OPINIÃO

Nossa Senhora Aparecida, clamamos por paz!

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Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, coloca uma multidão a caminhar. Ficam mais visíveis os grandes santuários e romarias, porém, mesmo em números, os que se reúnem nas centenas de igrejas dedicadas a Nossa Senhora Aparecida no Brasil e pelo mundo afora, são muito mais numerosos. As motivações que movimentam os devotos são as mais variadas revelando as múltiplas facetas da existência humana. A seguinte música cantada no Brasil e em muitos lugares do mundo ajuda a compreender o Povo de Deus em movimento.


1. Pelas estradas da vida, nunca sozinho estás. Contigo pelo caminho, Santa Maria vai. /: Ó vem conosco vem caminhar, Santa Maria vem:/ 2. Se pelo mundo dos homens, sem conhecer-se vão. Não negues nunca tua mão, a quem te encontrar. 3. Mesmo que digam os homens, tu nada podes mudar. Lutas por um mundo novo, de unidade e paz. 4. Se parecer tua vida, inútil caminhar. Lembra que abres caminho, outros te seguirão.


O ensinamento da Igreja sobre a devoção mariana sempre foi muito claro. A dignidade e a grandeza de Maria provêm da sua fé. “Feliz aquela que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido!” (Lucas 1, 45). Da fé de Maria nasce a obediência à vontade de Deus, a aceitação da Palavra e das ações de Jesus, fazendo dela a discípula mais perfeita do Senhor. Maria se torna toda de Deus e personifica aqueles que se põem no seguimento tornando-se uma referência.


Maria é também toda do povo por sua origem pobre e simples. Os textos bíblicos no Novo Testamento viram nela a personificação do povo de Deus que caminhava nas promessas e na esperança de novos tempos. Deste modo, ela carrega em si as aspirações e desejos de vida em plenitude num mundo de contradições e sofrimentos.


Voltando ao canto, as duas primeiras estrofes expressam que não se faz o caminho de forma isolada, egoísta e nem sendo indiferente com quem está ao lado. Temos um ensinamento de geração de comunhão. Os devotos ao serem conduzidos a Jesus Cristo por Maria encontram nela uma ação de mãe que reúne e une. Faz as pessoas saírem da sua casa e colocarem-se a caminhar lado a lado gerando ocasiões para estender a mão e contemplar o rosto do outro.


A terceira estrofe injeta esperança e provoca a ajudar a construir um mundo de unidade e paz. Gera grande preocupação a divulgação de uma pesquisa relacionada com as eleições sobre o que se pensa do Brasil, entre os 3.240 entrevistados, mais de três quartos se manifestaram que estão inseguros, tristes, desanimados, com medo e raiva. Respostas, que à primeira vista, podem indicar que nada pode mudar. Para transformar algo é preciso, em primeiro lugar, alimentar a esperança. Esperança não é um sentimento vago, uma utopia ou algo irrealizável. Para sonhar com algo melhor é preciso ter os pés bem no chão, na dura realidade. A esperança não é fuga da realidade, mas atitude consciente de modificar a realidade por vislumbrar uma direção segura. O pessimismo não leva a nada.
A 38ª Romaria de Nossa Senhora Aparecida da Arquidiocese de Passo Fundo tem como lema “Aparecida, clamamos por paz”, seguindo a reflexão proposta pela Campanha da Fraternidade de 2018 da superação de todas as formas de violência através da oração, da fraternidade e da unidade. Sem dúvida a dura realidade da violência é fonte de tristeza. É urgente invocar o dom da paz. Maria possibilitou que Jesus “nossa paz” aquele que “derrubando o muro da inimizade que os separava” (Efésios 2,14) formasse um só povo. Jesus anunciou uma boa notícia para um mundo desanimado e Maria abraçou este ensinamento e, hoje, ajuda e alimenta os devotos a seguirem criativamente o mesmo Cristo que ela seguiu.

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