As salvaguardas ideológicas do trabalhismo que demarcaram a fase humanística (da era Vargas) na relação capital e trabalho - começaram a perder terreno. O primeiro fator deu-se perante o choque social do desemprego. A rede politizada composta pelos órgãos sindicais vinha fragilizada pelo desmando e corrupções internas e nos movimentos ligados ao próprio Ministério do Trabalho. Neste momento, do desequilíbrio com menor oferta de vagas, o empregado passou a indigitado no custo de produção. A reforma trabalhista veio com apelo forçado pelo liberalismo montado em campanha fictícia de geração de empregos. O próprio Ministério do Trabalho, entregue a pessoas sem liderança e até pilantras de um governo frágil de Temer, permitiu o esvaecimento da aura trabalhista. Foram demissões em massa que sufocaram o clamor dos operários. Antes da autocrítica pela má gestão, ou atos indecorosos de grandes empresários, empregados foram demitidos e julgados culpados pela crise. E, agora, o presidente eleito, Bolsonaro, acena com a extinção do Ministério do Trabalho. Mesmo que recue momentaneamente, logo ali saberemos do desmonte de uma história libertária, das poucas em que o Estado funcionou como agente social.
Sérgio Moro
Qualquer conotação pejorativa que se queira impingir ao juiz Sérgio Moro, antes de assumir a pasta seria precipitada. Por certo não vai assumir o Ministério para defender Lula. Será subordinado a Bolsonaro, mas é jurista e não se imagina o juiz fora da Constituição. Seu aceno é severo para casos de invasões de propriedades, mas nada falou sobre o combate aos massacres de trabalhadores rurais. O questionamento é ideológico.
Sinal amarelo no Cairo
O presidente Bolsonaro tem adotado o modo de agir do presidente dos USA, Donald Trump. Já disse que vai revisar as leis ambientais, áreas de preservação, reservas indígenas, quilombolas etc. Os movimentos dos sem terra vão comer o pão que o diabo amassou. As iniciativas que denomina programáticas são no âmbito nacional. A mudança anunciada da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, no entanto, causou ruído maior que o esperado. O Egito cancelou inesperadamente compromisso diplomático com o Brasil, em princípio alegando alternação de agenda. O mundo já sabe que isso não é nada comum. E já se fala em boicote comercial. Semelhante ao Trump, Bolsonaro avisa que a mudança da embaixada não está decidida.
Retaliação
A primeira conversa com o representante chinês também foi marcada por advertência. Bolsonaro reclamou que a China tem investido demasiadamente em propriedades no Brasil. O representante do país continental que mais compra alimentos do Brasil saiu em silêncio. Bolsonaro chegou a encerrar subitamente uma entrevista coletiva, ante a insistência dos repórteres em saber sobre a questão da embaixada brasileira em Israel. Acontece que o Egito estaria pressionado por opiniões da ONU e pelos tantos conflitos em Jerusalém, dada à importância universal da Terra Santa para nações de religiões monoteístas – judaísmo, islamismo e cristianismo. E, principalmente, porque a Liga Árabe importa 45% da carne, principalmente o frango produzido no Brasil. A carne Halal mantém gigantesca estrutura que acompanha o abate e manuseio em frigoríficos exportadores do Brasil, seguindo preceitos do Islã. Qualquer retaliação terá enorme repercussão comercial. Tudo seria uma grande crise para produtores.
Imitar é pouco
Pelo que se viu, as iniciativas tomadas à imagem e semelhança de Trump, seja por imitação conservadora ou sabujice, carecem de estratégia.
Gás
É cada vez mais grave a repercussão do preço do gás de cozinha. Com o recente aumento de 8,5%. Grande parte das famílias já luta demais para conseguir comida. Se ficar mais caro para cozinhar é por falha de política pública humanitária. Não se trata de comunismo. Sem paranoia!
Venezuela
A fome, tanto na Venezuela, como em qualquer parte do planeta é o imponderável. O Brasil não precisa boicotar a Venezuela e pode lucrar fornecendo alimentos em troca de petróleo. Cuidado! Trump quer usar o Brasil numa intervenção.