OPINIÃO

Finados

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O dia de Finados não passa despercebido por trazer em pauta o tema da morte, também o tema da eternidade. São muitas as compreensões de morte: porque se morre? Como se deve conviver com ela? Como se portar diante dela? Ela tem algum sentido? Existe vida após? Enfim, perguntas não faltam. Ela “mexe” com quem encontrou respostas e com aqueles que a veem simplesmente um absurdo.


Finados estimula a fazer memória e a recordação dos falecidos. Mas quem provoca mesmo são as pessoas que foram próximas e bem conhecidas. Entre os inumeráveis falecidos da história da humanidade, somente alguns vem à nossa memória. Num cemitério grande se passa apressadamente diante de centenas de túmulos e se vai ao encontro daquele que nos levou lá. O falecido tem nome, tem história, tem afeto com o visitante. Não é um anônimo e não se quer que se torne anônimo. Grava-se o nome não só para identificar a sepultura. Enfeita-se o túmulo de forma personalizada porque o falecido foi diferente de todos os outros.


A morte não rompeu a comunhão do falecido com o vivo. Sim, a forma da relação mudou radicalmente, mas não foi impedida e nem interrompida. O que se passa em cada pessoa quando se aproxima da sepultura também é único. Pequenos fatos, gestos, palavras têm um valor existencial incalculável. Para quem olha de fora, certamente, grande parte daquelas recordações são sem significado. A forte dor inicial da ruptura vai se transformando em saudade, num imenso desejo de se reencontrar.


A visita ao cemitério faz lembrar que no fundo todos somos iguais. A aparência das sepulturas revela a diferença, o que está dentro contém a igualdade. Se durante a vida vivemos em classes sociais, diferentes profissões, desigualdade de oportunidade etc no morrer nos igualamos. A morte grita por uma maior igualdade entre os vivos, por maior humildade e ocupação com as coisas essenciais. Como diz o livro de Jó 1,21: “Nu, saí do ventre de minha mãe e nu, voltarei para lá”.


A morte nos ensina a fazer o bem e levar a vida a sério. Ela estimula e provoca a viver bem. O que permanece de eterno no mundo e que merece ser lembrado pelos vivos é o bem feito. Tempos, situações e oportunidades a vida proporciona constantemente para eternizar os vivos.


Finados remete à virtude teologal da esperança. A fé dos cristãos professa a ressurreição dos mortos. Aqueles que em Jesus Cristo viveram e morreram, Nele ressuscitarão. A certeza da morte entristece, mas a fé na ressurreição abre para a esperança da vida eterna, da imortalidade, de contemplar Deus face a face.


O dia de Finados foi estabelecido pela Igreja para não deixar no esquecimento os falecidos. Eles também são rapidamente esquecidos, tão brevemente lembrados quanto é breve a vida neste mundo de cada ser humano.


Pedimos a Deus pelos falecidos três coisas: o descanso, a luz e a paz. Descanso é o prêmio para quem trabalhou. O reino da luz é o Céu. E a paz é a recompensa para quem ajudou a construir um mundo melhor. Que nossos falecidos descansem em paz e a luz perpétua brilhe para eles. Amém.

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