, ao defender Haddad - o repúdio deveria ser também completo. Bolsonaro diz que não pode controlar seus seguidores. Usa meia força para reprimir, o que sabe por experiência ser muito grave.

 

Crepúsculos
Haddad busca ampliar o espectro participativo da campanha. O nome de Lula já lhe deu impulso eleitoral e agora se lança com seu próprio nome, desfazendo-se de incômodos. Bolsonaro ganha aliados para o segundo turno em São Paulo e no RS. Suspeitas contra seu guru Paulo Guedes pode ser fogo ou espinho, crepúsculos que vêm e que podem passar.

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