Logo na entrada do Portal de Linguagens da Universidade de Passo Fundo (UPF), os rústicos recortes em madeira cobertos por coloridas camadas de tinta e moldados pelas mãos da artista visual Ruth Schneider recepcionam o público que visita a nova exposição do Museu de Artes Visuais Ruth Schneider (MAVRS). Composta por cerca de 300 peças, sendo aproximadamente 80 delas pertencentes à artista passo-fundense que dá nome ao museu, “Gênese: a construção do acervo do MAVRS” é a primeira exposição do espaço nesta proporção. A visitação por parte do público do evento “Interação UPF” tem acontecido desde a última terça-feira (23). Para o público em geral, a abertura oficial está prevista para a próxima semana. A exposição fica disponível até o dia 16 de dezembro e a entrada é gratuita.
Integram a exposição pinturas, esculturas, desenhos e outros tipos de materiais que fazem parte do acervo inicial do museu, com exceção de cinco obras de Miriam Postal, deixadas em empréstimo e que estão no setor Educativo (um setor, dentro da exposição, destinado a interagir com o público infantil). “São obras que foram doadas na construção do museu por galerias, artistas amigos da Ruth e também algumas doadas posteriormente a nós. Nossa intenção é mostrar para a comunidade uma grande parte do acervo que a gente nunca conseguiu mostrar em conjunto por falta de espaço. Elas já haviam sido mostradas antes, mas somente de maneira individual”, explica a coordenadora do MAVRS e museóloga, Tania Aimi. “O nosso espaço no Centro é um espaço pequeno, a gente não consegue reunir e mostrar mais que 50 ou 60 obras. Ainda mais agora que ele está parcialmente interditado. Então quisemos aproveitar esse espaço do Portal e mostrar para a comunidade uma parte do nosso trabalho, porque temos mais de 1400 obras”.
A curadoria da exposição é da professora Luciane Campana, com a colaboração da coordenadora do curso de Artes Visuais, Mariane Loch Sbeghen, das professoras de Publicidade e Propaganda, Aline do Carmo e Fabiana Beltrami, alunos do curso de Artes Visuais e a própria equipe do museu.
O legado de Ruth Schneider
Embora não seja uma exposição dedicada exclusivamente à memória de Ruth Schneider, falecida em 2003, as obras da artista se destacam pela numerosidade dentre as demais. Foram justamente elas as responsáveis por motivar a criação do MAVRS, no ano de 1996, em razão de uma doação da própria artista de mais de 150 de suas obras. “A intenção era expor mais ou menos cem obras dela, mas tivemos que selecionar 80 em razão do espaço”, Aimi esclarece.
A obra artística da passo-fundense remete à história do Cassino da Maroca, antiga casa noturna localizada entre as ruas XV de Novembro e General Osório, que ganhou fama na década de 1940 por receber pessoas da alta sociedade de Passo Fundo e viajantes interessados em assistir aos shows, gastar um pouco do próprio dinheiro com jogos de azar e bailar com as belas meninas da Dona Maroca. Nascida em Passo Fundo em 1943, Ruth nunca chegou a frequentar o espaço, mas passou grande parte de sua infância ouvindo as histórias contadas por sua avó Aida, lavadeira responsável pela limpeza das roupas das meninas do Cassino, e por seu padrasto Antão, taxista e frequentador do local.