OPINIÃO

Fatos 28.11.2018

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A bandeira do Império

O vereador Mateus Wesp, eleito deputado estadual pelo PSDB, já é conhecido por aparições em público com a bandeira do Império. Ele a mantém em local de destaque no seu gabinete na Câmara e pretende levá-la para a Assembleia Legislativa. Costuma usá-la em atos públicos. Tem convicções próprias sobre o Império. Ontem, questionado pela colunista das razões pelas quais costuma usar este símbolo, disse que, “como todos sabemos, cada um carrega as bandeiras daquilo que admira. O Império Brasileiro é admirável por uma série de fatores, dentre os quais se inclui o parlamentarismo (à época, o Poder Moderador impunha uma verdadeira alternância de poder entre os dois partidos, a fim de que oligarquia nenhuma se eternizasse no poder)”. Num texto longo, que não cabe neste espaço, passou seu entendimento. A íntegra do conteúdo pode ser acessada na versão digital do jornal www.onacional.com.br.

Ética

O que vimos na Câmara de Vereadores, na segunda-feira, depois da votação do projeto que alterou o texto do Plano Municipal de Educação foi muito mais do que uma simples manifestação de admiração de um de seus pares. Ao comemorarem o resultado da votação, vários vereadores posaram ao lado da bandeira do Império em ato de reverência. A saber, o Brasil é uma República e não uma Monarquia. Nossos símbolos são outros e os vereadores, como agentes legítimos da representação popular, jamais poderiam ter protagonizado uma cena desta natureza.  

Desrespeito

A colunista consultou juristas a respeito do caso. Não há ilegalidade no ato, mas flagrante desrespeito aos símbolos oficiais (do município, do Estado e do Brasil) e, ao ambiente que, embora, abrigue os detentores de mandato, é público, é do povo e deve respeitar a pluralidade democrática imposta pelo atual regime. No mínimo, a atitude, que foi de um grupo, deve ser questionada do ponto de vista ético.

Os memes

É claro que a rede não perdoou. Bastaram poucas horas para a foto virar meme na Internet. Viralizou e as mais variadas versões circulam pelas redes sociais. Reproduzo aqui a que me pareceu mais simbólica. Passo Fundo, uma cidade conhecida pelo cultivo das tradições gaúcha, agora também ganha um reduto imperial  

Escala fim de ano

Reunião entre Sindicatos do Comércio e Lojistas no Ministério do Trabalho, ontem, definiu ampliar o prazo para que empresários entreguem a escala de trabalho para o fim do ano, do dia 30 para 5 de dezembro. Ratificou-se o valor da convenção. Isso significa que os lojistas precisam passar a escala de trabalho, sob pena de sofrerem multas. A contribuição sindical é outro assunto. Lojista que não contribui com o sindicato e não entregar a escola estará sujeito a fiscalização e multa.

 

Íntegra do texto enviado pelo vereador Mateus Wesp, em resposta à colunista

"Como todos sabemos, cada um carrega as bandeiras daquilo que admira. O Império Brasileiro é admirável por uma série de fatores, dentre os quais se inclui o parlamentarismo (à época, o Poder Moderador impunha uma verdadeira alternância de poder entre os dois partidos, a fim de que oligarquia nenhuma se eternizasse no poder). Neste sentido, a luta parlamentarista no período pós-1889 foi travada por aqueles simpatizantes da monarquia, como Gaspar Silveira Martins (provável primeiro-ministro, caso não houvesse o golpe), cuja ação deu origem ao Partido Federalista. Essa tradição republicana que é também a do Partido Libertador foi oposição à centralização autoritária do Castilhismo e do Getulismo (que muito se parece com o Lulismo).

Além disso, o império foi uma época de grandes personalidades, como o próprio imperador D. Pedro II (um polímata, que se recusava a aumentar os próprios vencimentos e morreu pobre, no exílio) e da Princesa Isabel (que deu o trono pela libertação dos escravos, e cujo processo de canonização está em curso), além de figuras como Joaquim Nabuco, Machado de Assis e os irmãos Rebouças, que também eram apoiadores da monarquia. O próprio Rui Barbosa, que apoiou o golpe, arrependeu-se amargamente ao descobrir que sua Constituição de Papel e seu dinheiro de papel nada eram contra a força bruta das elites oligárquicas locais, e lamentou haver apoiado a "república". Na verdade, parafraseando o pesquisador Christian Lynch, podemos dizer que o Império é que era república. A "república" era apenas um ringue de combate das oligarquias locais entre si, tanto é que deu no que deu, na ascensão de um caudilho, de um "novo monarca", ao poder."

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