O dia 1º de dezembro marca o Dia Mundial de Luta Contra a Aids. Embora a taxa de detecção de Aids no Rio Grande do Sul apresentou redução progressiva nos últimos dez anos, o Estado ainda ocupa a terceira posição no ranking dos estados brasileiros com maior incidência. Em Passo Fundo a situação também é alarmante. O município também registrou uma queda, e já não está entre as 100 cidades brasileiras com maior número de indivíduos portadores de HIV. A informação faz parte do novo boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde esta semana.
Conforme dados da Secretaria de Saúde de Passo Fundo, a diminuição se deve às ações de prevenção. Só nos últimos quatro anos houve uma queda de 16% dos casos e da mortalidade. Porém, percebe-se que a população mais jovem não está preocupada em se prevenir. Há uma banalização a respeito da AIDS. Um dos motivos é o tratamento que trouxe grande avanço na qualidade de vida dos portadores do vírus. No boletim epidemiológico de 2016, Passo Fundo ocupava o 34º lugar dos municípios do Brasil com maior número de casos de AIDS, já no boletim de 2017 ocupou o 59º lugar e em 2018 não aparece mais entre os 100 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes com maior número de casos.
No Estado
O Rio Grande do Sul passou de 46,1 novos casos por 100 mil habitantes em 2007 para 29,4 em 2017, o que representa queda de 36,2%. Os dados foram divulgados pelo Ministério da Saúde (MS) nesta semana, em alusão ao Dia Mundial de Luta contra a Aids. Conforme a Secretaria da Saúde (SES), o RS apresenta uma taxa superior à do Brasil (18,3 casos/100 mil habitantes), sendo a terceira mais elevada do país, atrás apenas de Roraima com 36,8, e do Amapá com 29,8 casos/100 mil habitantes.
Gestantes
A taxa de detecção de gestantes com HIV no Brasil apresentou tendência de aumento, sendo de 2,8 casos para cada mil nascidos vivos em 2017. O RS ocupa o 1º lugar no ranking dos estados com a maior taxa de detecção, com 9,5 casos para cada mil nascidos vivos.
No Brasil, no período de 2007 a 2017, foi possível observar uma redução na taxa em crianças menores de cinco anos, chegando a 2,0/100.000 habitantes em 2017. No RS, essas taxas vêm oscilando ano a ano, porém com tendência de declínio, passando de 13,1 casos por 100 mil habitantes em 2007 para 6,0/100 mil habitantes em 2017, o que corresponde a uma queda de 54,2%. Porto Alegre, apesar da tendência de declínio, segue sendo a capital com a maior taxa no país (12,9/100 mil habitantes em 2017).
O tratamento oportuno e adequado das gestantes infectadas pelo HIV evita a transmissão vertical e consequentemente diminui o número em crianças. A adoção de todas as medidas de profilaxia, desde o pré-natal até o parto e nascimento, pode reduzir as chances de transmissão vertical para menos de 1%. A iniciativa estadual de adotar em caráter obrigatório a testagem do HIV em todas as gestantes e parturientes, independentemente do número de testagens anteriores, resultou no aumento expressivo da cobertura, principalmente em instituições privadas e conveniadas, passando de 83% em 2013 para 97,2% em 2017. Essas ações contribuíram para o aumento do número de gestantes com diagnóstico conhecido.
Mortalidade
No Brasil, o coeficiente de mortalidade padronizado por Aids no período de 2007 a 2017 apresentou uma queda, passando de 5,6 para 4,8 óbitos/100 mil habitantes. Na Região Sul, o mesmo fato se repete, tendo o coeficiente passado de 8,0 para 6,4 óbitos/100 mil habitantes. No RS, a mortalidade por Aids tem sido quase o dobro da mortalidade no Brasil nos últimos anos. Porém, é possível observar um declínio de 21,7% na mortalidade no estado, passando de 11,5 em 2007 para 9,0 óbitos/100 mil habitantes em 2017. Na capital, apesar da redução da mortalidade nos últimos anos, é possível verificar que Porto Alegre apresenta o maior coeficiente entre as capitais brasileiras em 2017, sendo de 24,2 óbitos/100 mil habitantes.
Os dados do boletim epidemiológico apontam redução da taxa de detecção na população em geral e em menores de cinco anos e queda na mortalidade ao longo dos últimos anos. Apesar dos avanços, o RS ainda apresenta a terceira taxa de detecção mais elevada entre os estados brasileiros. Atualmente, aproximadamente 59.600 pessoas fazem uso de terapia antirretroviral no estado.
Prevenção e diagnóstico
Para fazer frente a este desafio, o Rio Grande do Sul vem investindo em ações de prevenção combinada, enquanto estratégia de combate e controle da epidemia. Entre as diferentes tecnologias de prevenção, destaca-se a PEP (Profilaxia Pós-Exposição ao HIV), que consiste no uso de antirretrovirais em até 72h após uma possível exposição ao vírus, com objetivo de evitar a infecção. Outra opção de prevenção, destinada a subgrupos populacionais específicos, é a PREP (Profilaxia Pré-Exposição), que consiste no uso continuado de antirretrovirais por pessoas soronegativas.
A Atenção Básica tem sido o espaço prioritário de oferta de testagem para HIV, Sífilis e Hepatites Virais, considerando o papel fundamental das unidades de saúde nas comunidades. Atualmente, 391 (98%) dos municípios gaúchos oferecem testagem para essas infecções na Atenção Básica.