Jogada de mestre
A coluna ouviu algumas fontes sobre a confirmação de que o Juiz Sérgio Moro será o próximo Ministro da Justiça. Assim como no cenário nacional, há divisão sobre esta decisão, em Passo Fundo não poderia ser diferente, “Foi uma jogada de mestre levar o juiz federal Sérgio Moro para o superministério da Justiça”, diz o professor e historiador Antônio Kurtz Amantino, para quem o presidente eleito Jair Bolsonaro está demonstrando habilidade neste início da formação do governo. Em que pesem as reações contrárias, segundo ele, grande parte da opinião pública aplaude a decisão porque está cansada de ver tanta corrupção e Bolsonaro, “um homem tão malfalado, soube interpretar o espírito do tempo. A sociedade nao aguentava mais a polarização”. Para o professor, se a esquerda do Brasil não se modernizar e continuar com um discurso do século XIX, vai colecionar derrotas.
Técnico e não político
Cauteloso, o advogado Dárcio Vieira acredita que a Operação Lava Jato perde com a saída do Moro da Jurisdição da 13ª Vara Federal de Curitiba e que no sistema Presidencialista o cargo de ministro exige habilidade política. “Moro é um técnico da mais alta qualificação. Talvez ele não se sinta tão confortável num cargo político”, analisa. Dárcio acredita, no entanto, que a passagem pelo Ministério seja uma ponte para o STF a partir de 2019, quando o ministro Celso de Mello deve se aposentar.
Constrangimento
O professor da Faculdade de Direito da UPF, Alcindo Roque, acredita que, nas relações entre operadores do direito a aceitação vai criar constrangimentos e alimentar o discurso de que ele não se conduziu sem comprometimentos políticos. “Não é bom, neste momento, mas se tiver bom desempenho no ministério isso pode ficar tratado como não relevante, já que não é o primeiro juiz federal que opta carreira política e larga a magistratura”, diz.
Valorização
O advogado José Mello de Freitas, recebe a notícia como um reconhecimento ao Judiciário. “Antes de mais nada ele é um Juiz. Com todos os méritos pelo trabalho já feito. O importante é a intenção. Combater o estado lastimável em que nos encontramos por absoluta falta de credibilidade nas instituições”, acentua.
Comprometido
Para o advogado Júlio Pacheco, a confirmação do nome dele para o Ministério, com um acordo subjacente de assumir uma cadeira no STF nos próximos anos, revela o comprometimento dele não com a Justiça e o combate à corrupção, mas uma adesão a um grupo político que se beneficiou com a Lava Jato. “As denúncias quanto a absolvições de pessoas ligadas ao PSDB e partidos de oposição ao governo da ex-presidente Dilma mostram-se, no mínimo, como próximas de uma verdade. Sua ida ao governo é uma decisão questionável”, afirma.