Os profissionais cubanos que fazem parte do programa Mais Médicos, e estavam atendendo nos postos de saúde, já não estão mais realizando as consultas em Passo Fundo. A primeira orientação do governo cubano foi para os médicos encerrarem as atividades imediatamente e aguardar os bilhetes das passagens aéreas de volta para o país.
No município, eram quatro médicas cubanas que atuavam no Ambulatório Centenário e no Estratégias de Saúde da Família (ESF) - São Cristovão, Adolfo Grotti e Planaltina. Os postos de saúde agora não estão realizando consultas, e devem alternar entre médicos de 20 horas ou professores acompanhados de alunos das faculdades de medicina. "A gente vai tentar remanejar ou dividir carga horária para auxiliar nessas unidades", explica a secretária de saúde, Carla Gonçalves. As substituições serão feitas por médicos brasileiros que estão no cadastro anterior, até o dia 7 de dezembro, de acordo com o Ministério da Saúde. O edital foi publicado nesta terça-feira (20).
Em torno de dois mil municípios brasileiros, havia médicos cubanos. "É um impacto enorme, ainda mais em locais que são de difícil acesso e de uma hora para outra. Não é fácil que alguém queira ir para esses locais. Com a saída dos cubanos, alguns locais vão ficar sem médicos. As profissionais que ficaram conosco por quase quatro anos, são pessoas que têm uma formação bastante precisa para atender e trabalhar nesta função básica de saúde. Elas fizeram vínculos com a comunidade e infelizmente estão indo embora nesse momento", finaliza Carla.
Edital
A publicação ocorre no dia seguinte ao anúncio do Ministério da Justiça de que serão ofertadas 8.517 vagas para atuação em 2.824 municípios e 34 áreas indígenas, antes ocupadas por médicos cubanos.
Inicialmente, estão abertas vagas para os médicos brasileiros com inscrição no Conselho Regional de Medicina (CRM) ou com diploma revalidado no país.Para os médicos que trabalharão em áreas indígenas, haverá escalas das Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena (EMSI), cuja permanência no território poderá ocorrer por períodos de 32 horas semanais - 10, 15 e até 30 dias.
Os profissionais selecionados receberão salário de R$ 11.865,60 por 36 meses, com possibilidade de prorrogação. As atividades dos médicos incluem oito horas acadêmicas teóricas e 32 em unidades básicas de saúde.
Como há vagas em áreas distantes, será repassada ajuda de custo para o médico que solicitar. Além do requerimento, o profissional deverá anexar comprovantes de residência no local. A previsão é de que um grupo comece a trabalhar no próximo dia 3 de dezembro.
Nesta segunda-feira (19) o ministro da Saúde, Gilberto Occhi, disse que a preocupação é garantir a chegada imediata dos profissionais nos locais em que haverá vagas.
Histórico
Em abril deste ano, o Ministério da Saúde confirmou a suspensão do envio de 710 profissionais cubanos ao Brasil para trabalhar no programa Mais Médicos. Na ocasião, o então ministro da Saúde, Ricardo Barros, disse que a iniciativa não prejudicaria o país. Segundo Barros, o governo cubano tinha a previsão de reduzir de 11,4 mil para 7,4 mil médicos de Cuba no período de três anos. De acordo com ele, as substituições serão feitas por médicos brasileiros que estão no cadastro anterior. Anteriormente, a previsão era de o Brasil receber de 3 mil a 4 mil profissionais cubanos este ano. Atualmente, conforme dados do ministério, o programa tem 18.240 médicos trabalhando em 4.058 municípios e 34 distritos sanitários especiais indígenas.