Desde o início deste ano, a Associação de Pais e Amigos dos Surgos (Apas), está diminuindo o atendimento e as atividades oferecidas para a sociedade surda, em razão da falta de recursos. O principal problema é a dificuldade no pagamento da folha de oito funcinários, entre professores, intérpretes de libra, secretária e educador físico. Além disso, a Apas ainda tem as despesas com a estrutura da entidade.
A falta de recursos começou quando o novo edital lançado pela Prefeitura de Passo Fundo, definia apenas o atendimento às escolas municipais - estimulação em libras para escolas da educação infantil e aulas de libras para alunos surdos do ensino fundamental. “Isto significa menos trabalho do que nós fornecíamos até o ano passado, e vai muito além das nossas necessidade. Esse foi o nosso grande problema”, ressalta a presidente da Apas, Salete de Souza.
O pagamento feito para a Apas é de acordo com o númerode atendimentos realizados nas escolas municipais. Atualmente, são 15 alunos. A Prefeitura indica as escolas que possuem deficientes auditivos ou crianças surdas, e fica sob responsabilidade da Associação envolver as crianças e conversar com os responsáveis sobre os projetos desenvolvidos.
“Se as crianças que frequentam as aulas do ensino fundamental, por exemplo, também buscam auxílio na Apas, nós recebemos o recurso. Porém, elas não estão vindo até a nossa entidade, muitas vezes, pela dificuldade de locomoção até aqui, então o recurso que recebíamos diminuiu. Só que mesmo assim, nós temos que continuar pagando os profissionais, independente disto. Inclusive, para concorrer no edital, nós temos que ter esses profissionais. E aí que estamos tendo dificuldades”, explica a presidente. A Associação está deslocando estes profissionais para ir até as escolas e atender os alunos.
Além do edital definido pela Prefeitura, a Apas atente cerca de 150 pessoas de todo município. Segundo Salete, “o edital é muito aquém das nossas necessidades. Desde o princípio, nós não atendemos apenas os surdos das escolas municipais. A gente não atende um público, e sim uma comunidade”, disse. Até o ano passado, a Associação oferecia cursos de libras para os professores das escolas municipais. Sem os encargos sociais, a folha salarial varia em tornode R$ 9,5 mil por mês.
Atividades desenvolvidas
Um dos grandes focos trabalhados na Apas é o esporte. O time de futsal de surdos compete em todo estado. É desenvolvido também jogos de tabuleiro, contação de histórias em libras e um projeto de artesanato para mulheres surdas, em parceria com a Cáritas de Passo Fundo e profissionais voluntários. Com a Universidade de Passo Fundo (UPF), são desenvolvidos projetos com aulas e oficinas em libras, português, matemática, história e reforço escolar dos alunos. Além disso, a instituição oferece assistência aos familiares das pessoas com deficiência auditiva e suporte psicológico.
Secretarias da Prefeitura
Nesta ano, a entidade buscou auxílio de três secretarias da Prefeitura, explicando o trabalho desenvolvido. A Secretaria de Educação, já que a Apas preza a educação como primordial. A Secretaria de Cidadania e Assistência Social (SEMCAS), pois é uma Associação de defesa e garantia dos direitos. E também na Secretaria de Esporte e Lazer. De acordo com a presidente da Apas, até o momento não teve outros editais em outras áreas para concorrer e conseguir fundos para se manter. “Educação não é uma coisa que você consegue de um dia para outro. Tem que plantar e regar para que possamos colher no futuro. E é isto que estamos buscando acima de tudo”, disse.
Segundo o secretário da Semcas, Wilson Lill, a Prefeitura está ciente da situação. Através do Semcas, ocorre o pagamento do aluguel da sede da Apas, e através do Programa Apoiar e Compreender (PAC), há uma profissional para realizar o serviço de limpeza.
Como a comunidade pode auxiliar
A difculdade de manter as despesas da Apas e garantir os direitos das pessoas surdas está fazendo com que a Associação busque ajuda da comunidade, através das promoções. No sábado (10), será realizado um pedágio solidário, na esquina do Igaí com o Instituto Estadual Cecy Leite Costa. No dia 1º de dezembro, será feito um galeto com massa, na Igreja Sagrado Coração de Jesus, com valor de R$25,00 para duas pessoas. “Isto é para pagar um pouco das nossas dívidas. Esse ano, não é mais para melhorar a estrutura da entidade ou fazer uma viagem com os nossos usuários, mas sim pagar o salário dos nossos profissionais. Precisamos voltar a empoderar nossos usuários”, finaliza Salete.