Saul elabora proposta para ampliar os números de doadores de sangue e medula óssea

O Hemocentro conta com cerca de 30 doações de sangue ao dia

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Quem precisou de doações de sangue ou de medula óssea compreende a importância desses gestos. O problema é que, mesmo com o esforço diário dos hemocentros para atrair mais doadores, a oferta é baixa.

 

O Hemocentro Regional de Passo Fundo, por exemplo, conta com cerca de 30 doações de sangue ao dia, sendo que o número ideal para abastecer os 146 abrangidos pela instituição é o dobro. Aproximadamente 70% dessas doações não são provenientes de doadores regulares, mas para repor o estoque utilizado por algum conhecido que precisou de transfusão.

 

Para incentivar as pessoas, desde cedo, a quererem fazer parte da corrente de doações, o vereador Saul Spinelli (PSB) elaborou um Projeto de Lei que fomenta a realização de campanhas dentro das escolas. Conforme a proposta, o poder público deve buscar o apoio de empresas e da sociedade civil para a organização de cursos e palestras acerca do assunto. “O projeto foi construído com base na necessidade de uma mudança cultural que torne o assunto mais relevante no nosso dia a dia, impactando na sensibilização dos jovens”, destacou o parlamentar.

 

Como o foco é instruir os estudantes sobre o funcionamento e o impacto das doações, já que elas são permitidas somente após os 18 anos, a iniciativa recebeu o nome de Doadores do Amanhã. “Temos bons resultados com outras campanhas realizadas com crianças e adolescentes, como as em favor da educação para o trânsito e do meio ambiente. Eles vão preparados para o futuro”, justificou o parlamentar.

 

Para a coordenadora do Setor de Captação e Vínculo de Doadores do Hemocentro Regional, Alexandra Mazzoca, a mobilização dos jovens é essencial, uma vez que as mudanças na legislação trouxeram mais normas ao processo de doação, afastando possíveis interessados. “Mais de 60% dos nossos doadores têm entre 30 e 65 anos. São pessoas que já doavam regularmente. Precisamos aumentar o número do público mais jovem, de 18 a 29 anos, para que consigamos expandir os estoques”, avaliou.

 

Segundo ela, o que torna ainda mais importante a conscientização local é o fato de que grande parte dos doadores regulares vem de outros municípios. “O Hemocentro fica em Passo Fundo. Por ser perto, os passo-fundenses sempre acabam deixando para doar outra hora e o tempo acaba passando”, descreve.

 

O projeto define que as atividades sejam intensificadas na semana do dia 25 de dezembro, marcado como Dia Nacional do Doador Voluntário de Sangue. Saul reforça que o objetivo é que os alunos também levem para casa o conhecimento apreendido, estimulando seus pais e demais pessoas do seu convívio a participarem das ações.

 

Doação de medula

O Brasil é o terceiro país com o maior número de pessoas cadastradas para a doação de medula no mundo. O dado, no entanto, não é suficiente para garantir transplantes. Isso porque imagina-se que, a cada 10 mil pessoas registradas, apenas uma será doadora. A probabilidade de encontrar alguém compatível fora da família é pequena, ainda mais em se tratando de um país miscigenado.

 

O banco de dados do Hemocentro Regional de Passo Fundo conta com mais de 30 mil doadores. A instituição alerta que, embora seja um índice relevante, existe a carência de doadores negros e indígenas. “Nós conseguimos atingir as metas da população de etnia branca, mas precisamos aproximar esses outros dois públicos”, acrescentou.

 

Cabe ressaltar que existe um outro fator que pede a atenção da sociedade por inviabilizar as doações: a não atualização do cadastro. Para que haja o estudo de compatibilidades, o Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome) é cruzado com o Registro Nacional de Receptores de Medula Óssea (Rereme). Caso as informações do doador não acompanhem as trocas de endereço e telefone, por exemplo, ele não será localizado. “Temos de estar sempre falando sobre a atualização do cadastro. As chances de compatibilidade são pequenas e precisamos garantir que, quando surge a possibilidade de doação, consigamos encontrar um doador”, declarou.

 

De acordo com Saul, compreender a realidade das doações, tanto de sangue quanto de medula, é fundamental para que as campanhas sejam focadas e efetivas. “É preciso planejar ações para assegurar, além de um número suficiente de doadores, que eles permaneçam à disposição”, defendeu.

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