Depois de 50 anos de atuação no Tribunal do Júri, seja como advogado de defesa ou como assistente à acusação; de ser reconhecido como empresário bem-sucedido, sócio proprietário da concessionária da estação rodoviária de Passo Fundo, presidente da Associação Comercial de Passo Fundo e dirigente do respeitável escritório de advocacia Jabs Paim Bandeira & Advogados Associados; de ter se destacado como ativista cultural, comandante dos Cavaleiros do Mercosul e responsável pela encenação do espetáculo Batalha do Pulador; de ter atuado politicamente, como vereador, eleito pela ARENA na legislatura 1973 a 1977; de ter escritos livros, Trezentos dias de defesa (1987), Fazendo amor falado (2002) e Batalha do Pulador: História & Encenação (2006), apenas como exemplos; de ter criado filhos, Jabs Duarte Bandeira (in memoriam), Fabrício Duarte Bandeira, Daniel Duarte Bandeira e Cassiano Paim Bandeira; e, muito provavelmente, plantado árvores, não é surpresa para ninguém, que um homem, consciente de já possuir mais passado do que futuro, ponha-se a ditar testamento. Pois, não há definição melhor, no meu entendimento, do que Testamento Intelectual, no sentido de legado deixado por alguém, para esse livro – Memórias de um Criminalista: Casos& Histórias –, que ora nos brinda o advogado Jabs Paim Bandeira.
Memórias de um Criminalista: Casos & Histórias é uma espécie de antologia dos melhores momentos vividos, envergando a toga de advogado, por Jabs Paim Bandeira. E é uma antologia no sentido estrito do termo, uma vez que, nela, são coligidos por esse notório operador do Direito, textos, de lavra própria, sobre os julgamentos de alguns dos mais rumorosos crimes que abalaram Passo Fundo, a região, o Rio Grande do Sul ou, até mesmo, todo o País; nos últimos 50 anos.
Nas páginas desse livro, são dessecados, em detalhes, os casos que Jabs Paim Bandeira atuou diligentemente. São exemplos, entre tantos: o crime da leitaria, que tinha relação com a terrível e sanguinária quadrilha dos “Irmãos Campos”; o assassinato do advogado Júlio César Serrano, em 11 de janeiro de 2005, no município de Soledade; e as degolas da arquiteta Neusa Maldaner e sua secretáriaRosane Sacomori, em9 de março de 2001, na Galeria Central, em Passo Fundo. Ou o inusitado desfecho de um crime ambiental, após nota do colunista social Roberto Gigante, quemencionavaum jantar, no Ritter Hotel,em Porto Alegre, em 1987, cujo prato principal seria um tatu na farofa, trazido de Santa Maria. O recurso provido foi de que não fosse apreendido todo o tatu, mas apenas as patas e o rabo do bicho, que acabou mesmo sendo degustado pelos comensais.
Jabs Paim Bandeira deixa lições valiosas para quem, no exercício da advocacia, por ventura, queira; seja como defensor ou como assistente à acusação, construir uma carreira como criminalista. Acima de tudo, realça o respeito que merecem as partes envolvidas, culpadas ou inocentes, uma vez que, até mesmo o mais hediondo dos criminosos, tem o direito a uma sentença justa ou, por mais cinismo que aparente, merece o direito de ser castigado para ser redimido. Que lástima, por um lado, que muitos profissionais do Direito não puderam ter sido beneficiados antes por esse legado deixado por Jabs Paim Bandeira!
Eis um livro admirável; uma vez que não se trata, como outros tantos, de apenas mais um livro escrito por um advogado criminalista. Esse volume foi construído com esmero de ourives por Jabs Paim Bandeira, ao longo dos últimos 50 anos, página a página, em cada petição, em cada recurso, em cada peça de acusação ou em cada pedido de absolvição, ao deixar patente aos leitores que, mais do que lavrava documentos ou atuava no Tribunal do Júri, ele vivenciava experiências.
CONVITE -Prestigie, nesse sábado (1º de dezembro), às 14h, na sede da Academia Passo-Fundense de Letras (Av. Brasil Oeste, 792), o lançamento do livro do advogado Luís Marcelo Algarve:DIREITOS AUTORAIS E GHOSTWRITER: O Caso “O Doce Veneno do Escorpião” à Luz das Doutrinas do Droit d’Auteur e do Copyright.