OPINIÃO

Escravidão ainda é dor

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Não é em tom de amargura que pretendemos aludir aos três séculos de horror da escravidão. É de dor por sabermos quanto sangue foi derramado pela atrocidade, extermínio físico e psicológico. Negros e negras em holocausto no massacre renitente sustentado pela nossa oligarquia podre. Grande parte dessas pessoas escravizadas, cruelmente arrancadas de suas aldeias onde viviam felizes, com saúde e liberdade na costa africana. “...são os filhos do deserto/ onde a terra esposa a luz./Onde voa em campo aberto a tribo dos homens nus/...Homens simples fortes, bravos.../... Lá nas areias infindas/ das palmeiras do país/ nasceram – crianças lindas/ viveram - moças gentis” (Castro Alves). Essa maldição de extermínio étnico mantida pelas oligarquias no poder, destruía o corpo e a alma dos africanos e descendentes escravizados. Alguns eram reis e príncipes em suas terras de muitas riquezas. Nos grilhões, homens, crianças e mulheres. No Brasil, sob a égide do tráfico e senhorio das grandes propriedades, com aval do estado e de igreja eram entregues ao extremo ultraje, pelo lucro dos soberbos. É inevitável a indignação que não se pode encobrir com a omissão. Foram efeitos prolongados da tirania que se estendeu após a abolição da escravatura em 13 de maio de 1888. Até a covardia de um parlamento conivente com a injustiça social, mutatis mutandis repete-se nos dias de hoje.

 

Novos tempos
A bravura e inteligência de Zumbi dos Palmares, tendo a seu lado a esposa Dandara, são capítulos dramáticos na busca da liberdade dos negros escravizados. Essa e outras tantas epopeias de dignidade de nossa história foram sufocados pelo sistema de poder. Muitos heróis negros emancipacionistas deram suas vidas pelo Brasil. O amor que cultivamos por uma pátria livre, para todas as raças, nasceu e ainda cresce graças à luta de negros heróis. Ninguém mais do que eles deu o sangue e suor por esta terra.
Pérolas negras

 

O Canal Brasil (150 da Net) terá programação liderada por Lázaro Ramos e brilhante equipe de produção alusiva aos 20 de novembro, lembrando a luta pela liberdade. É para o cidadão abrir o cérebro e o coração, com o roteiro de Pérolas Negras.

 

O Tigre da Abolição

José do Patrocínio lutou pela liberdade e justiça social. O Tigre da Abolição rugiu sua verve na tribuna. Parlamentar fiel, herói verdadeiro morreu na pobreza, perseguido por poderosos corruptos.



Queda previsível
A derrocada eleitoral do governo de esquerda, sob a liderança de Lula, há muito está fora da caixa preta dos resultados desastrosos. O PT acendeu esperanças inflamando segmentos partidários do pensamento socialmente responsável. A classe média optou por posição avançada e confiável no trato da coisa pública. Foi aí que, como descreve resumidamente a deputada Luciana Genro do PSOL, a corrupção dilapidou o modelo. Todos sabiam que partidos tradicionais como, PMDB, PSDB e PP, atingiam níveis de corrupção em níveis insuportáveis. Do PT esperava-se muito, inclusive uma virada implacável. O conjunto de práticas no enfrentamento da pobreza foi plataforma de políticas públicas vistas no Brasil e todo mundo como evidente avanço. A sequência de fraudes e o escândalo na Petrobras precipitaram a desconfiança que levou muitos líderes petistas aos tribunais. A surpresa com o desmando não pesou sobre os demais partidos, apenas em relação ao PT, de quem se esperava retidão. Algumas instâncias de dignidade humana, no entanto, foram estabelecidas nos primeiros anos de Lula e Dilma, como a igualdade de direito de minorias e à multidão brasileira de descendentes afros. Muitos avanços que não terão retrocesso. A alternativa Bolsonaro tornou-se o antolho da classe média influente em nome de uma justificável necessidade de combate ao crime organizado no poder. Ainda se ouve lamento de pessoas que votaram em Bolsonaro apenas para tentar devolver seriedade aos cofres públicos. Ele, afinal, é o presidente, com a democracia que persiste indispensável no contexto político. A dúvida sobre sua mentalidade totalitária persiste.

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